Donos elogiam o hatch por estilo, economia e soluções do interior, mas reclamam de barulhos e da transmissão
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: autor e divulgação
As marcas francesas estão no Brasil desde a década de 1990, mas ainda enfrentam preconceitos quanto a robustez, custo de manutenção e desvalorização. Serão esses fantasmas justificados? Um carro como o Peugeot 208 seria competitivo com os hatches pequenos consagrados em termos de satisfação dos donos? O Best Cars procurou essas respostas para um Guia de Compra. Você conhecerá um breve histórico do 208 e, em seguida, o que seus proprietários contam sobre ele.
O sucessor do 207 foi lançado no Brasil em 2013. Começou pela edição limitada Premier, bem-equipada, com motor de 1,6 litro e até 122 cv e transmissão manual. Logo depois apareciam as versões de linha: Active e Allure, com motor de 1,45 litro e até 93 cv, e Griffe, com o 1,6 e a opção de caixa automática de quatro marchas.
Toda a linha trazia quadro de instrumentos elevado, lido por cima do pequeno volante, e itens como ar-condicionado e cintos de três pontos para cinco ocupantes. O Allure vinha com sistema de áudio com tela de toque de 7 pol e teto envidraçado, enquanto o Griffe adicionava ar-condicionado de duas zonas, faróis automáticos e rodas de 16 pol. A versão Active Pack chegava logo depois com os itens da Allure, exceto o teto de vidro. No ano seguinte esse acabamento podia ser combinado ao motor 1,6 e à caixa automática.
Na linha 2017 o carro era renovado em aparência e o áudio ganhava integração a celular, de série em toda a linha. O motor 1,45 dava lugar ao de 1,2 litro, três cilindros e até 90 cv. O 1,6 podia vir com o acabamento Sport e, com exceção do Active, todo 208 tinha bolsas infláveis laterais. Os adeptos de alto desempenho ganhavam o 208 GT, com motor THP turbo de 1,6 litro e até 173 cv e caixa manual de seis marchas. Ele vinha com rodas de 17 pol, controle eletrônico de estabilidade e tração e freios a disco nas quatro rodas.
O desenho do 208 agradou, assim como o painel com instrumentos elevados e o pequeno volante; a versão de topo Griffe (acima) tinha teto envidraçado
Uma caixa automática de seis marchas era a maior novidade para 2018, ao lado de nova interface de áudio e fixação Isofix para cadeira infantil. O 208 teve mais duas edições especiais: a In Concert de 2017, com alto-falantes mais potentes e os dois motores, e a Urbantech da linha 2018, com rodas 17, motor 1,6 e a nova caixa automática.
Dos participantes, 81% estão muito satisfeitos com o 208, resultado similar ao de Onix/Prisma e superior aos de Etios, HB20, Logan/Sandero e Fox
Muitos elogios, poucos defeitos
Quais os pontos mais elogiados pelos donos de 208 na pesquisa Teste do Leitor? O estilo aparece em primeiro (60%), com três itens empatados em seguida: acabamento, consumo de combustível e posição de dirigir (45%). Na sequência estão o teto envidraçado (36%), o desempenho com qualquer dos motores, os itens de conveniência (33% cada) e o sistema de áudio (31%). Houve várias citações também a estabilidade, nível de ruído (29% cada), direção e espaço interno (21% cada).
Elder Walker, de Presidente Prudente, SP, dono de um 208 Griffe 1,6 2014, enumera: “Visual moderno e atraente, montagem do volante e painel revolucionário, acerto de suspensão mais firme, excelente estabilidade. Motor potente e econômico, vários itens de conforto e comodidade, belo teto panorâmico que dá uma sensação única. Espaço interno e porta-malas surpreendentes”. Diego da Cruz Louro, de Macaé, RJ, tem um 208 Allure 1,2 2017 e acrescenta: “Equipamentos de série perante a concorrência, estabilidade muito boa; na estrada a 100 km/h chego a 19,2 km/l”.
O econômico motor de 1,2 litro substituía o de 1,45 litro para 2017, quando a Peugeot alterava detalhes de aparência; nas fotos a versão Allure
Os engates da caixa manual são o aspecto mais criticado: 26% dos donos o lembraram. Depois temos o uso de chave na tampa do tanque de combustível (19%), a capacidade do ar-condicionado e o consumo dos motores de 1,45 e 1,6 litro (17% cada). Aparecem ainda na lista a caixa automática de quatro marchas, os pontos cegos de visibilidade e as faltas de controle elétrico de vidros traseiros (em algumas versões do primeiro ano) e de comando a distância para fechar vidros — cada item foi citado por 14% dos participantes.
“O câmbio não está à altura do conjunto. Pequenas indecisões e maior espaço entre as relações. Alguns comandos como o piloto automático são um tanto confusos”, menciona Claudio Alves Mendonça Forte, de São Paulo, SP, sobre seu Griffe 1,6 automático 2017. “Falta acionamento um-toque nos vidros dos passageiros. A iluminação interna é fraca. O encosto do banco traseiro não é bipartido. Falta apoio de cabeça no meio no banco traseiro. O trambulador do câmbio é meio barulhento”, adiciona Luciano Silva, de Brasília, DF, que tem um 208 Active Pack 1,45 2015.
Desempenho é a especialidade do 208 GT: motor turbo de até 173 cv, caixa manual de seis marchas, rodas de 17 pol, controle de estabilidade
Se há algo que incomode quem tem um 208, são ruídos. Aqueles no interior foram citados por 40% dos donos, enquanto 14% mencionaram ruídos anormais nos freios e 10% na suspensão (incluindo problemas nesse setor). Outras reclamações são raras, como defeitos no controle elétrico de vidros. Isso mostra que o carro é confiável de maneira geral.
Flávia Regina De Paoli Semighini, de Ribeirão Preto, SP, dona de 208 Allure 1,45 2014, relata: “Carro entregue com borrachas danificadas. Mais de 20 visitas para a solução de ruídos de acabamento, que a concessionária não resolvia. Ruídos da cobertura do teto. Buchas dos braços oscilantes com folgas aos 30 mil km”. Marcelo de Oliveira Santos, do Rio de Janeiro, RJ, que tem um Allure 1,45 2015, endossa: “Barulho (muito alto) no banco traseiro com passageiro. Leve barulho nos freios”.
A Peugeot ofereceu as edições In Concert (embaixo à esquerda) e Urbantech (em cima); a caixa automática da linha 2018 passava a seis marchas
Entre altos e baixos, como anda a satisfação dos donos de 208 com o carro? Anda bem: 81% dos participantes estão muito satisfeitos com ele, resultado similar ao de Chevrolet Onix e Prisma (82%) e superior aos de Toyota Etios (76%), Hyundai HB20 e HB20S (75%), Renault Logan e Sandero (69%), Fiat Grand Siena (64%) e Volkswagen Fox e Spacefox (60%). Entre os carros pequenos que analisamos, só o VW Up está bem melhor (94%).
O bom resultado não se repete, porém, em relação às concessionárias Peugeot: apenas 38% estão muito satisfeitos. Na categoria, estão melhores Etios (69%), HB20 (63%), Onix e Prisma (46%), Logan e Sandero (41%) e Fox (40%), enquanto o Grand Siena (30%) ficou para trás (os resultados referem-se à época de cada Guia de Compra e podem não estar atualizados).
Satisfação com o carro
Muito satisfeitos | 81% |
Parcialmente satisfeitos | 17% |
Insatisfeitos | 2% |
Pesquisa com 42 donos |
Satisfação com a rede de concessionárias
Muito satisfeitos | 38% |
Parcialmente satisfeitos | 33% |
Insatisfeitos | 19% |
Não usam | 10% |
Pesquisa com 42 donos |
Ficha técnica
Allure 1,2 | Allure 1,45 | Griffe 1,6 aut. | |
Motor | |||
Posição | transversal | transversal | transversal |
Cilindros | 3 em linha | 4 em linha | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote | no cabeçote | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 | 2 | 4 |
Cilindrada | 1.197 cm³ | 1.449 cm³ | 1.587 cm³ |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | ||
Potência máxima (gas./álc.) | 84/90 a 5.750 rpm | 89/93 cv a 5.500 rpm | 115 cv a 6.000 rpm/ 122 cv a 5.800 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 12,1/13,0 m.kgf a 2.750 rpm | 13,5/14,2 m.kgf a 3.000 rpm | 15,5/16,4 m.kgf a 4.000 rpm |
Transmissão | |||
Tipo de caixa e marchas | manual / 5 | manual / 5 | automática / 4 |
Tração | dianteira | dianteira | dianteira |
Freios | |||
Dianteiros | a disco | a disco | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor | a tambor | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim | sim | sim |
Direção | |||
Sistema | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica | elétrica | elétrica |
Suspensão | |||
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal | ||
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal | ||
Rodas | |||
Dimensões | 15 pol | 15 pol | 16 pol |
Pneus | 195/60 R 15 | 195/60 R 15 | 195/55 R 16 |
Dimensões | |||
Comprimento | 3,975 m | 3,975 m | 3,975 m |
Largura | 1,702 m | 1,702 m | 1,702 m |
Altura | 1,472 m | 1,472 m | 1,472 m |
Entre-eixos | 2,541 m | 2,541 m | 2,541 m |
Capacidades e peso | |||
Tanque de combustível | 55 l | 55 l | 55 l |
Compart. de bagagem | 285 l | 285 l | 285 l |
Peso em ordem de marcha | 1.073 kg | 1.086 kg | 1.200 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |||
Velocidade máxima | 171/177 km/h | 177/181 km/h | 184/191 km/h |
Acel. de 0 a 100 km/h | 14,3/12,8 s | 11,7/10,9 s | 12,1/10,7 s |
Consumo em cidade | 14,8/10,4 km/l | 11,6/8,0 km/l | 11,7/8,1 km/l |
Consumo em rodovia | 15,8/11,0 km/l | 14,3/9,6 km/l | 13,0/9,1 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro; *dados para modelos até 2017; a transmissão passou a 6 marchas no modelo 2018 |