Alterações no Fluence, bom exemplo de sedã médio, miram
os líderes do segmento Toyota Corolla e Honda Civic
Inequivocamente um bom automóvel médio. Soma competências: projeto coreano, motor de 2,0 litros japonês Nissan, câmbio CVT — de polias variáveis — Jatco, agrupado na Argentina, vendido no Brasil. Coisas da globalização: a Renault comprou a Samsung de automóveis, aliou-se à Nissan, usa do talento local para modificar a frente do veículo com a nova assinatura da marca, para iniciar segundo ciclo do produto, ora em meia idade.
A mudança, carimbando o rótulo de Novo, é para assumir superior postura mercadológica, sem comparar-se com Peugeot 408, Citroën C4 Lounge, Ford Focus, Chevrolet Cruze, disputando os mesmos clientes. Agora mira nos líderes do segmento, Toyota Corolla e Honda Civic. Muito entusiasmo. Para fazer o Fluence competir com tais nipônicos, deve multiplicar por 10 as atuais 400 unidades mensais.
Enfeixou medidas para contrapor argumentos para afinar o foco: qualidade, sinônimo de resistência, traduzindo confiabilidade, gerando conceito e valor de revenda. Isto a Renault vem plantando como projeto de vida e de futuro, e no Brasil é mensurável em Logan, Sandero, Duster, gerando clientela fiel e liquidez à hora da venda. São conceitos de mercado pobre, onde o automóvel não é visto como bem de consumo durável porém desgastável, mas investimento.
Diz Bruno Hohmann, diretor comercial, para minguar o queixume sobre queda de valor de revenda na comparação com os japoneses, na troca do Fluence anterior pelo modelo novo a Renault bancará a diferença do percentual de preços indicados na tabela FIPE. Outro ponto importante é do tipo mais por menos: seus conteúdos não há nos nipônicos na mesma faixa de preços.
Como é
É o conhecido Fluence, agora modificado na parte frontal, com os novos traços da assinatura da marca. Retocou positivamente o interior, manteve a transmissão CVT, câmbio automático sem consumir energia do motor para tocar as rodas. No exterior, algumas licenças poéticas como a cor preta que se torna violeta berinjela, mas na verdade é esta que se transforma naquela.
Mantém intocadas as características de rolagem, a compatibilidade de motor/câmbio, suspensão/direção/freios. O motor Nissan com mágicas de usinagem, ágil e girador — o grupo motopropulsor é o utilizado no Nissan Sentra. Anunciado como gerador de 143 cv e 20,3 m.kgf de torque e 140 cv e 19 m.kgf, respectivamente com álcool e gasálcool. Bom isolamento termo acústico. Usuários se sentem bem acolhidos e com os sentidos de tato, visual, audição confortáveis.
Inclui pacote de confortos de som, tela com 7 pol, funções operadas por toque, o atestado de modernidade do momento, a desnecessidade da chave para ligar e desligar e, no caso, ainda oferece um plus: com a chave no bolso, quando o motorista se afasta e interrompe o sinal, o automóvel se tranca. E amplo pacote de eletrônica de segurança diferenciando-se dos focados concorrentes. Inicialmente apenas versões Dynamique, Dynamique Plus e Privilége. Preços de R$ 66.890 a R$ 82.990.
Mono, inglês, racional, sob medida
Tens sob o terno o animus competitio, o vírus da velocidade, és dos prazeres solitários? Chegou seu carro, o Mono, pela inglesa BAC.
Pelo menos é o imaginado pelo publicitário paulista Alexandre Gama, importador de uma unidade óbvia e publicitariamente estacionada durante o GP de Fórmula 1 para medir interesse e possível clientela. Calça o esforço de apresentação com distribuição de noticiário.
A mágica do automóvel com rendimento por motor pequeno é coisa antiga. Vem da fórmula criada pelos franceses nos anos 20, aviada pela inglesa Morris Garage em seus modelos T no pré-guerra, viabilizada pelo britânico Colin Chapman em seu Lotus 7 nos anos 60. Coisa milenarmente conhecida: quanto menor o peso carregado por um cavalo, mais longe e rápido irá. Em engenheirês é a relação peso x potência e nela quanto menor, mais rendimento.
Engenheiros, os irmãos Neill e Ian Briggs somaram experiências na Ford, Mercedes-Benz e Porsche, criaram sua empresa, a Briggs Automotive Company, construíram um carro de Fórmula 3. Depois resolveram ampliar a aplicação do produto: em vez de circuitos, ruas e estradas. Nelson Piquet, pai, na edição 2002 da 1.000 km de Brasília fez coisa assemelhada: transformou um monoposto Dallara de Fórmula 3 em carro de corridas aplicando-lhe para-lamas e faróis.
A morfologia do fórmula exige e concede peculiaridades. Primeira, ser sob medida. Nele o banco é personalizado, medido e moldado em função da arquitetura do piloto — altura, cintura, tamanho de pernas e braços. Feito, é fixado, sem conceder regulagens. No Mono — o nome sintetiza a origem de monoposto e o fato de transportar apenas uma pessoa —, carro de corridas com roupagem tentativamente extrapista, carroceria em fibra de carbono feita em torno do usuário, e a medida do charme da exclusividade inclui o cockpit, o banco, volante e regulagem nos pedais.
Há uma célula de segurança na treliça tubular em aço, com reforços laterais. Permite, para andar nas ruas e estradas, personalizada calibragem da suspensão e escolha de rodas, pneus e freios. O volante contém todas as funções para condução, incluindo acionamento dos faróis e ao centro, uma tela conta do motor e do desempenho.
Com apenas 540 kg, o motor Ford Duratec de 2,3 litros desenvolvido pela Cosworth faz 284 cv a 7.700 rpm, torque de aproximados 28 m.kgf a 6.000 rpm, e o escalonamento das seis marchas no cambio sequencial exibem ser pró-performance. Para bom rendimento do motor, radiador em fibra de carbono e sistema de exaustão em aço inox e titânio. Na prática acelera de 0 a 100 km/h em asfixiantes 2,8 segundos e crava 274 km/h em velocidade final.
Para vitoriar em sua pretensão o importador enfrentará alguns óbices, como para licenciá-lo serem exigidos para-brisas e limpador, inexistentes no veículo; para circular, difícil imaginá-lo com altura livre do solo para não ancorar nos irregulares quebra-molas brasileiros. Não há informação sobre as bolsas infláveis e o ABS.
Outro item, custa, na Inglaterra, 100 mil libras, uns R$ 350 mil. Para chegar aqui seu preço arranharia o R$ 1 milhão.
Roda a Roda
Paralelo – Ao lado do início da montagem do Mitsubishi Lancer em Catalão, GO, marca iniciou distribuir a versão Evolution X 2015. É personalizado em acertos para o Brasil pelo preparador inglês James Easton, ex-diretor da Rallyart quando o Evolution foi tetracampeão mundial de rali.
Aplicação – O Evolution X é sedã construído sobre plataforma dos carros de rali, motor 2,0-litros turbo com 340 cv e 37,3 m.kgf de torque, câmbio de dupla embreagem, seis marchas, tração integral e volumoso pacote de tecnologia voltada à segurança. Carro e preço de homem: R$ 219.900.
De ré – Nissan importou antigo ferramental do México para produzir o March substituído. Quer ter produto barato no mercado de entrada, veículo de frotas e serviços.
Como – Chama-o Active, motor de 1,0 litro, 74 cv, e não é acintosamente pelado como costumam ser os do primeiro degrau da tabela. Há mimos como direção elétrica, ar-condicionado, vidros dianteiros elétricos um-toque, banco regulável em altura para o motorista. Fora, maçanetas e retrovisores pintados na cor do carro. Custa R$ 30.990. Próximo degrau, quase 10% acima.
Conjuntura – Itaipu Binacional iniciou montar 32 unidades do compacto Renault Twizy, obviamente 100% elétrico. Exercício não é apenas o simplório agregar partes, mas identificar autopeças nacionais existentes e aplicáveis. É segunda fase da operação, iniciada com Fiat Palio Weekend a gasolina. No caso, o Twizy, elétrico desde o projeto, facilita o processo. Uso institucional, dentro da usina. Novidades avultam com novo governo.
Fim – Acabou o Citroën C4 hatch, e a marca não produzirá tal versão sobre a plataforma do C4 Lounge.
Atração – Bridgestone oferece desconto na compra de pneus novos para automóveis ou camionetes a quem entrega os usados como parte do pagamento. Recebe-os a R$ 35 os de aro 15 pol; R$ 50 os 16 pol. Em aro de 17 e 18 pol, R$ 70 e R$ 75. Até o fim do ano.
Escola – Castrol criou o site Escola de Proteção, canal com conselhos e dicas sobre manutenção e proteção de automóveis e motores. Coisas cotidianas, informações com base técnica e parte para testar e ensinar os interessados.
Caminho – Em Belo Horizonte BMW reinaugurou loja do grupo Euroville, após reformulação: boutique com itens ligados a automóvel, acessórios e equipamentos para BMW automóveis e motos e marca Mini. Na oficina, em endereço próximo, sinal dos tempos: 14 boxes para serviços em automóveis a gasolina ou flexíveis e dois para BMW elétricos e híbridos.
Duas Rodas – No Expo Renault Barigui, em Curitiba, PR, dentro do parque com o mesmo nome, exposição de motos novas, antigas, peças, acessórios, serviços, o Brasil Motorcycle Show. Entre os dias 21 e 23. Oficina de customização Phoenix apoia.
Tecnologia – Carros da Mercedes na Fórmula 1 foram pintados com tintas criadas pela AkzoNobel, e resultados geraram contrato para estender aos automóveis da marca. Tintas não têm VOC, componentes orgânicos voláteis, não agridem o meio ambiente; agilizam o processo de pintura secando na metade do tempo; reduzem o peso do carro. Na Fórmula 1 baixaram em 1 kg. Na prática ganho de 1/10 de segundo/volta.
Futuro – Ferraris no GP de Interlagos utilizaram novo óleo Shell, o Helix Ultra Pure Plus. Novidadoso, não é feito a partir do petróleo bruto, mas do gás natural, sem eventuais impurezas contidas no óleo. Diz a Shell, garante melhores limpeza e proteção do motor.
Na rua – 40 anos de pesquisa, e é o caminho para o futuro. O óleo básico é produzido pela Pearl GTL, joint-venture entre a Shell e a Qatar Petroleum. A BMW ajustou com a Shell ser o lubrificante oficial da marca.
O símbolo do automóvel
Ideias, projetos, tentativas esparsas para fazer um veículo autopropelido marcaram o final dos anos 1.800. Soprava um vento progressista, e inventores diversos, sem se conhecer, traduziam suas ideias em porcas e parafusos. Entretanto, quem deu forma e função ao negócio foi Carl Benz, engenheiro alemão, inventor e construtor de motores estacionários movidos por gás.
Benz construiu engenho monocilíndrico, com bloco e cabeçote em ferro, aplicou-o sobre a modificada estrutura de charrete — à frente trocou os varais onde se prendia o cavalo por uma roda central. O motor, de quatro tempos — empregava válvulas em seu ciclo operacional —, deslocava 954 cm³ e produzia 2/3 de cavalo de força. Não tinha caixa de marchas, e a ligação entre o motor e rodas traseiras era por polia e cinta de couro. No total, a charrete e motor pesavam 300 kg. Mais dois ocupantes, na prática significava colocar um motor atual de 1,0 litro para deslocar um ônibus!
Sequer havia um nome para definir a invenção, e as autoridades da Alemanha, ao emitir o certificado de propriedade industrial aos 29 de janeiro de 1886, chamaram-no Patent Motor Wagen — veículo patenteado a motor.
Divulgação, prova de confiabilidade, resistência e facilidade de manutenção foram feitos por sua mulher, Bertha, e dois filhos Eugen, 15 e Richard, 13. Viajaram mais de 100 km, cruzaram a Floresta Negra em viagem de Manheim, onde moravam, a Pforzeim, a 120 km de distância. Aventura serviu de teste; permitiu melhorar a refrigeração. Pequenos inconvenientes sanados por Bertha; um sapateiro num dos burgos do caminho trocou o elemento frenante; e Lidoin, produto de limpeza usado como combustível, teve nome mudado para Benzina. E mostrou não ser uma tralha ensandecida, mas um transporte perfeitamente conduzível por uma senhora.
É o símbolo do automóvel e, para saudá-lo, a hoje Mercedes-Benz volta e meia o reproduz em contadas unidades. Na foto, edição recente do mineiro Rigotto Gouveia.
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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars