A versão DL de 1991 mostra o estilo que apareceu no Chevette 1987, com para-choques e molduras de plástico; o motor ganhava potência um ano depois
Um caçula de pouco sucesso
Uma revisão do estilo do Chevette aparecia para 1987: para-choques envolventes de plástico, grade integrada a ele, lanternas maiores. Surgia a versão superior SE, com instrumentos redesenhados, luzes para controle de consumo e bancos com encosto de cabeça separado, enquanto a SL perdia equipamentos. Era uma manobra para driblar o controle de preços do governo federal pelo Plano Cruzado, que não permitia aumentar o valor das versões existentes. O quatro-portas e o Hatch deixavam de ser produzidos. Em março o Chevette chegava ao milhão de unidades.
O motor 1,6 era retrabalhado para 1988, passando a se chamar 1.6/S: recebia pistões e bielas mais leves e novo carburador para alcançar 81 cv e 12,9 m.kgf (álcool) ou 78 cv e 12,6 m.kgf (gasolina). O SE passava a se chamar SL/E, padronizado às linhas Monza e Opala. No ano seguinte o Chevette ganhava a companhia do Kadett, em um dos primeiros casos de duas gerações conviverem no mercado brasileiro — mas não seria substituído pelo novo carro, que custava bem mais. Apenas a Marajó dava lugar à Ipanema, derivada do Kadett.
A Chevy 500 também adotava a versão DL, mas mantinha os para-choques de aço; com o fim do Chevette, a picape seria o último carro T em produção no mundo
A versão DL tornava-se a única para Chevette e Chevy em 1991, fazendo desaparecer a SL depois de 14 anos de produção. Na picape os para-choques de aço haviam sido mantidos, talvez pela maior resistência para um utilitário. No ano seguinte o escapamento recebia catalisador para atender a novas normas de emissões poluentes. Um ano e meio depois do Fiat Uno Mille, que inaugurou o segmento de 1,0 litro no mercado, a Chevrolet lançava em março de 1992 o Chevette Junior.
O governo reviu o benefício tributário e a GM obteve aprovação para o Chevette de 1,6 litro, o que encerrou a carreira do Junior depois de apenas um ano
O motor teve a cilindrada reduzida, a partir do mesmo projeto, e ficou com apenas 50 cv e 7,2 m.kgf. O acabamento estava mais simples e itens como encostos de cabeça dianteiros, retrovisor do lado direito, quinta marcha e lavador elétrico do para-brisa eram opcionais. Apesar da redução de peso, que incluiu vidros mais finos, o carro era bem mais pesado que o concorrente — o que, somado à ineficiência da tração traseira com seu pesado eixo cardã, resultou em desempenho crítico. Foi uma das versões fracassadas de nossa indústria, feita por apenas um ano e com vendas modestas.
Embora o teste da Quatro Rodas tenha indicado melhor aceleração de 0 a 100 km/h no Chevette que no Mille (21,6 segundos ante 24,6 s), o Fiat era vantajoso em economia de combustível, espaço interno e nível de ruído: “O Junior ainda está preso a uma ideia antiga, com motor longitudinal e cardã. O Uno foi projetado para oferecer mais conforto, praticidade e visibilidade. A posição mais alta e a grande área envidraçada tornam agradável seu interior”. E para 1993 o Mille Electronic ganharia em desempenho com 56 cv.
O motor de 1,0 litro provou-se insuficiente para o peso do Junior, que durou apenas um ano; em 1993 aparecia o L 1,6, permitido pelas regras de IPI reduzido
O governo federal redefinia em 1993 os critérios — ou a falta deles? — do “carro popular”, de modo que o menor Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) não estaria mais vinculado ao motor de 1,0 litro. A Volkswagen conseguir incluiu na categoria o Fusca (pedido pelo então presidente Itamar Franco) e a Kombi, apesar do motor 1,6. A GM não deixou por menos e obteve aprovação para um Chevette da mesma cilindrada, enquanto os concorrentes Escort, Gol e Uno ficaram mesmo com 1,0 litro.
Com isso, o Junior desaparecia e a versão L passava a ser a única opção, com acabamento simples e motor 1,6 a gasolina e álcool. Em 12 de novembro do mesmo ano, após duas décadas e 1,6 milhão de unidades produzidas (cerca de 400 mil delas exportadas), o último Chevette deixava a linha de São José dos Campos. O Corsa, mais moderno, assumiria em seguida a posição de caçula da marca. A Chevy 500 DL ficou em linha até que chegasse a Corsa Pickup, em 1995, e foi o último carro T em produção no mundo.
Mais Carros do PassadoNas pistas
O Chevette teve boa atuação em competições. Pela equipe da concessionária Motorauto, de Belo Horizonte, MG, pilotado por Toninho Da Matta, pai de Cristiano Da Matta, foi campeão da Copa Minas-Rio para carros até 1,6 litro à frente de Passat, Voyage, Escort e outras feras da época. Outro Chevette fez bonito ao vencer o Campeonato Brasileiro de Rali de Velocidade de 1984, pelas mãos do paranaense Sady Bordin Filho, derrotando a equipe oficial Volkswagen. O motor 1,6-litro com cabeçote do Monza, permitido pelo regulamento técnico, tinha cerca de 125 cv.
Na Europa o Kadett ganhou ímpeto em sua carreira esportiva com a geração C. O GT/E foi aos ralis pelo regulamento do Grupo 4 com preparação que levava o motor de 1,9 litro a 228 cv ou, na versão para asfalto, 265 cv. A Opel adotou cabeçote com duplo comando e 16 válvulas, pistões forjados, diferencial autobloqueante e rodas largas. Com um desses, Walter Röhrl e Rauno Aaltonen venceram em 1976 os Ralis de Monte Carlo e de Portugal. A Opel conseguiu naquele ano o segundo lugar entre os construtores no Mundial de Rali.
O novo regulamento do Grupo 2 em 1978 impedia o uso de cabeçotes especiais, mas a empresa não o abandonou: muitas de suas soluções apareceram no ano seguinte na unidade de 2,4 litros do Ascona 400.
Na Inglaterra, o Vauxhall Chevette 2300 HS foi desenvolvido para o Grupo 4 em parceria com a Blydenstein Racing, da equipe oficial da fábrica. Obteve vitórias nas mãos de pilotos como Pentti Airikkala e Tony Pond, enfrentando nas estradas poeirentas o Ford Escort, e com ele a Vauxhall levou o Campeonato Britânico de Rali em 1979, entre os pilotos, e em 1981 entre os construtores. Embora tenha recebido a evolução HSR em 1981, com a fusão dos departamentos de competição da Opel e da Vauxhall o projeto foi cancelado em favor do Manta 400.
Ficha técnica
Chevette 1,4 gasolina (1973) | Chevette SL/E 1,6 álcool (1988) | Chevy 500 SL 1,6 gasolina (1984) | |
Motor | |||
Posição e cilindros | longitudinal, 4 em linha | longitudinal, 4 em linha | longitudinal, 4 em linha |
Comando e válvulas por cilindro | no cabeçote, 2 | no cabeçote, 2 | no cabeçote, 2 |
Cilindrada | 1.398 cm³ | 1.599 cm³ | 1.599 cm³ |
Potência máxima | 60 cv a 5.400 rpm | 81 cv a 5.200 rpm | 69 cv a 5.600 rpm |
Torque máximo | 9,2 m.kgf a 3.600 rpm | 12,8 m.kgf a 3.200 rpm | 11,8 m.kgf a 3.200 rpm |
Alimentação | carburador de corpo simples | carburador de corpo duplo | carburador de corpo simples |
Transmissão | |||
Tipo de caixa e marchas | manual, 4 | manual, 5 | manual, 5 |
Tração | traseira | traseira | traseira |
Freios | |||
Dianteiros | a tambor | a disco | a disco |
Traseiros | a tambor | a tambor | a tambor |
Antitravamento (ABS) | não | não | não |
Suspensão | |||
Dianteira | independente, braços sobrepostos | independente, braços sobrepostos | independente, braços sobrepostos |
Traseira | eixo rígido | eixo rígido | eixo rígido |
Rodas | |||
Pneus | 155 R 13 | 175/70 R 13 | 175/70 R 13 |
Dimensões | |||
Comprimento | 4,12 m | 4,19 m | 4,18 m |
Entre-eixos | 2,39 m | 2,39 m | 2,39 m |
Peso | 818 kg | 945 kg | 910 kg |
Desempenho | |||
Velocidade máxima | 140 km/h | 155 km/h | 150 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 19,0 s | 15,0 s | 16,0 s |
Dados de desempenho aproximados |