Mais espaço na cabine, menos na caçamba: a Strada Cabine Estendida trazia recurso inédito em picapes pequenas e podia ter até teto solar
Por sua vez, a Strada Cabine Estendida atendia aos interessados em maior espaço interno para bagagem (protegido das intempéries e, até certo ponto, de furto), mesmo com alguma perda de capacidade na caçamba. A Fiat havia mantido o comprimento total da picape, em vez de apenas alongar a cabine como nos modelos médios — Chevrolet S10, por exemplo. A versão era oferecida como Working 1,5 e LX 1,6 16V. A cabine 30 cm mais longa permitia boa reclinação dos encostos, afastava dos ocupantes o vidro traseiro (às vezes fonte de intensa incidência solar) e até abria espaço para um teto solar. Opcional na LX, ele podia ser basculado ou removido, mas não tinha forro, falha que o tornava fonte de calor.
Em fevereiro de 2000 a Fiat começava uma atualização mecânica da linha Palio: estreava o motor Fire (sigla para Fully Integrated Robotized Engine, motor robotizado totalmente integrado) de 1,25 litro e 16 válvulas com 80 cv e 12 m.kgf. Bem mais moderno que os antigos 1,0 e 1,5, era econômico e desenvolvia boa potência em baixa rotação. Primazia no segmento era o acelerador com controle eletrônico, que equipava o Mercedes-Benz Classe A, bem mais caro. Oferecido no acabamento ELX para Palio hatch, Weekend e Siena, o Fire incluía os instrumentos de fundo claro da versão 1,6 16V.
O toque de Giugiaro
Embora ainda não parecesse defasada em relação à concorrência, a linha Palio chegava ao modelo 2001 com novo desenho. Frente e traseira do hatch, do Siena e da Weekend eram refeitas pela Italdesign de Giugiaro, projetista que veio ao Brasil para o lançamento da família em setembro de 2000. A frente perdia um pouco da identidade, pois faróis e grade retilíneos lembravam um pouco os do Gol. De traseira o Palio era apenas retocado, mas os outros dois apresentavam grandes alterações — para bem melhor no caso do Siena.
Giugiaro fez bom trabalho na primeira reestilização do Palio, para 2001; além da aparência, havia novos motores Fire de 1,0 litro e melhorias em diferentes sistemas
O interior ganhava painel e bancos redesenhados, ar-condicionado mais eficiente e comando hidráulico de embreagem. A central elétrica integrada, sistema chamado pela Fiat de Venice, reduzia em 23% o número de chicotes e facilitava funções como o temporizador de faróis para iluminação ao sair do carro. A linha compunha-se das versões EX (hatch e Siena), ELX (todos) e Stile (hatch e Weekend).
Pressionada pelo custo de importação do motor 1,6 16V da Itália, a Fiat o substituía pelo 1,8 da GM, que trazia mais torque em baixa rotação, mas se afastava da tradição italiana de girar com suavidade
Sob o capô, outras novidades: as versões de oito e 16 válvulas do motor Fire de 1,0 litro, a primeira com apenas 55 cv e 8,5 m.kgf, a outra com 70 cv e 9,6 m.kgf. O bom desempenho do segundo dispensava o recurso da sexta marcha no Siena e na Weekend. Os motores 1,25 e 1,6 (ambos 16V) permaneciam, mas o Fiasa 1,5 não mais. O antigo modelo do Palio continuava como a versão de entrada Young com motor Fiasa 1,0 — expediente que a Fiat usaria por muito tempo. No entanto, em menos de um ano ele recebia o Fire de oito válvulas.
O Best Cars analisava: “Os novos Fires oferecem desempenho dos melhores do segmento, mostrando boas respostas mesmo em baixos regimes. Como nos demais 1,0-litro do mercado, o motor gira macio em altos giros, mas seu nível de ruído é bastante contido. E esperam-se dois outros ganhos: economia e confiabilidade. Os números de fábrica não dizem muito, mas o alto consumo era a grande queixa dos donos de Palio 1,0 e o novo motor, de tecnologia muito atual, promete reduzi-lo no uso prático. Também deve parar por aqui o problema crônico de rompimento prematuro da correia dentada do comando de válvulas”.
Mais que a Weekend, o Siena era bastante beneficiado pelas mudanças de estilo; a Palio Adventure passava a usar motor 1,6 de 16 válvulas
A Quatro Rodas comparou o Palio ao Gol em quatro versões. Nas de 1,0 litro e oito válvulas o Fiat foi melhor: “O motorista se sente mais confortável, com posição mais correta. A lista de equipamentos é mais completa”. Ele também custava menos e tinha melhor retomada, mas perdia em consumo. Entre as opções mais baratas, Palio Young e Gol Special, vantagens para o Volkswagen em itens de série, consumo e aceleração, enquanto o Fiat venceu em freios.
A Adventure era atualizada em fevereiro de 2001 com mais novidades: motor 1,6 de 16 válvulas, estribos com seção retangular (úteis para proteger a carroceria de pedriscos) e opção de subwoofer no sistema de áudio. Na linha 2002 era renovada a Strada, que também ganhava versão Adventure com os mesmos acessórios da perua. O acabamento Trekking e o motor 1,6 de oito válvulas desapareciam da picape. O Siena Fire combinava motor 1,0 de 55 cv e acabamento simples, mas com estilo igual ao das versões superiores.
O Young dava lugar em maio de 2002 ao Palio Fire, o que encerrava a produção do estilo inicial de 1996. Por fora ele era igual ao EX, exceto pelos para-choques sem pintura, mas mantinha o interior antigo e a embreagem acionada a cabo. Em julho a linha 2003 vinha com novos itens de série: direção assistida no Palio EX, rodas de alumínio e faróis de neblina em todo ELX.
A versão Adventure surgia para a Strada em 2002 e teria longa vida no modelo; no ano seguinte a família trocava o motor 1,6 16V pelo 1,8 da Chevrolet
Logo após, em setembro, o Fire 1,25 aparecia em versão de oito válvulas com 67 cv e 11,1 m.kgf — uma resposta às novas alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados, IPI, que já não favoreciam tanto os motores de 1,0 litro. O torque em baixa rotação era o destaque desse motor, que não trazia o acelerador eletrônico. De início exclusivo do Palio EX, ele chegava em alguns meses a Siena e Weekend de mesma versão.
Outra troca de motor, esta com consequências mais importantes, vinha em fevereiro de 2003. Pressionada pelo crescente custo de importação do 1,6 16V da Itália, a Fiat o substituía pelo 1,8-litro de oito válvulas, 103 cv e 17 m.kgf produzido em São José dos Campos, SP, pela Powertrain, associação com a General Motors — as empresas foram parceiras entre 2000 e 2005. Já usado no hatch médio Stilo, o motor de origem Chevrolet trazia ganho expressivo em torque em baixa rotação. Era aplicado a Palio e Siena EX e ELX, Weekend Stile e Adventure.
“Há razões tanto para comemorar quanto para lamentar”, analisou o Best Cars. “A comemorar, o expressivo ganho em torque: de 15,4 m.kgf a 4.500 rpm do 1,6 16V passou a 17 m.kgf a 2.800 rpm, isto é, 10% mais e em regime bem mais baixo. Se no Palio hatch o anterior dava desempenho à altura dos mais rápidos carros pequenos nacionais, nos mais pesados Siena e Palio Weekend o novo torque é bem-vindo, sobretudo com carga máxima. E a lamentar? O 1,8 tem relação r/l ruim, funcionamento áspero e inaptidão para altas rotações. Quem apreciava o tempero esportivo vai reprovar a novidade à primeira esticada de marcha”.
Próxima parteNas pistas
Em continuidade ao que era feito na Fórmula Uno com seu antecessor, a Fiat lançou em 1997 a Fórmula Palio, um campeonato monomarca em circuito. Os carros tinham preparação leve e o regulamento permitia poucas intervenções mecânicas, de modo a aumentar a competitividade entre os pilotos. O certame só durou aquele ano.
Carreira mais longa o Palio teve em ralis, tanto no Brasil quanto em outros países da América do Sul e na Turquia. De 1997 a 2004 ele conquistou oito títulos consecutivos do Campeonato Brasileiro de Rally, parte deles na categoria A6, que permitia preparação livre e motor de até 1,6 litro. Enfrentava com valentia os competidores VW Gol e Peugeot 206, que também corriam com apoio oficial dos fabricantes. Na Turquia, o Palio competiu tanto no Grupo N quanto na categoria Kit Car, em que o motor 1,6 chegava a 180 cv.