Versão com tração integral entrega o que promete, com interior espaçoso e boa estabilidade para terrenos irregulares
O Renault Duster chegou tarde às vendas no segmento aberto pelo Ford Ecosport. Mas se demorou, não perdeu: logo disputou a liderança no setor. Fórmula adotada pela Renault para fazer este utilitário esporte incluiu alterar a plataforma do Logan, muito reforçada, coisa de projeto antigo para país jogo duro em estradas e assistência, como a Romênia, onde se originou. É resistente e sem intimidades com mecânicos, como seus irmãos Logan e Sandero. Não sei por que os taxistas não o adotam, maioria submetendo os clientes a carros subdimensionados ao serviço.
Estética vende a imagem de volume e altura, demandada pelos compradores destes veículos. Opções de motor 1,6-litro nacional e 2,0-litros importado. O automóvel motivador deste texto é versão superior, com o 2,0-litros de 143/148 cv, até 20,9 m.kgf de torque, tração nas quatro rodas e câmbio manual com seis marchas — não há 4×4 automático.
Por partes
Bem arrumado, bem finalizado. Bancos revestidos em elegante combinação de couros, laterais em material sintético. Motorista se ajeita bem aos comandos, boas regulagens de banco e da posição do volante. Espaçoso, recebe com conforto os passageiros do banco posterior e o porta-malas as abriga em quantidade de viagem. Tem 4,39 metros de comprimento total e 2,67 m de entre-eixos. Tela com GPS, computador de bordo.
Agradável em uso — se o usuário souber utilizá-lo. Tem peculiaridade construtiva, dimensionada a eventual necessidade da tração total em situações de difícil superação, coisa rara, relação de marchas especial. Assim, a primeira marcha é muito reduzida. A consequência disto no dia a dia é dispensar seu uso para arrancadas no plano: sai-se em segunda e toca-se a vida. Quinta e sexta são multiplicadas, para manter rotações e consumo baixos.
Estável apesar da altura livre do solo de 21 cm, para as estradas de terra e cascalho, permite condução rápida e segura, dependendo da qualidade da mão de obra a conduzi-lo. Girando o botão de comando da tração para Auto ou 4×4, este sistema e as suspensões independentes se acumpliciam à segurança do condutor apressado.
Automóveis evoluem, motoristas não. Grande maioria das pessoas sequer sabe o que e o para que quando compra um veículo novo — Mitsubishi dá curso para quem compra seus 4×4 e não tem noção de utilidade, como em nota abaixo. Alguns leem o mandatório Manual de Proprietário, outros guardam no porta-luvas e conduzem os veículos como se fossem todos iguais.
Ao devolver o automóvel na revenda Premier, proprietário de unidade idêntica comentou sobre a instabilidade nas estradas sem pavimentação. Perguntei qual a pressão utilizada nos pneus — não tinha ideia nem tinha verificado —, se selecionava a tração total para andar fora do asfalto. Candidamente afirmou ser o 4×4 apenas para vencer trechos com lama. Não há engenharia que resista ao operador sem conhecimento. O manual deve ser consultado.
Consumo surpreendente, entre 10 e 11 km com um litro de gasálcool e entre 8 e 9 km/l com álcool, com variações de cidade e estrada. Carro elevado, massudo, arrastando toda a tralha mecânica rotativa e abrasiva da tração no eixo traseiro, deveria consumir mais. Em cidades incivilizadas — foi usado em Brasília, DF — com certeza será muito maior. Para auxiliar o motorista há a função que sinaliza no painel a hora de trocar de marcha de acordo com a percepção dos sensores quanto à velocidade, inclinação, condições externas.
Melhoras
Não gosto da estética traseira, mas este é assunto de comprador. Entendo que deveria haver alguma instrução no manual sobre a desnecessidade de arrancar na primeira marcha e, pelo preço do conjunto, sugeridos R$ 77.600, deveria contar com freios a disco também no eixo traseiro e incluir câmera de ré e TV na tela onde opera o GPS. No mais, projeto honesto, entrega o prometido.
Roda a Roda
Tecnologia – No Salão de Frankfurt, referência europeia bienal, Audi não se resumirá a produtos, como o previsto novo R8 com motor V6 de 2,9 litros, dois turbocompressores e 450 cv. Menor, mais leve e mais potente ante o anterior V8 4,2-litros de 420 cv.
Luz – Sensação serão as luzes Matrix Oled. Audi requer a si a liderança em tecnologia em luzes automotivas, tendo desenvolvido a oled nos últimos anos. Sigla em inglês indica diodos orgânicos emissores de luz, dois eletrodos e inúmeras camadas finas de semicondutores orgânicos, e cor é gerada pela composição molecular da fonte de luz.
Criatividade – Comparativamente aos leds, são fontes de luz plana, em novo nível de homogeneidade, sem sombra e sem refletores. Nova tecnologia permitirá aos designers criar livremente. Segundo passo no setor, quando os faróis deixaram de ser redondos ou retangulares e permitiram livre criação.
Expansão – Jaguar Land Rover assinou carta de intenção com o governo da Eslováquia para construir fábrica. Inauguração em 2018 e produção de 300 mil unidades/ano em 2025. Motivação tarifária/comercial: no centro europeu apenas a Eslováquia integra a Zona do Euro. Ideia inicial é fomentar o uso de alumínio. Ou seja, novos produtos sobre a plataforma do XE.
Companhia – Não é decisão solitária. Grupo Volkswagen lá faz Touaregs e Audi Q7; Kia já fez mais de 300 mil veículos, e ano passado, Peugeot-Citroën 255 mil.
Trilha – JLR, com base na Inglaterra, controlada pela indiana Tata, em expansão mundial. Terá pequena fábrica no Brasil em 2016; operação chinesa em outubro; e assinou contrato com a Magna Steyr para construir Jaguar e Land Rover na Áustria.
Surpresa – Pequena, a Suzuki preparou dois jipes Jimny para o Rally dos Sertões, um dos maiores desafios fora de estrada. Melhorou a suspensão com barras reguláveis e barras estabilizadoras mais espessas, freios a disco nas quatro rodas, mantendo o pequeno motor 1,3-litro de 89 cv. Chegou em 5º. na categoria Super Production e 16º entre os 40 competidores.
Versão – O ganho de desempenho por tecnologia brasileira mudou muito o comportamento dos jipinhos, sentido entre veículos três vezes mais potentes. Fará versão com tal evolução, disse à Coluna Luis Rosenfeld, seu presidente.
Mais um – BMW X3 iniciou ser montado em versões pela fábrica da BMW em Araquari, SC. É o quarto, seguindo Séries 1 e 3 e X1. Até o final do ano, Mini Countryman. Rico em eletrônica, motores 2,0-litros turbo de quatro cilindros, tração nas quatro rodas e caixa automática de oito marchas. Topo de linha, XDrive 35i, é o único seis-cilindros em ciclo Otto em veículo de passeio na atual quadra de nossa indústria. Preços entre R$ 211.400 e R$ 290.450. Os X3 representam 5% das vendas da marca bávara no país.
Tapa – Convivência com peculiaridades nacionais instaram a chinesa Lifan a atualizar seu produto mais vendido, o utilitário esporte X60. Nada de motor maior, tração nas quatro rodas ou caixa automática, mas visual: nova grade, rodas com aro de 18 pol, molduras dos para-lamas e lanternas traseiras. Preços atrativos: R$ 60 mil e R$ 64 mil. O X60 é montado no Uruguai.
Mais – Outros acertos, mudança na relação da primeira marcha, agora mais curta para melhor trabalho do motor 1,8-litro de 128 cv; retoques no revestimento em plástico imitando couro; central multimídia Navtech com GPS.
Pacto – Busca pelo pacto de apoio entre governo, parlamento, entidades sociais, pode dar sobrevida ao governo da Presidente, mas é mais do mesmo. Mantêm-se os agentes, os métodos de acertos e compensações. Não servem ao país, nem a nós pagadores de impostos.
Opção – Circula a possibilidade do ex-presidente Lula ser indicado ministro. Erro básico de administração: não se contrata quem não pode ser demitido.
Estável – Decisão da Mitsubishi em fechar fábrica nos EUA, focando investimentos industriais no Oriente, não afeta operação da MMC Automotores, representante da marca no Brasil.
A voz – Eduardo Souza Ramos, acionista e presidente do Conselho, informou à Coluna nada mudar. Razão básica, todos os investimentos de implantação e expansão de fábrica no Brasil não têm participação da Mitsubishi. Só da MMC.
Comparação – Com produtos bons, diferenciados, ricos em equipamentos, Peugeot criou sítio para compará-los aos da concorrência — preço, motorização, transmissão, equipamentos. Está em http://carros.peugeot.com.br/comparativo-208/.
Exagero – Cummins South America expôs na 12ª. Navalshore, no Rio de Janeiro, novo motor diesel elétrico, o QSK 95. Produz 4.000 cv a 1.800 rpm, variáveis por gestão eletrônica, reduzindo consumo em até 15%. No ambiente de downsizing, acomoda 16 cilindros deslocando 95.000 cm³ em 3,65 m de comprimento, 1,73 de largura e 2,46 de altura. Pesa 13 toneladas. Quem gosta de motorzinho é dentista.
Para entender – Presidentes de sindicatos dos transportadores de veículos fizeram périplo por gabinetes em Brasília. Saber por que nos últimos dias entre 500 e 1.000 caminhões-cegonhas foram multados ou apreendidos.
Razões – Curiosas interpretações legais pelos policiais rodoviários: retirar lanternas originais; deter veículo por carroceria estar abaixo do teto máximo permitido; considerar peso bruto dos veículos transportados para indicar excesso de lotação dos caminhões.
Dúvidas – É esforço arrecadador do governo federal, ou pressão da Polícia Rodoviária em movimento grevista?
Situação – Cegonheiros, como chamados, são bons pagadores de multas. Não discutem porque as entregas devem ser feitas em prazo, sob pena de multas pesadas junto às fábricas para as quais transportam os carros 0-km.
Esforço – Dirigentes da Abeifa, a associação dos importadores de veículos, conseguiram ser recebidos pelo Ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Exibiram números da queda de vendas e participação no mercado, e pediram dobrar a cota isenta do sobrepreço de 30% no IPI, aplicada aos veículos importados. Importação cobra 35% de imposto.
Esperança – Ministro Armando Monteiro é do ramo, ao contrário do anterior, e sabe como a concorrência com o produto importado pode melhorar produto local e aumentar produtividade e competitividade. Atualmente apenas 4.800 unidades anuais podem ser importadas sem o adicional no IPI.
Boa notícia – Pelo segundo mês seguido, vendas de veículos leves continuam ascendentes no Pará. Em julho, 14.390 unidades, 6,3% superior a idêntico período em 2014, e quase 25% acima dos 7% da média nacional. Cresceram em todos os segmentos, de motos a ônibus. Fiat, VW e GM lideram.
Idem – Em Brasília ascenderam mais, 7,1%. Magali Rossin, diretora do Sincodiv, sindicato dos revendedores, é otimista: prevê fechar 2015 com o mesmo número de vendas de 2014.
Usufruto – Constatando enorme percentual dos seus clientes sem ideia das capacidades ou do utilizar equipamentos pelos quais pagou, Mitsubishi construiu pista de 4×4 no autódromo Velo Cittá, em Mogi Guaçu, SP.
Prática – Dará curso, o Mitsubishi 4×4 Experience, para ensinar forma correta de conduzir a valentia de seu veículo. Instrutores do exitoso Mitsubishi Motorsports, aulas teóricas e práticas, tudo num dia apenas, a R$ 600. Sem 4×4 podem se exercitar, alugando no local. Mais: www.mitdriveclub.com.br.
Avihonda – Honda, pelo representante Líder Aviação, começou a tirar pedidos para seu pequeno jato executivo, o Honda Jet. Dito o mais avançado, mais rápido, maior altitude, mais silêncio, mais econômico, custa US$ 4,5 milhões. Honda quer revolucionar no ar como o fez na terra.
Gente – Mariana Romero, 32, comunicóloga, volta. Foi número 2 na área na BMW, agora é a primeira na recém-instalada Porsche.
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A coluna expressa as opiniões do colunista e não as do Best Cars