Sutis alterações visuais e uma reforma interna tentam manter o
apelo do maior sedã de Betim, que espera por um substituto
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Poucas mudanças para manter o apelo de um modelo que já acumula seis anos no mercado, mas ainda tem a tarefa de representar a marca no concorrido segmento de sedãs médios: isso resume o Fiat Linea 2015, que chega às concessionarias como a primeira atualização visual do automóvel desde seu lançamento em 2008.
O Linea nasceu do Punto — usa a mesma plataforma com maior distância entre eixos, razão para sua largura interna típica de carro pequeno — e por isso nunca teve vida fácil entre os sedãs médios, apesar de sua aparência que parece colocá-lo em categoria superior à de modelos compactos como Honda City, Volkswagen Polo e o novo Ford Fiesta. No ano passado chegaram às ruas 7,5 mil unidades do Linea, contra 29,2 mil do City, 8,5 mil do novo Fiesta e 8,2 mil do Polo (apenas sedãs). Contudo, se comparado aos médios, o Fiat posiciona-se acima de oponentes como Ford Focus (7,2 mil), Nissan Sentra (6,7 mil), Kia Cerato (6 mil), a dupla Citroën C4 Pallas/C4 Lounge (5,5 mil) e Peugeot 408 (4,6 mil).
Grade e para-choque dianteiro e a tampa do porta-malas são novos, assim como as
rodas de 16 e 17 pol; na traseira, complemento esconde o antigo lugar da placa
A redução do preço de entrada em cerca de 10% desde o lançamento — ou bem mais, se considerada a inflação do período — certamente ajudou o Linea a manter relativo êxito, apesar do envelhecimento. Agora a Fiat apresenta seu modelo 2015 com modificações que, sem acarretar altos custos, podem trazer compradores ao sedã ou ao menos convencer quem já tem um a trocar pela novidade.
Parte do painel e das portas agora vem em
cor bege, escolha motivada pela boa aceitação
da série limitada Sublime, segundo a Fiat
Continuam disponíveis duas versões — a TJet com motor turbo deixou o mercado já há algum tempo, vítima da baixa aceitação. O Linea Essence vem de série com bolsas infláveis frontais, freios com sistema antitravamento (ABS), volante de couro com comandos para o áudio, computador de bordo, faróis de neblina, banco traseiro bipartido, ar-condicionado, apoio de braço central traseiro, controlador de velocidade, controle elétrico de vidros com função um-toque, volante com regulagem de altura e distância, rádio/CD com MP3 e porta USB, porta-óculos e rodas de alumínio de 15 pol.
Seus opcionais incluem sensores de estacionamento traseiros, faróis e limpador de para-brisa automáticos, retrovisor interno fotocrômico, ar-condicionado automático, apoio de braço central dianteiro, saída de ar-condicionado para o banco traseiro, bancos com revestimento em tecido superior ou parcial em couro, sistema Blue & Me de interface Bluetooth, Blue & Me com navegador, câmbio automatizado monoembreagem Dualogic Plus com seleção das marchas no volante, bolsas infláveis laterais dianteiras e de cortina e rodas de 16 ou 17 pol.
A versão Essence mostra sua nova roda de 16 pol e a de 15, que foi mantida; no
painel igual ao do Punto, seção pode vir em tom creme, areia (foto) ou bege
A versão Absolute acrescenta aos itens da Essence câmbio Dualogic com alavancas no volante, sensores de estacionamento traseiros, ar-condicionado automático, bancos de couro, Blue & Me, cortina para-sol no vidro traseiro, volante de couro com comandos do rádio e rodas de 17 pol. Como opcionais estão disponíveis faróis e limpador automáticos, retrovisor fotocrômico, navegador com operação por comandos de voz, áudio superior com alto-falante de subgraves no porta-malas e as bolsas laterais e de cortina. Os preços começam em R$ 55.850 para Essence com câmbio manual, R$ 59.240 com o Dualogic e R$ 66.450 para a Absolute.
As alterações visuais seguem as do Linea fabricado na Turquia, onde é o carro mais vendido (conheça os líderes de mercado em 50 países), com exceção da grade dianteira, que tem desenho próprio para o Brasil. Também são novos o para-choque dianteiro, a tampa do porta-malas (que passa a abrigar a placa de licença) e um complemento ao para-choque traseiro que lembra um difusor de ar. Suas dimensões algo exageradas explicam-se pela necessidade de encobrir o antigo alojamento da placa, o que dispensou a confecção de um novo para-choque. De resto, mudam as rodas de 16 e de 17 pol — a básica de 15 foi mantida.
Por dentro, o Linea anterior tinha um painel diferenciado do que equipava o Punto, distinção que deixa de existir. Iguais nas formas, eles passam a usar apenas grafia de mostradores e tons diferentes. Grande parte do painel e um aplique das portas agora vem em cor bege (na versão Absolute e no pacote superior da Essence) ou num mais suave tom de creme (no pacote intermediário do Essence), além do padrão em preto do Essence básico. No caso do bege, há ainda um pequeno aplique em cor de cobre nas portas. Segundo a Fiat, a escolha da cor bege foi motivada pela boa aceitação da série limitada Sublime, lançada no ano passado. Pena que não tenha sido estendida ao couro dos bancos, sempre negro.
No Absolute o aplique é sempre em bege, com detalhe em cor de cobre nas portas e
revestimento em couro preto; grafia dos instrumentos difere da usada no Punto
A fábrica aplicou ainda detalhes como acionamento intermitente das luzes de direção em frenagens bruscas para alertar os demais motoristas, regulagem elétrica dos faróis, sensores de estacionamento na traseira com visualizador gráfico no aparelho de áudio e luzes de direção que piscam por cinco vezes em caso de acionamento leve do comando, ideais para mudanças de faixa. O sistema de áudio foi aprimorado em qualidade e — afinal — o aparelho indica informações da música reproduzida por meio da tomada USB. O Essence ganha comandos de áudio no volante e, com câmbio Dualogic, há nele aletas para mudanças manuais de marcha, não disponíveis antes.
Uma evolução há muito esperada — a exibição de mapa para o navegador Blue & Me Nav — não veio: o motorista continua a se basear em instruções por voz e por pictogramas no quadro de instrumentos. Contudo, a linha de acessórios Mopar oferece uma central multimídia com tela sensível ao toque de 4,3 pol que serve a navegação, televisão digital, DVD e à câmera traseira para orientar manobras. Quem preferir apenas a câmera traseira pode instalar o retrovisor interno capaz de exibir imagens dessa função. A Fiat mostrou ainda um conjunto de saias laterais e defletor traseiro, cuja oferta ainda está em estudos.
Próxima parte |
Sistema de áudio evoluiu e agora há aletas no volante para mudanças de marcha do
câmbio Dualogic, mas rodar com o Linea 2015 traz as mesmas sensações de antes
Ao volante, o Linea de sempre
Na parte mecânica, a única alteração foi um retrabalho no isolamento de vibrações e asperezas, tanto nas suspensões (buchas) quanto nos coxins do motor. A unidade E-Torq de 1,75 litro e 16 válvulas segue intocada, assim como o câmbio Dualogic Plus, evolução adotada anos atrás que trouxe funcionamento mais suave e a função de “rastejar” (mover o carro quando não se aciona o freio nem o acelerador), útil para o tráfego lento e manobras de estacionamento.
Foi possível relembrar atributos do Linea como
posição de dirigir bem acertada, bancos dianteiros
confortáveis e baixo nível geral de ruídos
A Fiat propôs um trajeto de 125 quilômetros entre São Paulo e Bertioga, no litoral do estado, para avaliação pela imprensa. Foi possível relembrar atributos do Linea como posição de dirigir bem acertada, bancos dianteiros confortáveis e de bom apoio, baixo nível geral de ruídos — apenas o motor se faz presente em alta rotação — e suspensão que concilia rodar macio e boa estabilidade, assim como notar uma de suas maiores limitações: o espaço no banco traseiro, típico de modelos compactos. O carro dirigido era um Absolute, mas andamos também a bordo de um Essence manual.
Em desempenho, embora não se possa chamar de lento um sedã capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 9,9 segundos e alcançar 192 km/h (dados do fabricante, com álcool), o E-Torq continua a dever melhor distribuição de torque: é um tanto fraco em baixas rotações e requer reduções de marcha frequentes para trabalhar em sua melhor faixa, acima de 4.000 rpm. Percebido até nos Fiats pequenos, esse inconveniente ganha relevância no sedã de 1.325 kg. Sabe-se que o fabricante trabalha em evoluções para seus motores, como o sistema MultiAir de admissão, mas talvez elas não cheguem ao Linea.
Gama de acessórios Mopar oferece central multimídia e retrovisor com imagens
da câmera traseira; saias e defletor do Linea das fotos estão em estudo
Boa impressão deixou o câmbio Dualogic, em estágio de calibração que tornou as mudanças mais suaves (embora tenhamos passado pouco tempo nas três marchas mais baixas, que acentuam essa deficiência dos automatizados monoembreagem). Se não é um automático tradicional, já não fica tão atrás dele como há alguns anos. Além dos novos comandos no volante, a caixa continua com seleção manual sequencial via alavanca (trocas ascendentes para trás) e o programa esportivo, que mantém o motor em rotações mais altas.
Apesar de tímida, a evolução do Linea pode ser suficiente para manter seu público até que a Fiat tenha no Brasil um legítimo sedã médio como o Viaggio vendido na China — similar ao Dodge Dart, mas de construção mais simples, caso da suspensão traseira por eixo de torção. Embora o preço da versão Absolute seja salgado para um carro que é de fato a versão sedã do Punto, a Essence traz bom conteúdo por valor interessante. E, para quem gosta de bons detalhes, ele é hoje um dos poucos sedãs do mercado que não amassam as malas quando a tampa é fechada, graças às articulações pantográficas.
Mais Avaliações |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 80,5 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.747 cm³ |
Taxa de compressão | 11,2:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 130/132 cv a 5.250 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 18,4/18,9 m.kgf a 4.500 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual automatizado, 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 17 pol |
Pneus | 205/50 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,56 m |
Largura | 1,73 m |
Altura | 1,505 m |
Entre-eixos | 2,603 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 60 l |
Compartimento de bagagem | 500 l |
Peso em ordem de marcha | 1.325 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 190/192 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,3/9,9 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |