Golf Variant traz de volta as qualidades das boas peruas

Volkswagen Golf Variant

 

Em segmento quase extinto, a Volkswagen importa um carro
familiar competente para quem não quer minivan ou utilitário esporte

Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação

 

A Volkswagen tem atuado no Brasil como um baluarte das peruas médias e grandes, seja por meio da Jetta Variant (importada entre 2007 e 2013), seja pela Passat Variant, que faz parte de sua linha por aqui desde 1994. Com a chegada do Golf de sétima geração ao País, tornou-se mais adequado vincular a ele a perua da linha, que hoje tem desenho e plataforma distintos dos usados pelo sedã Jetta. Por isso, sua nova geração passa a se chamar Golf Variant, como na Europa.

Ela vem ocupar um segmento de um carro só: marcas como Chevrolet, Citroën, Fiat, Ford, Peugeot e Renault abandonaram a categoria anos atrás e outras nem chegaram a participar dela, mesmo que contem com interessantes opções no mercado internacional. Deve competir de alguma maneira com minivans e utilitários esporte. Facilitou a vida da VW, claro, o fato de que a Golf — assim como sua antecessora — é fabricada em Puebla, no México, de modo a vir sem o Imposto de Importação de 35% que onera automóveis de outras origens. Acima dela o segmento de peruas começa em R$ 135 mil com a própria Passat e segue com modelos como Audi A4 Avant (R$ 153 mil) e Volvo V60 (R$ 142 mil).

 

 

 
Trazida em duas versões com motor turbo de 140 cv, a Golf Variant mostra
linhas simples e harmoniosas; a traseira ficou melhor que a da Jetta

 

Embora a produção mexicana disponha também de um motor turbo de 1,8 litro com potência de 170 cv, a VW preferiu trazer a Golf Variant apenas com o turbo de 1,4 litro e 140 cv, a gasolina, associado ao câmbio automatizado DSG de dupla embreagem e sete marchas. Assim como no hatch, as versões Comfortline, ao preço de R$ 87.490, e Highline, por R$ 95 mil, oferecem conteúdo de série bastante interessante para os valores cobrados (veja no quadro abaixo), sobretudo no que toca a equipamentos de segurança — o que costuma salgar a conta são os pacotes de opcionais.

 

Destaques da versão Highline são opcionais como assistente de estacionamento, tela sensível ao toque de oito polegadas e ajustes elétricos do banco

 

A Golf Variant baseia-se na mesma plataforma Matriz Modular Transversal (MQB) que serve ao hatch, ainda não adotada pelo Jetta. Em termos de dimensões ela segue o Golf até o eixo traseiro (a distância entre eixos, 2,63 metros, não muda), mas acrescenta 30,7 cm atrás dele para um total de 4,56 m. Comparada à antecessora Jetta, ficou 2 cm mais larga e 5 cm maior entre os eixos, mas tem praticamente os mesmos comprimento e altura. O peso é que diminuiu bastante, de 1.515 para 1.357 kg, tanto pela plataforma quanto pelo motor menor.

O desenho da nova perua não traz surpresas, mas segue o padrão da marca de formas equilibradas e que demoram a envelhecer. A nosso ver, melhorou bastante a aparência da traseira com lanternas horizontais em posição mais elevada. Muito bom o coeficiente aerodinâmico (Cx), 0,29. Igual à do Golf hatch, a cabine lembra muito a da antiga Jetta e mostra bom acabamento geral, tanto nos plásticos quanto no revestimento de bancos em couro. Motorista e passageiros viajam bem acomodados nos bancos firmes, mas o espaço para as pernas de quem viaja atrás poderia ser maior: faltou um aumento no entre-eixos em relação ao hatch, como havia em peruas como a Peugeot 307 SW.

 

 

 
Acabamento e conteúdo de série são corretos e há opção de itens sofisticados;
o espaço no banco traseiro seria favorecido com maior entre-eixos

 

Destaques da versão Highline são opcionais sofisticados como assistente de estacionamento (manobra o carro para entrar em vaga e sair dela, bastando ao motorista controlar freios e câmbio), entretenimento com tela sensível ao toque de oito polegadas e ajustes elétricos do banco do condutor. O compartimento de bagagem tem capacidade para 605 litros ou, rebatendo-se o banco traseiro, 1.620. Sob o assoalho está o estepe nas mesmas dimensões dos demais pneus, uma conveniência.

 

 

Mais torque, menos peso

A opção da Volkswagen pelo motor de 1,4 litro pode incomodar alguns, pois a Jetta Variant era trazida com um aspirado de 2,5 litros e cinco cilindros que produzia 170 cv (30 a mais que o novo turbo). Apesar dessa perda, o torque máximo até cresceu e aparece em regime bem mais baixo, de 24,5 m.kgf a 4.250 rpm para 25,5 m.kgf a apenas 1.500 rpm. Ajudada pelo menor peso, a Golf acelera de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos, só 0,3 s atrás da Jetta, e tem a mesma velocidade máxima de 205 km/h, de acordo com a fábrica.

Próxima parte

 

Equipamentos de série e opcionais

Golf Variant Comfortline (R$ 87.490): freios multicolisão (acionam-se após um impacto para tentar evitar novo acidente), sete bolsas infláveis (frontais, laterais dianteiras, cortinas e para os joelhos do motorista), controle eletrônico de estabilidade e tração, bloqueio eletrônico do diferencial, assistente de partida em rampa, monitor de pressão dos pneus, parada/partida automática do motor, rodas de alumínio de 16 pol, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro e sistema de áudio com tela sensível ao toque de 5,8 pol, sensor de aproximação, toca-CDs/MP3 e interface Bluetooth.

Opcionais: pacote Elegance (volante com comandos de áudio, computador de bordo e trocas de marcha, controlador de velocidade, faróis e limpador de para-brisa automáticos e rodas de 17 pol com pneus 225/45), pacote Exclusive (os mesmos itens, mais sistema de navegação e comando de voz) e teto solar panorâmico.

Golf Variant Highline (R$ 95 mil): itens da Comfortline básica, mais revestimento de couro para bancos, controlador de velocidade, ar-condicionado automático de duas zonas, volante com controles do sistema de áudio, retrovisor interno fotocrômico e rebatimento elétrico de retrovisores externos.

Opcionais: pacote Elegance (sistema de entretenimento, abertura das portas com sensor de proximidade e partida do motor por botão, seleção de perfil de condução e rodas de 17 pol), pacote Exclusive (mesmos itens, mais faróis bixenônio e controle adaptativo de distância à frente com frenagem de emergência em baixa velocidade) e pacote Premium (mesmos equipamentos do Exclusive, mais sistema com tela de 8 pol, assistente de estacionamento Park Assist, ajustes elétricos para o banco do motorista e detector de fadiga).

Próxima parte

 

 

 
A versão maior da tela de entretenimento, de 8 pol, vem apenas no pacote
de topo da Highline; o amplo porta-malas leva 605 litros, afirma a VW

 

O novo carro promete ainda ser bem mais econômico, tanto pelas reduções de cilindrada e peso quanto pelo emprego de injeção direta, parada/partida automática do motor e do câmbio DSG — antes era um automático de seis marchas. As suspensões conservam os conceitos do modelo anterior, dianteira McPherson e traseira multibraço.

 

O ponto alto é o comportamento em curva: com centro de gravidade baixo, a Variant mostra atitude previsível e os pneus seguram bem no asfalto

 

Embora a opção pela redução de cilindrada busque acima de tudo a eficiência energética,o “motorzinho” surpreendeu na avaliação feita no autódromo da Capuava, em Vinhedo, SP. Para um 1,4-litro montado em um carro de 1.357 kg, a aceleração surpreende logo de cara. O melhor é constatar a rapidez com que ela ganha velocidade mesmo a partir de rotações baixas, como 2.000 rpm. A 120 km/h em sétima marcha o regime é bastante baixo, 2.200 rpm; mesmo assim há disposição para retomadas sem redução.

Fizemos a maior parte do teste com o câmbio automatizado na posição “S”, de esporte, que faz as trocas para cima quando o conta-giros chega perto de 6.500 rpm. Na posição D (drive) as trocas são bem antecipadas, um modo de condição que prioriza a economia e o conforto. Quase nem se percebem as trocas e os comandos acompanham o volante, o que permite seu uso mesmo com o volante esterçado.

 

 

 
Com mais torque que o antigo 2,5-litros, o motor turbo move a Variant com
agilidade; as suspensões modernas garantem estabilidade das melhores

 

O ponto alto é o comportamento em curva. Com um centro de gravidade baixo se comparado ao de minivans e utilitários esporte, a Variant mostra uma atitude previsível e os pneus 225/45-17 (na versão Highline) seguram bem no asfalto. Muito perto do limite apresenta tendência ao subesterço, mas muito leve e fácil de controlar. Como já é de praxe nos carros dessa categoria e faixa de preço, a eletrônica está presente em sistemas de controle de tração e estabilidade, assistências de freios e dispositivos de segurança, como o fechamento automático dos vidros e teto solar em caso de risco de acidente.

 

 

É muito bom saber que existe vida no segmento das peruas, em época de domínio dos utilitários esporte. Trata-se de um alívio para quem gosta de dirigir mais perto do asfalto, com agilidade de respostas e eficiência no desempenho e no consumo, sem abrir mão de espaço interno, conforto e esportividade. Que venham outras!

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Ficha técnica

Motor

Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Comando de válvulas duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 74,5 x 80 mm
Cilindrada 1.395 cm³
Taxa de compressão 10,5:1
Alimentação injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar
Potência máxima 140 cv de 4.500 a 6.000 rpm
Torque máximo 25,5 m.kgf de 1.500 a 3.500 rpm

Transmissão

Tipo de câmbio e marchas automatizado de dupla embreagem, 7
Tração dianteira

Freios

Dianteiros a disco ventilado
Traseiros a disco
Antitravamento (ABS) sim

Direção

Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica

Suspensão

Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira independente, multibraço, mola helicoidal

Rodas

Dimensões 6,5 x 16 pol ou 7 x 17 pol
Pneus 205/55 R 16 ou 225/45 R 17

Dimensões

Comprimento 4,562 m
Largura 1,799 m
Altura 1,468 m
Entre-eixos 2,63 m

Capacidades e peso

Tanque de combustível 50 l
Compartimento de bagagem 605 l
Peso em ordem de marcha 1.357 kg

Desempenho e consumo

Velocidade máxima 205 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 9,5 s
Dados do fabricante; consumo não disponível

 

 

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