Importador da marca chinesa aposta em cinco modelos a eletricidade — dirigimos o 20 e o 40 para saber o que esperar deles
Texto: Wagner Gonzalez – Fotos: divulgação
Pegando carona no megamercado chinês de carros elétricos, o grupo SHC apresentou três dos cinco modelos a eletricidade que começa a vender, paulatinamente, no Brasil a partir desta semana. Enquanto o iEV 40 (Intelligent Electric Vehicle), derivado do T40 e com preço sugerido de R$ 154 mil, já está disponível para entrega, as primeiras unidades do iEV 20, correspondente ao antigo J2 e fixado em R$ 120 mil, chegam em janeiro.
A picape média iEV 330 P (R$ 229.900), com capacidade para 800 kg de carga, desembarca no Brasil só em abril do ano que vem. Antes dela, em novembro, chega o caminhão iEC 1200 T (R$ 259.900), capaz de transportar até seis toneladas e enquadrado como Veículo Urbano de Carga (VUC). Depois, o utilitário esporte médio iEV 60 (R$ 198.900), do porte aproximado do Jeep Compass, estará à venda em julho (conheça esses modelos). Todos já podem ser reservados.
Os preços dos modelos lançados pode assustar diante de carros a combustão ou híbridos. Embora a concorrência não fique atrás (o Renault Zoe é oferecido por R$ 150 mil e o Nissan Leaf por R$ 195 mil), são mesmo valores salgados, sobretudo, para quem leva em consideração o tamanho e o desempenho dos elétricos chineses. Mais, a autonomia de até 400 quilômetros para o iEV 20 e 300 km para o iEV 40 não anima quem queira se arriscar a viajar com qualquer um deles, fato que o presidente da JAC do Brasil, Sergio Habib, admite e esclarece:
O iEV 20 é uma versão elétrica e reestilizada do antigo J2, com nova frente e estepe simulado na traseira, mas a versão para o Brasil virá sem ele (à direita)
“Se você está em São Paulo e quer ir até Campinas, tudo bem. Agora, se quiser ir para Angra dos Reis, por exemplo, eu não recomendo a opção do carro elétrico: existe o risco de não encontrar eletropostos no caminho ou encontrar algum com o equipamento danificado. Agora, se você quer usar um iEV 20 ou iEV 40 na cidade, para se deslocar ao trabalho, provavelmente vai precisar carregar a bateria uma vez por semana e pode economizar cerca de R$ 15 mil por ano em combustível e manutenção.”
Comparado aos 108 cv do J2 flexível, o iEV 20 oferece apenas 68 cv, mas seu torque de 21,9 m.kgf — maior que o de um Polo 1,0 turbo — garante respostas ágeis
A realidade do carro elétrico no Brasil, porém, não é tão simples assim. Contar com um carregador em casa pode custar até R$ 8.500, além de ser uma questão complicada para quem mora em prédios, e os eletropostos espalhados por São Paulo exibem tomadas de diferentes padrões. Da mesma forma, embora a manutenção periódica seja mais simples e barata que a de um carro a combustão, reparos no sistema e peças de reposição poderão assustar. A máquina para reparar os módulos da bateria demanda investimento inicial de cerca de R$ 100 mil, segundo Habib.
Ao volante dos elétricos
Os modelos iEV 20 e 40 foram avaliados em um percurso plano na zona sul de São Paulo, SP. Conduzir um carro elétrico no para-anda do pesado trânsito da capital paulista é, por si só, um exercício de adaptação e descobertas para o motorista de primeira viagem. O primeiro detalhe notado é a ausência de vibrações e ruídos do motor habitual. O segundo é se habituar ao painel de instrumentos, que traz informações sobre carga de bateria em vez do familiar conta-giros, e aos comandos peculiares daquilo que seria a alavanca de transmissão.
Instrumentos digitais e linhas retas no compacto interior do iEV 20; motor elétrico de 68 cv produz boa aceleração inicial, mas velocidade termina em 112 km/h
Nesse caso é apenas uma seleção de posições, pois não existem marchas. No pequeno iEV 20 a seleção é feita em um botão giratório no console central com as opções R (ré), N (ponto-morto) e D (para frente). Ali perto, um segundo botão, menor e semelhante, oferece as opções Low, de condução econômica; Normal e Sport, para maior agilidade. Seu desempenho contrasta com o do J2 normal: as respostas iniciais são ágeis e instantâneas, mas a potência contida logo se manifesta.
Comparado aos saudáveis 108 cv que o J2 flexível fornecia em alta rotação, o iEV 20 oferece apenas 68 cv, enquanto o torque máximo de 21,9 m.kgf supera o do motor turbo de 1,0 litro do Volkswagen Polo (20,4 m.kgf). São índices capazes de permitir acelerar de 0 a 50 km/h em 4,9 segundos, até 80 km/h em 10,9 s e de chegar aos 100 km/h após 16 s, sempre em modo Sport. Ali o motor já está acabando: a velocidade máxima, de meros 112 km/h, fica abaixo do limite de algumas rodovias brasileiras.
O modo Low abaixa o limite para 63 km/h, suficiente para a maioria das cidades, mas não afeta a aceleração. Ele também acentua a regeneração de energia para as baterias, o que traz uma comodidade: como basta deixar de acelerar para o carro cair de velocidade, em muitas condições o motorista pode dirigir com um só pedal, reservando o de freio para reduções mais intensas.
Próxima parte
Preços e equipamentos de série
• iEV 20 (R$ 120 mil) – Ar-condicionado automático, assistente de partida em rampa, bancos revestidos em material sintético, câmera traseira de manobras, central de áudio com tela de 7 pol, espelhamento para celular e duas tomadas USB; computador de bordo, faróis com regulagem elétrica de altura do facho, faróis e lanterna traseira de neblina, fixação Isofix para cadeira infantil, luzes diurnas por leds, monitor da pressão dos pneus, para-sóis com espelho iluminado, sensor de estacionamento traseiro.
• iEV 40 (R$ 154 mil) – Como o iEV 20, mais câmeras de 360 graus, central de áudio com tela de 8 pol, controle eletrônico de estabilidade e tração, controlador de velocidade, sensor de estacionamento dianteiro.