A Ford pretende ver a categoria de cima com sua terceira
geração, que chega repleta de equipamentos de tecnologia
Texto: Fabrício Samahá e Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
Para apresentar a terceira geração do Focus — agora produzida em General Pacheco, na Argentina — à imprensa da América do Sul, a Ford escolheu um palco adequado: Mendoza, no mesmo país, aos pés dos Andes, muito perto da maior montanha do hemisfério sul, o Aconcágua, com 6.906 metros. O nome nativo significa Sentinela de Pedra — que, silencioso, observa todos de cima para baixo. Pois essa é a meta da Ford com a novidade: buscar a liderança do mercado médio de luxo, na soma entre as carrocerias, e ver todo mundo de cima para baixo. Estaria essa meta tão distante quanto o cume do Aconcágua?
A nova linha é composta por três versões de acabamento, dois motores para o hatch e um para o sedã. O Focus hatch S com motor 1,6 e câmbio manual, que custa R$ 61 mil, vem de série com bolsas infláveis frontais, freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica entre os eixos e reforço de assistência em emergências, cintos de três pontos nos cinco lugares, fixação Isofix para cadeira infantil, retrovisores com luzes de direção, ar-condicionado com extensão para o banco traseiro, direção assistida, rodas de alumínio de 16 pol, computador de bordo, sistema Sync de áudio com MP3, interface Bluetooth, comandos por voz e tela de 3,5 polegadas, ajustes de altura e distância do volante, comando elétrico do porta-malas, banco traseiro bipartido e alarme antifurto.
A opção pelo câmbio automatizado de dupla embreagem PowerShift leva o preço a R$ 67 mil, em parte porque acrescenta controle eletrônico de estabilidade e tração, assistente de partida em rampa (retém os freios ao sair) e aviso de pressão baixa dos pneus.
O Focus hatch tem dimensões bem próximas às do antecessor; as lanternas não vêm
mais nas colunas traseiras; a versão SE tem rodas e faróis diferentes da Titanium
Passando-se ao SE 1,6 manual (R$ 64 mil) tem-se o conteúdo do S manual adicionado de bolsas infláveis laterais, abertura e fechamento de vidros a distância, faróis de neblina, sensores de estacionamento na traseira, bancos revestidos em couro, detalhes internos em cor prata, controlador e limitador de velocidade, tela de 4,2 pol no Sync, ajuste de apoio lombar do banco do motorista e iluminação nos para-sóis. O hatch SE 1,6 PowerShift (R$ 70 mil) traz ainda o controle de estabilidade, assistente em rampa e aviso dos pneus.
Por mais R$ 3 mil, ou R$ 73 mil, troca-se o motor de 1,6 litro pelo de 2,0 litros, que vem sempre com caixa PowerShift e controle de estabilidade. O pacote SE Plus (outros R$ 3 mil) traz bolsas infláveis do tipo cortina, chave com sensor de presença para acesso e partida, faróis e limpador de para-brisa automáticos, retrovisor interno fotocrômico, retrovisores externos com rebatimento elétrico e ar-condicionado automático de duas zonas de ajuste.
Os aumentos de preço foram expressivos: comparado ao antigo GLX 1,6, o novo S 1,6 ganhou poucos equipamentos e custa R$ 8 mil a mais
O Focus hatch Titanium 2,0 PowerShift (R$ 80 mil) acrescenta ao conteúdo do SE com pacote Plus câmera traseira para orientar manobras, Sync com tela sensível ao toque de 8 pol e navegador, comandos de voz para mais funções (telefone, áudio, climatização e navegador), rodas exclusivas em preto, tela configurável no painel, sistema de áudio superior da Sony com nove alto-falantes e entradas RCA de áudio e vídeo, apoio de braço traseiro e luzes de cortesia com leds. Há um pacote Plus de R$ 8 mil para ele com faróis de xenônio, luzes diurnas de leds, faróis auxiliares em curvas, banco do motorista com ajuste elétrico, assistente de estacionamento (aciona o volante e orienta a manobra, cabendo o uso de câmbio, acelerador e freio ao motorista) e teto solar com controle elétrico.
No caso do sedã, todas as versões usam motor de 2,0 litros e câmbio PowerShift. Os preços são de R$ 70 mil para o S, R$ 75 mil para o SE e R$ 82 mil para o Titanium, com conteúdos iguais aos do hatch equivalente, sendo oferecidos os pacotes Plus aos mesmos valores. Portanto, a versão de topo com pacote opcional vai a R$ 90 mil, faixa de carros de padrão superior como o Fusion da mesma marca.
No sedã a modernização da traseira foi acentuada; apesar de mais comprido, ele teve
o porta-malas bem reduzido, em parte pela perda das articulações pantográficas
De maneira geral, os aumentos de preço foram expressivos. Comparado ao antigo GLX 1,6, o novo S 1,6 ganhou poucos itens (como Sync e Isofix, além da potência adicional), perdeu os freios traseiros a disco e custa R$ 8 mil a mais. Para ter um hatch SE de 2,0 litros com câmbio PowerShift pagam-se R$ 12,4 mil acima do antigo GLX 2,0 automático. É fato que houve grande acréscimo de potência (30 cv) e de equipamentos (ganhou controle de estabilidade, bolsas laterais, rodas de 17 pol, câmbio com duas marchas a mais, bancos de couro, o Sync), mas alguns itens de conveniência do GLX foram eliminados.
Enfim, do sedã Titanium automático anterior para o novo PowerShift o aumento foi de R$ 10,7 mil, tendo recebido controle de estabilidade, mais quatro bolsas infláveis (tinha apenas as frontais), câmera de ré, rodas de 17 pol, o Sync e os 30 cv adicionais, mas perdido o teto solar, que passou a vir no pacote Plus. Em um caso peculiar em que se queira um sedã com o teto, o aumento foi de nada menos que R$ 18,7 mil.
Apresentada em janeiro de 2010 no Salão de Detroit e em outubro seguinte aos europeus no evento de Paris, a terceira geração do Focus está à venda naqueles mercados desde 2011. O desenho das carrocerias mantém a ligação visual com o modelo anterior, mas acrescenta vincos e ângulos dentro da atual tendência. A Ford divulga coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,287 para o sedã, ante 0,324 do anterior, mas não informa o do hatch.
Na frente chama atenção a grade inferior dividida em três seções, duas delas com uma forma triangular que divide opiniões. Os faróis usam refletores comuns (de superfície complexa), com exceção do Titanium com pacote Plus, que adota unidades elipsoidais com lâmpadas de xenônio para o facho baixo. Na traseira, enquanto o sedã ganhou ar bem mais moderno que no retilíneo modelo antigo, o hatch abandonou a “marca registrada” das lanternas montadas nas colunas. Controversas são as rodas pretas do Titanium.
O Focus ganhou ar atualizado também por dentro; o conteúdo de série é adequado
desde a versão S, mas é a Titanium (foto) que se destaca pelos recursos de conveniência
Com 4,358 metros (hatch) ou 4,534 m (sedã) de comprimento, 1,823 m de largura, 1,484 m de altura e 2,648 m de distância entre eixos, o novo Focus fica muito próximo do anterior nas dimensões externas: está 7 mm mais curto (hatch) ou 53 mm mais longo (sedã), 17 mm mais estreito, 13 mm mais baixo e 8 mm maior entre os eixos. O peso aumentou, mas menos que na troca de geração ocorrida há cinco anos: passou de 1.290 para 1.312 kg no hatch mais simples de 1,6 litro e de 1.356 para 1.414 kg no sedã mais completo.
O novo Focus mudou bastante por dentro, desde o formato dos bancos, mais envolventes e que mantêm os ocupantes estabilizados, passando pelos instrumentos com ponteiros de cor azul e chegando ao revestimento do painel espumado, suave ao toque. De aspecto arrojado, ele se distingue do antigo de linhas sóbrias e, de certo modo, retoma a ousadia da primeira geração. A posição de dirigir transmite esportividade, com ampla gama de regulagens. Nos bancos dianteiros não há apoio para os braços, que está presente no banco traseiro. O volante permanece de quatro raios, com ótima pega; seus comandos são bem acessíveis e nem é preciso desviar os olhos para localizá-los.
O quadro de instrumentos soa familiar, mas na versão Titanium traz uma tela colorida multifunção que serve ao computador de bordo, configurações e alertas como o de porta mal fechada. Na parte central do painel, a tela do sistema Sync é controlada pelo botão central do aparelho, exceto no Titanium, que usa uma tela maior e sensível ao toque. Fácil de visualizar, ela tem funcionamento simples e reconhecimento de voz.
Bons itens de conveniência estão presentes, como controle elétrico dos vidros com função um-toque, comando remoto para sua abertura ou fechamento e temporizador de faróis. Os limpadores de para-brisa agora usam braços em sentidos opostos, melhor solução para os vidros amplos usados hoje. Só achamos questionável o aplique de plástico na lateral do console central. Depois de o carro ficar no sol, essa peça esquentou muito — uma mulher de saia ou um homem de bermuda pode levar um susto ao encostar o joelho nesse plástico.
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