Fiat Palio: 25 anos de uma variada família com o dever cumprido

Mais que um novo Palio sedã, o Grand Siena adotava frente própria e maior entre-eixos; poderia ter dado origem a uma bela Weekend, que nunca se concretizou

Além das alterações no motor 1,4, o Grand Siena Tetrafuel tinha evoluções no sistema de gás que elevavam a potência de 68 para 75 cv e o torque de 10,4 para 10,7 m.kgf com esse combustível (com gasolina ou álcool, seguia o Attractive). A suspensão traseira por eixo de torção vinha do Punto, com bitola mais larga que no Palio, e as rodas de 16 pol do Essence eram inéditas em um Siena.

O Best Cars apontou “rodar silencioso e relativamente macio, motor com respostas adequadas em baixa e muito boas em alta rotação, câmbio com comando leve e preciso e bom nível de ruído. Em uma estradinha de montanha, o Essence comprovou o acerto desse chassi híbrido, meio Palio, meio Punto. Acabaram-se as oscilações em mudanças rápidas de direção: a atitude agora é decidida, controlada. A inclinação da carroceria em curvas rápidas é contida e, mesmo exagerando, não se nota subesterço excessivo. Parece qualquer carro, menos um Siena”.

Sem acompanhar a reformulação dos dois modelos, Weekend e Strada apareciam em junho de 2012 apenas retocadas — ao lado do antigo Siena EL, mantido em linha. Com exceção da Strada Working, todos ganhavam grade e para-choque dianteiro novos. A Strada Trekking recebia o motor E-Torq 1,6 16V no lugar do Fire 1,4 e opção de cabine dupla. Palio e Strada Adventure ofereciam rodas de alumínio de 16 pol, com pneus de asfalto, e comandos no volante para o sistema de áudio e as trocas de marcha da caixa Dualogic. No painel, novas seções internas, instrumentos e volante. E parou por ali: nem mesmo a série Evo do motor 1,4 foi aplicada.

Um longo fim de carreira: Palio Fire (em cima) e Weekend ganhavam grade e volante refeitos, mantendo-se no mercado por quanto fosse possível

Na opinião do Best Cars, na Strada 1,6 “com a caçamba vazia o desempenho é adequado, mas a pouca potência em baixas rotações faz esperar certa dificuldade quando carregado: é preciso trabalhar bem o câmbio para manter o E-Torq ‘alegre’, acima de 3.000 rpm. Nesse modelo, o motor de 1,8 litro antes fornecido pela GM deixa saudades por sua disposição em baixa rotação”.

Na Strada de cabine dupla, a terceira porta do lado direito facilitava o acesso ao banco traseiro: como não havia coluna central, o vão era quase o dobro do de uma picape normal

O sistema Dualogic evoluía em toda a linha com a versão Plus em 2013. Além de melhor controle das trocas de marchas, trazia a função Creeping, que fazia o carro rodar lentamente ao não frear, e a Auto-Up Shift Abort, que identificava o momento de retomada de velocidade para evitar a troca indesejada a uma marcha superior. Na linha 2014 o novo Palio e o Grand Siena ofereciam novo rádio Connect, capaz de tocar músicas de celular via Bluetooth, e o sedã tinha novas rodas.

Na mesma época a Strada de cabine dupla ganhava uma terceira porta do lado direito para facilitar o acesso ao banco traseiro. Articulada na parte traseira — tipo conhecido no passado como “suicida”, em alusão a um passageiro que a abrisse com o carro em velocidade —, a porta só abria com a dianteira do mesmo lado já aberta. Como não havia coluna central, o vão de acesso era quase o dobro do de uma Strada normal. A novidade estava disponível nas três versões.

A terceira porta facilitava o acesso na Strada Cabine Dupla; todas as picapes ganhavam traseira atualizada e maior volume de carga na caçamba

Ao redesenhar a lateral, a Fiat aproveitou para adotar novo estilo dali para trás e eliminar a adaptação da cabine dupla anterior. Todas as versões da Strada ganhavam caçamba mais alta, com volume de carga 18% maior — 1.220 litros com cabine simples, 910 com estendida e 680 com dupla. Refeitos os para-lamas pela primeira vez nos 15 anos da picape, adotaram-se novas lanternas e tampa de caçamba. A Working recebia novo para-choque dianteiro.

O Best Cars analisou as Stradas: “A versão superior mostra muita força para um veículo desse porte. O E-Torq desenvolve muito bem e deixa a Adventure bastante ágil. O Dualogic evoluiu e está mais suave que o anterior. O acerto de suspensão mostrou-se adequado, com boa aderência dos largos pneus. Em terreno acidentado a picape pula um pouco. Na Working a aceleração é um pouco lenta, mas atende bem às necessidades de um veículo de trabalho. Apesar da renovação externa, a Strada continua a mostrar desatualização no interior, sobretudo no painel”.

O Palio Fire vinha retocado em 2014, quando assumia o posto de carro nacional mais barato depois da despedida do Mille. Grade, quadro de instrumentos, volante, revestimento dos bancos e rádio (com entrada USB) eram as novidades, ao lado de freios antitravamento (ABS) e bolsas infláveis frontais de série, como exigia a legislação. Pouco depois surgia o Palio Fire Way, com a mesma proposta da antiga versão do Mille. Apenas com cinco portas, ele tinha suspensão elevada e pneus maiores (175/65 R 14) para ganho de 15 mm no vão livre do solo, molduras nas caixas de roda e protetores na parte inferior dos para-choques. A Strada Hard Working era uma Working com mais itens de série e pneus de uso misto.

O Palio Fire ganhou a versão elevada Way antes de sair de produção em 2017; a Strada, que recebeu opção Freedom e 2019, é o único remanescente da primeira geração

Na linha 2015 o novo Palio recebia mais equipamentos, luz de direção que piscava cinco vezes na mudança de faixa e retrovisor do lado direito que se inclinava para baixo ao aplicar marcha à ré (apenas com comando elétrico). Dois anos depois vinham novas faixas no Sporting, rodas e tecidos de bancos, além de mais itens de série. Era o fim da linha para o Palio Fire e o antigo Siena. Mesmo o Palio de segunda geração não foi muito longe: saía de produção em novembro de 2017, cedendo espaço ao Argo. Mesmo com a chegada do Cronos, porém, o Grand Siena era mantido como opção mais barata.

A última novidade da família foi a Strada Freedom para 2019. Com cabine simples ou dupla, vinha com rodas de alumínio de 14 pol, faróis de neblina e cobertura de caçamba e oferecia central de áudio com tela de 6,2 pol, TV digital, navegador, leitor de DVD e câmera traseira de manobras. A Palio Weekend deixava o mercado em janeiro de 2020, após quase 23 anos, extinguindo a linhagem de peruas na Fiat brasileira — foram 40 anos desde a Panorama, derivada do 147, com a Elba entre elas.

Com o lançamento da Strada de segunda geração, que não pertence à linha Palio, o único remanescente da família original é hoje a Strada Fire 1,4. O Grand Siena também segue com motores 1,0 e 1,4, talvez por pouco tempo. Um quarto de século e muito êxito depois, o sucessor do Uno merece receber o pálio — o prêmio — pelo dever cumprido.

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Ficha técnica

  Palio 1,6 16V (1997) Palio 1.8 R (2008) Palio Sporting 1,6 16V (2013)
Motor
Posição e cilindros transversal, 4 em linha transversal, 4 em linha transversal, 4 em linha
Comando e válvulas por cilindro duplo no cabeçote, 4 no cabeçote, 2 no cabeçote, 4
Cilindrada 1.580 cm³ 1.796 cm³ 1.598 cm³
Potência máxima 106 cv a 5.500 rpm 113/115 cv a 5.500 rpm* 115/117 cv a 5.500 rpm*
Torque máximo 15,1 m.kgf a 4.500 rpm 17,8/18,6 m.kgf a 2.800 rpm* 16,2/16,8 m.kgf a 4.500 rpm*
Alimentação injeção multiponto sequencial
Transmissão
Tipo de caixa e marchas manual, 5 manual, 5 manual ou automatizada, 5
Tração dianteira dianteira dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado a disco ventilado a disco ventilado
Traseiros a tambor a tambor a tambor
Antitravamento (ABS) sim (opcional) sim (opcional) sim
Suspensão
Dianteira ind. McPherson ind. McPherson ind. McPherson
Traseira eixo de torção eixo de torção eixo de torção
Rodas
Pneus 175/65 R 14 (opc.) 185/60 R 15 195/55 R 16
Dimensões
Comprimento 3,73 m 3,85 m 3,87 m
Entre-eixos 2,37 m 2,37 m 2,42 m
Peso 986 kg 1.025 kg 1.062 kg
Desempenho
Velocidade máxima 188 km/h 189/191 km/h* 191/193 km/h*
Aceleração de 0 a 100 km/h 9,5 s 9,4/9,2 s* 9,9/9,8 s*
Dados do fabricante; * gasolina/álcool

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