Acerto de suspensão foi muito bem feito: o XV roda macio, mas se mantém distante do solo
Dois cilindros para cada lado
Além do amplo emprego de tração integral, a linha Subaru atual caracteriza-se pelo uso do motor boxer, com cilindros horizontais contrapostos — raríssimo hoje fora dos esportivos da Porsche, embora tenha sido usado por inúmeras marcas no passado desde que a Volkswagen o disseminou em sua linha arrefecida a ar. O 2,0-litros de quatro válvulas por cilindro do XV tem funcionamento bastante macio e silencioso e obtém bons valores de potência (150 cv) e torque (20 m.kgf) para a cilindrada.
Em pisos mais severos e esburacados o conforto satisfaz: é um carro macio que se torna firme na medida certa em obstáculos mais acentuados
O peso de 1.415 kg está dentro da média dos hatches de seu porte (16 kg a mais que no Ford Focus de 2,0 litros e tração simples), mas implica uma relação não muito favorável de 9,4 kg/cv. Assim, embora o desempenho do Subaru convença em média e alta rotações, não satisfaz tanto em baixa, como se espera por sua potência específica (75 cv/litro) com aspiração natural. Pela sensação ao rodar, fica próximo aos utilitários esporte compactos nacionais de potência semelhante como Ford Ecosport e Renault Duster. O fabricante anuncia velocidade máxima de 187 km/h e aceleração de 0 a 100 km/h em 10,7 segundos, dados coerentes com as impressões.
A marca japonesa tem sido grande adepta do câmbio automático de variação contínua, e com o XV não é diferente. Seu CVT é bastante suave e foi calibrado de maneira a interpretar com exatidão os anseios do motorista. Em operação automática, em uma aceleração a pleno, o motor alcança 6.000 rpm só por volta de 100 km/h e ali estaciona até a velocidade máxima.
O peculiar motor boxer fornece 150 cv ao câmbio CVT; tração integral opera sem o motorista intervir
Um modo manual que simula seis marchas, para agradar aos ouvidos de quem se incomoda com o “som de carro elétrico”, adota uma “primeira” mais curta para chegar àquele regime a 80 km/h e cria ligeira oscilação de giros ao alcançar 6.500 rpm. Nesse uso, o câmbio pode ser operado pelos comandos no volante (ativos mesmo em modo automático) e permite usar 100% do acelerador sem invocar redução. A 120 km/h indicados o motor gira a apenas 2.100 rpm em qualquer dos modos de uso, embora naturalmente as rotações cresçam em automático em aclives.
Suspensão é um dos aspectos mais relevantes em um carro como esse, destinado a todo tipo de terreno, e pode-se afirmar que os japoneses chegaram a um bom resultado no difícil compromisso que tinham pela frente. Com um sistema de braços sobrepostos na traseira, o XV comporta-se bem em curvas, mostra rodar bem controlado pelos amortecedores e aderência adequada dos pneus Yokohama Geolandar G95 na bem escolhida medida 225/55 R 17 — que são de uso misto, mas produzem ruído bastante moderado em rodovia asfaltada.
Em pisos mais severos, como estradas de terra esburacadas, o conforto satisfaz quanto à carga de molas e à absorção de impactos: é um carro macio que se torna firme na medida certa em obstáculos mais acentuados. A fábrica informa vão livre do solo de 22 centímetros e, pelo que experimentamos em nosso percurso habitual para utilitários esporte, não é fácil fazê-lo raspar alguma parte inferior. A tração integral dispensa qualquer intervenção do motorista, sendo automática em sua repartição de torque entre os eixos.
Bom desempenho, câmbio eficiente: apesar do porta-malas limitado, uma boa opção a pequenos SUVs
De resto, freios bem dimensionados (com disco nas quatro rodas, raro nos concorrentes citados) e bom acerto da assistência elétrica de direção compõem um carro fácil e agradável de dirigir em qualquer situação. Os importantes controles eletrônicos de estabilidade e tração estão presentes, com comando para desligamento, e os ótimos faróis de xenônio trazem lavador de alta pressão, ideal após o uso em estradas poeirentas (e que a Jeep economizou em seu Renegade quando equipado com esse tipo de lâmpada).
É uma pena que, com a recente desvalorização do real, o preço do XV esteja hoje um pouco mais salgado e ainda tenda a subir (foi oferecido meses atrás a cerca de R$ 100 mil). Mesmo assim, quem busca um carro médio eficiente e confortável para o dia a dia, mas capaz de ir até um sítio de acesso difícil e voltar com segurança mesmo que chova, deve dar uma olhada nele antes de partir para um utilitário esporte.
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | longitudinal |
Cilindros | 4 horizontais opostos |
Comando de válvulas | duplo nos cabeçotes |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 84 x 90 mm |
Cilindrada | 1.995 cm³ |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima | 150 cv a 6.200 rpm |
Torque máximo | 20,0 m.kgf a 4.200 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático de variação contínua, simulação de 6 |
Tração | integral permanente |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | independente, braços sobrepostos, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 7 x 17 pol |
Pneus | 225/55 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,45 m |
Largura | 1,78 m |
Altura | 1,615 m |
Entre-eixos | 2,635 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 60 l |
Compartimento de bagagem | 310 l |
Peso em ordem de marcha | 1.415 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 187 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,7 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |