Mudou tudo no utilitário esporte sul-coreano; Saab foi-se de vez; Vespa quer voltar de novo ao Brasil
Quarta edição, sucesso de vendas crescente, projeto premiado, Kia Sportage inicia ser vendido no Brasil e, com esperanças de José Luiz Gandini, importador, de retomar a posição de mais vendido da marca.
Mudou tudo, incluindo desenho atualizado e conteúdo. Terá sido o último Sportage sob o lápis de Peter Schreyer, festejado designer, presidente da Kia. Deve se aposentar em dois anos e próxima geração surgirá em 2021. Embute muita dedicação para se tornar referência, linhas agradáveis, grade e frontal inconfundíveis, incorporando detalhes marcantes em outros produtos, como os frisos em relevo no capô, lembrando esportivos Mercedes, e o perfil do defletor traseiro, assemelhado ao do Porsche Macan.
Fugiu do desenho ensandecido em planos e cortes, tão a gosto de coreanos, e tem harmonia de formas. Tanta, venceu prêmios de desenho, como o Red Dot e o IF. Cresceu 4 cm em comprimento, 3 cm em altura, manteve a largura de 185 cm e esticou entre-eixos em 3 cm, indo a 267 cm. Arquitetura interior oferece mais espaço para passageiros e carga. Nova construção aderiu à moda tecnológica de aço leve e resistente para áreas de maior esforço, aumentando em 33% sua aplicação, atingindo pontuação máxima em entidades de segurança nos EUA: cinco estrelas no NHTSA e máxima no IIHS.
Conteúdo enriquecido em conforto e segurança, as duas versões compostas para o Brasil tentam cercar os compradores. Entrada, mais simples, sem passar vergonha por não portar revestimento em couro, 10 regulagens elétricas nos bancos frontais, é bastante palatável. Recomendável não fosse a omissão do controle eletrônico para estabilidade e das aletas sob o volante para o comando manual das marchas.
Motorização única, 2,0 litros, 16 válvulas. Com álcool, torque de 20,2 m.kgf e 167 cv; gasolina, 156 cv e 18,8 m.kgf. Transmissão automática, seis marchas, tração dianteira. Preços, LX a R$ 110 mil, EX a R$ 135 mil.
Saab vai-se
No pós-Guerra, engenheiros aeronáuticos da sueca Saab – a dos caças Grippen – projetaram pequeno automóvel. Leve, resistente, aerodinâmico, motor três-cilindros, dois tempos. Marcou-se mundialmente por vencer ralis contra concorrentes mais fortes.
Em 1989 focando no negócio principal, equipamentos de defesa, passou à General Motors 50% das ações e o controle, gerando o óbvio: se a rede de supermercados compra a ótima doceria do bairro, cai a qualidade, vai-se o charme, negócio fecha. Perdem todos. Ao comprador falta refinamento, sobra grosseria.
GM entrou em crise após tentar assumir a Fiat, e passou a Saab à Spyker, marca exumada para fazer carros esportivos. Muita lenha sueca para o caminhãozinho holandês, negócio se inviabilizou.
Foi vendida ao grupo chinês NEV, de carros elétricos, e logo a carroceria do Saab 9-3 movida por eletricidade era o modelo NEVS – S de Suécia. Operação complicou em caixa, fluxo, recursos, desde 2012 entre a recuperação judicial e a falência e, ante planos de se transferir para a China, a holding Saab proibiu o uso da marca e da logo. Os NEVS não serão Saabs.
Referencial qualidade é pouco conhecida no Brasil. Em 1956, à implantação da indústria automobilística nacional, numa bravata, a UDN, partido de oposição ao governo JK, para inviabilizar o projeto, criou oportunidade de importação de veículos. Entre os neo-importadores a companhia T Janer trouxe Saabs. Mais famoso, o do arquiteto Oscar Niemeyer, para rodar em Brasília e viagens, ante seu pavor a aviões. Início dos anos ’90, representante em São Paulo vendeu dúzia de unidades e saiu do negócio. Saab agora é história.
Em veículos Suécia resumiu-se aos caminhões e produtos industriais Volvo. Outras, Scania é Volkswagen, e Volvo automóveis, chinesa.
Vespa quer voltar — de novo
Motoneta, ou termo da moda scooter, italiana Vespa quer voltar à produção no Brasil. Novo representante, a Asset Beclley Investments Management, visa construir parque industrial e abastecer Brasil, Mercosul e América Latina e em cinco anos conquistar 10% do mercado de motos com marcas Vespa e Piaggio.
Pretensões elevadas, repetir participação mundial, liderança europeia (15,2%) e 21,4% entre scooters. Lidera nos EUA com 20%.
É a quarta vez. Chegou ao início da motorização nacional, de 1958 a 1964, pela carioca Panambra. Década após, 1974 a 1983, no modelo de montagem na Zona Franca de Manaus, pela empresa Barra Forte. Fechou. Voltou em 1985 mudando desenho operacional, societário, pela Motovespa, juntando matriz italiana Piaggio, 45%; Caloi, 45%; e B. Forte, 10%. Em 1985 e 1986 em superficial montagem e, daí produção e nacionalização de 90%. Dado inimaginável, superou a líder Honda CG 125. Pouca duração, em 1987 Caloi deixou a sociedade, e crise de administração encerrou-a em 1990.
Quatro anos após a ágil Brandani, de Ribeirão Preto, SP, importou modelo 150 da Índia. Cessou em 2000. Outros quatro anos de ausência, Piaggio e Vespa com outro importador em 2004. Fechou.
Agora, novo empreendedor contratou para implantá-la Longino Morawski, responsável pela sedimentação da Harley-Davidson, e ex-Toyota.
Roda a Roda
Fumaça – Incalculadas mudanças e prejuízos econômicos para a decisão de o Reino Unido deixar a União Europeia. Na indústria automobilística inglesa, para patrões e empregados, situação medeia entre o receio e o pavor.
Base – A grande ilha baseia grande número de fabricantes estrangeiros exportando sensível parte de sua produção. Segundo maior fabricante de automóveis ingleses é a japonesa Nissan.
Custos – Sair da UE significa o estabelecer de barreiras administrativas e tributárias para importar e para exportar – ou seja, aumento de preço nos produtos, com inevitável queda em demanda – e risco aos empregos.
Aqui – De lá Brasil importa Mini, Rolls-Royce e Jaguar Land Rover. BMW informou que situação não afetará o preço do Mini. RR é inexpressivo no panorama: 4 unidades em 2015, nenhuma em 2016. Jaguar e Land Rover entendem cedo para projeções.
Outro lado – Enquanto muitos perderão, cálculos dizem, Bernie Ecclestone, diretor comercial da Fórmula 1, ganhará muito. Empresa sediada na Inglaterra, faturamento externo estimado em US$ 2 bilhões, valorizou 10% ande queda de valor da Libra. O Brexit deu ao polêmico e processado Ecclestone mais de inesperados US$ 200 milhões.
Negócio – Volkswagen alemã traçou projeto de indenização aos compradores nos EUA de 482.000 veículos diesel TDI com emissões acima do teto legal, o Dieselgate. Pagará entre US$ 1 mil e US$ 7 mil, dependendo do carro e caso. Em recall impossível comprará os carros. No total, US$ 15 bilhões para encerrar ações no âmbito civil, indenizar proprietários, multas e dedicar a pesquisas.
Razão – História contada pela publicação AutoData diz de estudo da Escola de Guerra Econômica, do Ministério da Defesa francês, apontando o Dieselgate como iniciativa tática dos EUA contra os fabricantes europeus de veículos e a aproximação da Volkswagen à liderança mundial.
Pontos – Relaciona a divulgação da história à véspera do Salão de Frankfurt; a hábil condução para o lado da falha dos alemães sobre o diesel, preferido na Europa, desprezado nos EUA; as multas maiores para Toyota e VW relativamente às aplicadas contra a GM.
Resumo – Capítulo da disputa de condições nas quase secretas negociações para o Tratado Transatlântico. Tal Cavalo de Troia regerá relações empresariais em todos os campos de atuação. Críticos dizem, Washington entra com as regras, os europeus com a submissão. Sendo, o Dieselgate quebra a canela dos industriais europeus de automóveis.
Mais um – Renault Brasil importará o utilitário esporte Koleos. Quer reduzir a ociosidade de sua licença de importação para 4.800 unidades ao ano. Grande aos padrões nacionais, 4,67 m de comprimento. Será apresentado na França próxima semana, e versão importada marcar-se-á pelo refinamento na decoração, motorização 2,5-litros e 175 cv, transmissão CVT, tração total. Dúvida maior na Renault é como chamá-lo: Koleô, em pronúncia francesa; Kôleos ou Kolêos? Nome grego, expressão de medicina, nada tem a ver com o produto: é bainha.
SUVs – Em um ano Renault terá três utilitários em seu portfólio: Captur, Duster e Koleos. Outra novidade será o pequeno hatch Kwid, a ser apresentado no Salão do Automóvel em São Paulo, novembro, substituindo o Clio.
Primeiro – Dentre novas marcas de picapes médias no Mercosul, Renault arrancou primeiro: mostrou Alaskan na Colômbia. Será produzida na fábrica Renault em Córdoba, Argentina – de onde, há 60 anos, saíam picapes Willys.
Setorial – Argentina firma-se como produtora de picapes. Hoje Toyota Hilux, Ford Ranger e VW Amarok. Fará, como a Coluna também antecipou, base comum para picapes Renault Alaskan e Nissan NP 300 Navara (Frontier) na fábrica de Córdoba. E estenderá o fornecimento à Mercedes-Benz no modelo GLT, além de Peugeot.
Vem mesmo – Presidente da holding PSA, Carlos Gomes, confirmou picape Peugeot para 1 tonelada no Mercosul. Frédéric Chapuis, diretor de veículos comerciais da marca, à frente do projeto. Local não anunciado.
Mais – VW Amarok ganhará motor V6, 3,0 litros, diesel. Vendas em 2017.
Questão – Argentinos dizem, seu presidente Maurício Macri ouvirá dia 5, na matriz VW na Alemanha, durante visita, investimentos para novo produto na fábrica onde hoje fazem Amarok e Spacefox – lá dita Suran. Porta-voz de David Powels, presidente da VW América Latina, desconhece.
Parou – Chinesa Chery parou linha de produção em Jacareí, SP, até novembro. Muito estoque, poucas vendas. Dará férias coletivas, licença remunerada e lay-off – inatividade com pagamento reduzido. Processo produtivo interrompido não impedirá lançamento do novo QQ nacional em julho. Formou estoque.
Por cima – Ford aplicou motor de três cilindros, 1,0 litro, à versão Titanium, topo do Fiesta. Pico da tecnologia para a cilindrada: turbo, injeção direta, duplo comando variável, pressão variável pela bomba de óleo, dois sistemas de refrigeração e resfriamento dos pistões por jato de óleo.
Mais – Faz 125 cv, torque de 17,3 m.kgf e, diz a Ford, o mais econômico do país. Transmissão é a polêmica automatizada antes chamada Powershift. Lançamento não é fato isolado, opção e evento na linha Fiesta, mas integra processo de recuperação de vendas, com mudança de gestão interna – gerente comercial de caminhões venderá automóveis e vice-versa. Versão custa R$ 72 mil.
Charme – Mercedes incluiu o modelo nacional Classe C dentre os vendáveis a pessoas com deficiência. Com direito a isenção de IPI custará R$ 134.144.
Curiosidade – Na lista, o GLA, iniciando produção paulistana. Primeiros a dirigi-lo não foram jornalistas especializados, mas motoristas com deficiência. A público será apresentado em julho.
Clima – José Luiz Gandini, presidente da Kia e da Abeifa, associação dos importadores de veículos, crendo em novos ventos econômicos perlustrou sofás em Brasília. Argumenta, cota de 4.800 ao ano isenta dos 30 pontos percentuais sobre o IPI de veículos importados, é irreal no país e no setor.
Elegância – Sugere cota seja a média das importações dos 3 últimos anos pré-imposição dos 30% sobre imposto. Não toca no assunto de os ex-ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel e Mauro Borges, condutores da legislação, serem indiciados em processos sobre facilidades legais. Ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, ouviu com interesse.
Acordo – Brasil e Argentina renovaram acordo automotivo até 2020. Regras tortas mantidas para a isenção alfandegária: cada US$ 1 exportado ao Brasil, a Argentina poderá importar US$ 1,5 em produtos brasileiros.
Subestabelecimento – A partir do dia 8, Resolução do Contran torna obrigatório uso de farol baixo durante o dia, em estradas, como item sinalizador de presença. Obrigou, mas não explicou. Vários carros novos têm luz diurna com lâmpadas led. Moral da história, concederam aos policiais rodoviários o poder de exegese, a interpretação legal: tais luzes e sua específica e mundial função substituem os faróis ou geram multa?
Gente – Lulla Gancia, 92, elegante, passou. Melhor qualificação para a senhora ativa, fina por origem e educação, mulher do Piero Gancia (1922-2010), piloto e representante da marca Alfa Romeo, renovador do automobilismo brasileiro. Lulla foi a responsável pela alteração positiva do Kartódromo de Interlagos; correu com seu motorista na 1.000 Quilômetros de Brasília em 1966, 5º. lugar na geral – brilhou na apresentação do protótipo Simca Ventania junto com a atriz Normal Bengell, autódromo do Rio. / Vladimir Mello, comunicólogo, gerente de relacionamento da BMW no Brasil, promoção. Entra na folha de pagamento da matriz. Do México assistirá instalação de fábrica, e comandará área no Caribe e América Latina. Frisson no segmento: bom emprego procura titular.
Coluna anteriorA coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars