Pesquisa aponta satisfação com desempenho, consumo e conforto; acabamento e ruídos merecem as maiores críticas
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Nas décadas de 1980 e 1990, com Monza e Vectra, ninguém superava a General Motors no segmento de sedãs médios. Então vieram novas gerações de Toyota Corolla e Honda Civic, que tiraram a liderança da Chevrolet e não devolveram mais — apesar dos bons atributos do Cruze, que tem representado a marca na categoria desde 2011.
Neste Guia de Compra analisamos a opinião dos proprietários de Cruze sedã e hatch (chamado de Sport6) da segunda geração, lançada em 2017, conforme relatos enviados ao Teste do Leitor. Além do desenho todo novo, esse Cruze trouxe a novidade do motor turbo de 1,4 litro com injeção direta e até 153 cv, em lugar do aspirado de 1,8 litro com injeção indireta e 144 cv, tanto na versão mais simples LT quanto na superior LTZ. Ambas vinham com transmissão automática de seis marchas sem opção por manual. O hatch Sport6 era acrescentado à linha no mesmo ano.
Pouco foi alterado no Cruze nos primeiros dois anos: ele ganhou apenas a edição especial Black Bow Tie na linha 2019, derivada da versão LT e com acabamentos escurecidos. Com o modelo 2020 (que ainda não teve opiniões na pesquisa) vinham novo visual dianteiro, a versão de topo Premier e recursos como frenagem automática de emergência, com detecção de pedestres, e roteador de internet a bordo para distribuir a conexão de dados para até sete aparelhos. A versão LT também trazia mais equipamentos.
Todo Cruze da segunda geração vinha com central de áudio com ampla tela e motor turbo de até 153 cv; a versão LTZ (acima) usava acabamento em tom claro
Anda muito, bebe pouco
Quando questionados sobre as maiores qualidades do Cruze, os donos citam dois itens com a mesma frequência: desempenho e consumo de combustível, ambos apontados pelo expressivo percentual de 76% dos participantes da pesquisa — é raro um atributo ser citado por parcela tão grande. Também comuns são as citações ao estilo (62%) e ao conforto (48%). Os itens acabamento e espaço interno foram elogiados por 33% (cada), e estabilidade e itens de conveniência, por 29% (cada). Houve ainda menção à central de áudio ou ao sistema de assistência On Star por 24% dos donos.
Sebastião Costa Neto, de Brasília, DF, dono de um Cruze sedã LT 2018, destaca o “conforto, desempenho e economia na estrada. Viajei em férias com a família por 4.000 km. Na estrada você pisa um pouco e já ultrapassa até comboios de caminhões. Consumo médio estrada/cidade de 14,7 km/l. Conforto muito legal. Tenho 66 anos e cheguei inteirão!”.
Márcio Araújo de Almeida, de Santa Maria, RS, tem um Cruze Sport6 LTZ 2017 e adiciona: “Motor com bom torque em baixas rotações, deixando o carro sempre esperto na cidade e pronto para ultrapassagens na estrada. Estilo atraente com esportividade. Bom espaço interno, mesmo para ocupantes do banco traseiro. Vários itens de série como teto solar elétrico, retrovisores externos rebatíveis, multimídia de 8 pol com GPS. Carro com ótima dirigibilidade e estabilidade”.
O hatch Sport6 era lançado pouco depois com desenho esportivo e as mesmas versões; assistente de estacionamento era item opcional no LTZ
O que aparece como maior ponto negativo do médio da Chevrolet? Claramente o acabamento, criticado pela montagem e/ou os materiais por 29% dos proprietários na pesquisa. Outros três aspectos surgem com 14% cada: frente baixa e com facilidade de raspar em lombadas ou no meio-fio ao estacionar, a falta de alguns itens de conveniência e o sistema de parada/partida automática do motor, que não tem botão de desativação.
Na análise geral, 76% dos donos de Cruze sedã e hatch disseram-se muito satisfeitos com o carro, índice superior aos do Corolla anterior, Focus e Sentra
“O acabamento deixa muito a desejar para um carro de sua categoria. O painel não possui plásticos suaves. Alguns encaixes possuem frestas tão grandes que lembram populares antigos da marca. Senti falta de algumas conveniências presentes na concorrência. Impossibilidade de se desligar o start-stop. O motor desliga em momentos inconvenientes”, relata Mario Gibson Maia Pinto, de Fortaleza, CE, sobre o Cruze Sport6 LT 2017.
Para Afonso Amorim, que dirige um sedã LT 2018 em Recife, PE, “é preciso ter muito cuidado ao subir e descer rampas e passar em lombadas. Cuidado também ao estacionar, porque a frente pode raspar com facilidade. O banco do motorista também é muito baixo, limitando muito a visão da frente”.
Ao lado de novas lanternas e grade, o Cruze 2020 aparecia com versão Premier, frenagem autônoma de emergência e roteador de internet
Da mesma forma, a pesquisa não deixa dúvidas sobre o defeito mais frequente do Cruze: ruídos internos ou na guarnição das portas, apontados por nada menos que 48% dos donos. Outros problemas foram raros, como ruídos de suspensão e/ou direção (citados por 10%) ou falha em sensor de pressão dos pneus (5%).
Nelson Lima, de Lages, SC, tem um Cruze LT 2018 e critica o “barulho nas guarnições das portas. A GM deveria fornecer um kit de silicone, já que é indispensável. Uma vergonha se pagar R$ 100 mil e ter erros primários como esse. Barulhos internos, o que indica acabamento ruim. Peças de acabamento de péssima qualidade e montagem geral do carro duvidosa”.
Leandro Dalzochio, dono de um sedã LT 2019 em Farroupilha, RS, acrescenta: “Barulho interno simplesmente ridículo. Com 2.000 km o carro já apresentou barulho em todas as portas e no painel. Barulho na caixa de direção/suspensão dianteira. A autorizada disse que é um carro esportivo e isso é característica dele. Saí de um Golf TSI 2014 e, mesmo com quatro anos de uso e sendo um carro bem mais duro, nunca apresentou barulho do tipo. A impressão que tenho é que o painel do carro vá se desmanchar”.
O hatch acompanhou as mudanças para 2020; pouco depois o sedã LT (embaixo) recebia as mesmas alterações em um pacote mais simples
Na análise geral, 76% dos proprietários de Cruze sedã e hatch que opinaram no Teste do Leitor disseram-se muito satisfeitos com o carro. É um bom índice na categoria, inferior ao do Volkswagen Golf (84%) e ao do Jetta do modelo anterior (83%), mas superior aos do Corolla anterior (73%), do Ford Focus (69%) e do Nissan Sentra (62%).
Positiva foi a aprovação das concessionárias Chevrolet, que trouxeram muita satisfação a 81% dos donos. Foi por larga margem o melhor resultado entre os sedãs e hatches médios em nossas pesquisas, à frente de Corolla (59%), Sentra (48%), Golf (44%), Focus (27%) e Jetta (26%). Vale lembrar que os índices dos concorrentes, obtidos na fase anterior do Guia de Compra, podem não corresponder ao cenário atual.
Mais Guias de Compra
Satisfação com o carro
Muito satisfeitos | 76% |
Parcialmente satisfeitos | 14% |
Insatisfeitos | 10% |
Pesquisa com 21 donos |
Satisfação com a rede de concessionárias
Muito satisfeitos | 81% |
Parcialmente satisfeitos | 14% |
Insatisfeitos | 5% |
Não usam | 0 |
Pesquisa com 21 donos |
Teste do Leitor
• Leia as opiniões dos proprietários de Cruze sedã e Cruze hatch
Ficha técnica
Cruze LTZ sedã | |
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 74 x 81,3 mm |
Cilindrada | 1.399 cm³ |
Taxa de compressão | 10:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor e resfriador de ar |
Potência máxima (gas./álc.) | 150 cv a 5.600 rpm/ 153 cv a 5.200 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 24,0 m.kgf a 2.100 rpm/ 24,5 m.kgf a 2.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | automática, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 6 x 17 pol |
Pneus | 215/50 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,665 m |
Largura | 1,807 m |
Altura | 1,484 m |
Entre-eixos | 2,70 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 52 l |
Compartimento de bagagem | 440 l |
Peso em ordem de marcha | 1.321 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND |
Consumo em cidade | 11,1/7,6 km/l |
Consumo em rodovia | 14,2/9,9 km/l |
Dados do fabricante; ND = não disponível; consumo conforme padrões do Inmetro |