VW Virtus MSI 1,6 automático: a virtude do equilíbrio

Versão menos potente reúne espaço, economia e conforto ao rodar; acabamento austero é ponto negativo

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

Na fase de lançamento, tanto o Volkswagen Polo quanto o Virtus ofereciam transmissão automática apenas com motor TSI turbo de 1,0 litro, ficando as versões de 1,6 litro vinculadas à caixa manual. A combinação que muitos esperavam — motor 1,6 e caixa automática — entrou em catálogo mais tarde e, como ainda não havia sido avaliada pelo Best Cars, resolvemos analisá-la em 10 itens em um Virtus MSI. O preço sugerido parte de R$ 77.090 já com a transmissão.

Estilo
O Virtus mostra um desenho sóbrio e bem resolvido, em que o aumento da distância entre eixos foi providencial para o comprimento definido pela Volkswagen — se a traseira já parece esticada, pareceria ainda mais sem essa medida. A versão MSI, no entanto, perde um pouco da elegância da Highline TSI pelas rodas de 15 pol em vez de 17 pol.

 

Rodas de 15 pol deixam o Virtus MSI mais discreto, mas o desenho é bem resolvido; a versão custa R$ 77 mil em pacote fechado com bons equipamentos

 

Acabamento e conveniência
Materiais e desenho internos não são o ponto alto da linha Polo/Virtus, situação agravada nessa versão: tudo é escuro e espartano, dos plásticos do painel ao revestimento dos bancos e o volante de plástico algo duro, e há falhas como os trilhos expostos do assento.

 

 

Bons detalhes de conveniência são controle elétrico de vidros com função um-toque (só nos dianteiros), luzes de leitura à frente e atrás, para-sóis com espelhos iluminados, sensores de estacionamento na traseira e suporte de celular com tomada USB para recarga — a USB para o banco traseiro não equipa essa versão. A central de áudio de série tem boa tela de 6,5 polegadas, comandos no volante e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play.

 

Formas, tons e materiais do interior do MSI poderiam dar melhor impressão; espaço é muito bom, exceto em largura para três atrás; ótimo porta-malas

 

Por se tratar de uma versão simples, algumas concessões nesse Volkswagen são aceitáveis, como o ajuste manual de ar-condicionado e as faltas de câmera traseira de manobras e controlador de velocidade, mas ela bem poderia ter alças de teto e faixa degradê no para-brisa.

 

A acomodação dos passageiros é um bom atributo do Virtus em sua classe, com ótimo espaço para pernas e bom para a cabeça atrás; o porta-malas também satisfaz

 

Posto do motorista
Viaja-se no Virtus em um banco amplo e bem definido, com bom apoio de coxas (poderia apoiar mais a região lombar), mas o volante fixo traz certa limitação de ajuste de posição: alguns vão desejar que ele ficasse mais perto. O MSI usa os mesmos instrumentos do restante da linha sem painel digital, com boa leitura e computador de bordo com três percursos de medição — desde zerado, desde a partida e desde o abastecimento. Os faróis de duplo refletor são os mesmos das versões superiores, mas sem unidades de neblina, nem na traseira. Há repetidores laterais das luzes de direção e a visibilidade é adequada.

 

Central de áudio tem integração a celular; computador de bordo registra três trajetos; instrumentos simples e funcionais; vidros com um-toque só na frente

 

Espaço interno
A acomodação dos passageiros é um bom atributo do Virtus em sua classe, com ótimo espaço para pernas e bom para a cabeça de quem viaja atrás. Já a largura é típica de carro compacto, insuficiente para três adultos, e o passageiro central não tem bom conforto.

 

 

Porta-malas
A capacidade de bagagem de 521 litros do sedã da Volkswagen está bem situada na categoria e leva com folga a bagagem de cinco pessoas. Nessa versão o banco traseiro rebatível é inteiriço, o que limita o transporte combinado de carga e passageiros, e o estepe continua de medida diferente dos demais pneus — 14 em vez de 15 pol.

Próxima parte

 

 

Próxima parte

 

Se não é o melhor Virtus para quem tem pressa, o MSI oferece boas respostas em baixa rotação e acelera de 0 a 100 km/h em adequados 13,4 segundos

 

Motor e desempenho
O motor EA-211 de 1,6 litro e quatro válvulas por cilindro, amplamente usado pela marca — já equipou do Gol ao Golf —, obtém potência pouco inferior à do turbo de 1,0 litro (110 cv com gasolina e 117 com álcool em vez de 116/128 cv), mas com grande diferença em torque (15,8/16,5 m.kgf, na mesma ordem, ante 20,4 m.kgf com qualquer combustível) e seu pico em rotação bem maior. É um motor apropriado ao Virtus, de operação suave e silenciosa até médios regimes e um pouco áspero em altos, sem grandes pretensões em desempenho.

 

 

Na pista o MSI acelerou de 0 a 100 km/h em 13,4 segundos e retomou de 60 a 120 km/h em 13,5 s, diferenças importantes para os 10,7 e 10,2 s (na ordem) do TSI, ambos com gasolina. É preciso lembrar que o motor aspirado perde potência à altitude das medições, cerca de 600 metros acima do nível do mar, o que não ocorre na versão turbo.

A transmissão automática de seis marchas mostra boa calibração e oferece programa esportivo e seleção manual via alavanca (não há comandos no volante). Poderia ser atenuada a força de tração em marcha-lenta: embora haja controle de ponto-morto, o carro empurra forte quando ele não é acionado, como ao segurar pelo freio de estacionamento.

 

Motor de até 117 cv e caixa automática de seis marchas trazem bom consumo

 

Consumo
Apesar de ser menos eficiente em combustível que o turbo, o Virtus 1,6 obteve boas marcas de consumo, na faixa de 14 km/l de gasolina nos dois trajetos mais favoráveis, enquanto o TSI fez mais de 15 km/l.

 

Embora com desempenho moderado nessa versão, o Virtus agrada pela ótima absorção de defeitos do solo, com suspensão macia e pneus em medida tradicional

 

Comportamento dinâmico
Em um mercado onde cada vez mais carros adotam um rodar firme e com excessiva transmissão de irregularidades do piso, é agradável desfrutar o conforto de marcha dessa versão do Virtus: com suspensão macia e pneus em medida tradicional (195/65 R 15), obtém ótima absorção de todo tipo de defeito do solo.

Claro que alguma perda em estabilidade e precisão de respostas ao volante pode ser notada em relação ao Highline com pneus 205/50 R 17, mas nada que comprometa a direção segura. O que pode melhorar — em ambas as versões — são os amortecedores dianteiros, fracos na compressão, que chegam ao batente com facilidade em lombadas. O sedã tem controle eletrônico de estabilidade de série, direção com assistência elétrica bem acertada e freios corretos.

 

Conforto ao rodar é destaque no Virtus, com suspensão macia e pneus de medidas moderadas; a Volkswagen poderia adotar bolsas infláveis de cortina

 

Segurança passiva
O mais simples Virtus segue a dotação de segurança passiva das versões superiores, com bolsas infláveis laterais dianteiras (não há opção de cortinas) e os demais itens exigidos por lei, como encostos de cabeça e cintos de três pontos para todos e fixação Isofix para cadeiras infantis.

 

 

Custo-benefício
O Virtus MSI custa R$ 77.090 em pacote fechado, sem oferecer opcionais. O conteúdo de série deixa algumas faltas que as versões superiores Comfortline e Highline suprem e outras que nelas permanecem. Diante dos concorrentes, ele oferece um conjunto forte em espaço para passageiros e bagagem, mas algo modesto em equipamentos.

O Fiat Cronos mais próximo é o Precision de 1,75 litro (135/139 cv), que custa R$ 77 mil. É mais potente e oferece alguns itens adicionais (como monitor de pressão de pneus e controlador de velocidade), mas menos espaço interno, e não tem bolsas infláveis laterais. Por R$ 76.890 o Hyundai HB20S Diamond com motor turbo de 1,0 litro (120 cv) adiciona ao conteúdo do Virtus câmera traseira e controlador de velocidade, mas também é menor para passageiros e bagagem. Quem desequilibra a disputa é o Chevrolet Onix Plus Premier turbo de 1,0 litro (116 cv): sai por R$ 79.090 com bom desempenho, os mesmos itens citados para o Cronos e outros como bolsas de cortina, chave presencial, roteamento de internet e carregador de celular sem fio, com desvantagem pelo menor porta-malas.

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