O utilitário esporte da linha Toyota Hilux mantém o
legado de boa reputação e liquidez de mercado da picape
Texto: Luiz Fernando Wernz – Fotos: divulgação
Quando o Toyota Hilux SW4 desembarcou em nosso mercado, à época da abertura das importações no começo dos anos 90, o conceito dos utilitários esporte ainda era uma novidade. Até alguns anos antes, o segmento era mal representado por versões fora de série das grandes picapes nacionais, em geral com carrocerias feitas de plástico e fibra de vidro. Essas adaptações, em comum com os importados, tinham o alto preço e a oferta de espaço interno farto com relativo conforto, ainda que aproveitando várias peças e elementos de carros de passeio.
Vinte anos depois, os utilitários esporte continuam a ser símbolos de status e passam a seus proprietários uma relativa sensação de segurança pelas dimensões generosas e a posição de dirigir elevada. Mais do que nunca, o segmento está disposto a servir todo tipo de consumidor, oferecendo desde opções de baixo custo relativo, como o Renault Duster, até opções superpotentes (e caríssimas) como o Porsche Cayenne.
A despeito do tempo e do aquecimento do mercado, o Hilux SW4 mantém-se como uma das opções preferidas dos consumidores naquela parcela do segmento definida como o do utilitário esporte tradicional, sem parentesco mecânico com automóveis. Evoluído, o SW4 tem um público fiel e, neste Guia de Compra, é feita a avaliação da última geração do modelo.
O modelo inicial da atual geração do SW4 estreava em 2005 com versão única
SR-V e motor turbodiesel de 3,0 litros, o mesmo da picape Hilux mais luxuosa
Ela começou a ser importada da Argentina em abril de 2005, em versão única denominada SR-V, com motor a diesel de quatro cilindros e 3,0 litros com turbocompressor de geometria variável, injeção eletrônica de duto único, duplo comando e quatro válvulas por cilindro, que produzia potência de 163 cv. Uma novidade em relação à picape Hilux era a tração integral permanente com diferencial central Torsen, que trabalhava com diferentes repartições de torque entre os eixos, conforme as condições de uso. Em linha reta e piso aderente, como asfalto, a divisão era de 40% às rodas dianteiras e 60% às traseiras, mas podia chegar a 29:71, em uma curva sob aceleração, ou se reverter a 58:42, ao desacelerar também em curva, de forma automática.
A alavanca no console trazia o modo HL, ou high/lock (alta/bloqueio), em que o diferencial central era travado e o sistema trabalhava como a tração temporária, com 50% de torque por eixo, sendo essa posição restrita a pisos de baixa aderência. Se necessário, para obter maior força em baixa velocidade, podia-se passar ao modo LL, ou low/lock (baixa/bloqueio), que acionava a reduzida e mantinha o diferencial inativo.
O SW4 contava com painel em dois tons, surpreendendo pelo bege aplicado à parte inferior e a todo o resto da forração interna, solução agradável e que saía da mesmice do preto ou cinza
O modelo vinha equipado com direção assistida, ar-condicionado com controle automático de temperatura, vidros, travas e espelhos elétricos, bolsas infláveis frontais, freios com sistema antitravamento (ABS), computador de bordo, sistema de áudio (com disqueteira para seis CDs, função MP3 e toca-fitas), volante e banco do motorista com ajuste de altura, faróis de neblina (sem a luz traseira de mesmo fim) e imobilizador antifurto. Os opcionais eram câmbio automático (que agregava controlador de velocidade) e bancos revestidos em couro. Além desses, era possível aplicar acessórios nas concessionárias como bagageiro de teto e engate traseiro desmontável.
Por dentro o SW4 contava com painel em dois tons, surpreendendo pelo bege aplicado à parte inferior e a todo o resto da forração interna, incluindo cintos de segurança e alavanca do freio de estacionamento, por exemplo. Uma solução agradável e que saía da mesmice do preto ou cinza dos principais concorrentes. Os instrumentos do painel exibiam iluminação permanente com o contato acionado, sistema batizado pela Toyota de Optitron.
Revestimentos e plásticos em bege, painel com iluminação Optitron e mais itens de
conveniência distinguiam o SW4 da picape; a tração integral tinha três posições
O computador de bordo agregava informações de uso fora de estrada, como a bússola, além das habituais desse equipamento. O banco traseiro bipartido (60/40) tinha reclinação independente dos encostos, boa solução para os passageiros relaxarem em viagens. O compartimento de bagagem acomodava bons 900 litros quando carregado até o teto, podendo chegar a 1.730 com o rebatimento do banco.
Apesar do preço — era vendido à época por volta de R$ 160 mil —, a qualidade do material empregado no painel e nos acabamentos internos era apenas razoável e não pareceu haver esforço por parte da marca em fazer os apliques de plástico no painel, que imitavam madeira, realmente parecer ser de madeira. Por outro lado, a qualidade de montagem do interior era muito boa. No teto ficavam localizadas as saídas de ar-condicionado para a segunda e a terceira fileiras de bancos (da linha 2009 em diante).
Em novembro de 2007, a única novidade aplicada ao SW4 foi o diferencial traseiro autobloqueante, recurso muito bem-vindo no uso fora de estrada. A linha 2009, lançada em novembro de 2008, marcou a primeira mudança significativa no visual do modelo. A grade dianteira era nova, acompanhando a linha dos faróis, mais estreitos e longos, e a capacidade passou a sete lugares com um banco adicional no porta-malas. A traseira mudou pouco, tendo alteradas apenas as lanternas. Foi também nesse período que surgiu a opção do motor a gasolina de 2,7 litros, quatro cilindros e 16 válvulas com 158 cv. De concepção moderna, trazia bloco e cabeçote em alumínio, duplo comando, variação do tempo de abertura das válvulas e duas árvores de balanceamento.
Na linha 2009, a primeira reforma visual e motores de 2,7 e 4,0 litros a gasolina
Mas a maior novidade mecânica ficou para março de 2009. O SW4 passava a ser oferecido com o motor V6 de 4,0 litros e 24 válvulas a gasolina, que produzia 238 cv. Desde 2003, quando o SW4 da antiga geração deixou de ser importado, não havia em nosso mercado a oferta do modelo com motor V6. Muito suave e silencioso, sua presença podia ser identificada pela ausência da entrada de ar no capô, além do logotipo na grade dianteira.
Em novembro de 2010, lançada a linha 2011 do SW4, não houve novidade a não ser pela interrupção da oferta do motor 2,7 a gasolina. Um ano depois era lançada a linha 2012 do utilitário, exibindo a segunda reestilização dessa geração, mais efetiva. Toda a parte frontal foi redesenhada, com faróis mais volumosos e curioso deslocamento do refletor elipsoidal, o que conferia um aspecto algo “estrábico”. A grade assumiu desenho mais sisudo e os para-choques eram novos, assim como capô, retrovisores, rodas e lanternas traseiras. Voltou a ser oferecida a opção de apenas cinco lugares.
Próxima parte |