O HGT Abarth trazia de volta o carismático nome do preparador de Fiats dos
anos 60, mas ainda era apenas um pacote de itens estéticos para o HGT
A Quattroruote colocou o novo Punto ELX 1,25 em confronto ao Fiesta Zetec 1,25 e ao Peugeot 206 XR 1,4 em 1999. Conforto, espaço interno, consumo e direção foram os pontos mais positivos do Fiat, criticado apenas pelo desempenho em retomadas. Embora um pouco mais lento que os concorrentes em aceleração, ele obteve o consumo mais baixo em cidade e estrada.
O esportivo HGT foi comparado ao 206 GTI 2,0 16V pela mesma revista italiana, que concluiu: “O motor é garantia de elevado desempenho. O teste evidenciou personalidades distintas e até contrastantes: de um lado, o comportamento nervoso do Peugeot; do outro, o caráter mais previsível do Fiat. O primeiro aposta em fortes emoções, mais voltado a quem já tem certa experiência na direção veloz, enquanto o segundo é mais fácil de dirigir”. O Punto acelerou de 0 a 100 km/h em 8,8 segundos, apenas 0,2 s atrás do 206, e foi mais econômico na cidade.
O HGT ganhava em 2001 o pacote Abarth, que trazia de volta ao mercado o nome do mítico preparador Carlo Abarth, responsável por Fiats muito potentes nos anos 60. Embora o motor fosse o mesmo, havia diferenças como para-choques, defletor traseiro, saias laterais, rodas e acabamento interno. Mais tarde a Fiat faria usos mais criativos do carismático nome. Na linha 2002 vinham novas versões Active e Dynamic e as séries Go (com bancos esportivos), Verve (derivada da ELX), Feel e Feel Sound (com bolsas infláveis frontais de série). Freios ABS tornavam-se itens-padrão em toda a linha, enquanto o Sporting recebia a opção de bolsas infláveis laterais e do tipo cortina.
Faróis maiores, grade dianteira, extensões às lanternas: embora destoasse da
proposta original, o estilo de 2003 foi o de vida mais longa para o Punto
O Punto Sporting 1,9 JTD enfrentou na Quattroruote outros pequenos com motor turbodiesel: Corsa 1,7, 206 1,4, Toyota Yaris 1,4 e Polo 1,4. Com o maior motor no grupo, o Fiat obteve melhor desempenho em velocidade máxima, aceleração e retomada e foi elogiado pelo motor, o consumo (embora só superasse o Polo nesse quesito) e o espaço interno, mas criticado por não trazer de série a bolsa inflável do passageiro.
A ItalDesign trabalhou em parceria com
a Fiat com um resultado primoroso:
o Grande Punto sobressaía em sua classe
Em junho de 2003 o Punto passava por uma reestilização que, embora lhe desse o “ar de família” com recentes lançamentos da marca — como o Stilo —, dividiu opiniões. A frente ganhava faróis maiores e uma ampla grade, pela primeira vez no modelo. Atrás, a Fiat aplicava extensões das lanternas na tampa do porta-malas do três-portas, medida de gosto discutível. Os para-choques e alguns itens internos também mudavam e havia recursos como ar-condicionado automático de duas zonas, navegador, rádio/CD com MP3 e limpador de para-brisa automático.
Os acabamentos oferecidos eram agora Actual, Active, Dynamic, Emotion, Sporting e HGT, além do Natural Power, com motor de 1,2 litro apto a consumir gás natural. Sob o capô havia duas estreias: o Fire de 1,4 litro e 16 válvulas, com 95 cv e 13 m.kgf, e o Multijet 1,25 a diesel com 69 cv e 18,3 m.kgf. O outro turbodiesel, de 1,9 litro, também recebia a tecnologia Multijet e passava a 101 cv com o elevado torque de 26,5 m.kgf. Freios ABS e a bolsa inflável do passageiro da frente equipavam todas as versões. Dois anos mais tarde, o Punto Speed combinava a aparência do Sporting aos motores 1,25 a gasolina e a diesel.
Sem substituir a segunda, a terceira geração do Punto chegava em 2005 com
o prefixo Grande e linhas de forte apelo que respeitavam suas tradições
Com o lançamento da terceira geração — o Grande Punto —, o modelo antigo era renomeado Punto Classic e mantido em produção na Itália até 2010, apenas em acabamentos simples e com os motores 1,25 a gasolina, a diesel e Natural Power. Passava também a ser fabricado na Sérvia como Zastava Z10, com o mesmo desenho adotado em 2003 na Itália, exceto pela tampa traseira sem as extensões de lanternas. A Zastava, fundada em 1853 na antiga Iugoslávia e fabricante do Yugo, fez versões de diversos modelos da Fiat até que, em 2011, o grupo italiano adquirisse sua unidade de automóveis de Kragujevac, onde ainda faz o Punto Classic e a 500L.
Grande… e muito atraente
A história do Punto chegava à terceira parte, já com seis milhões de unidades produzidas, em setembro de 2005. A Fiat apresentava o Grande Punto — o prefixo ao nome indicava a intenção de manter a segunda geração em linha, o que de fato acontece até hoje. Com dimensões acima da média da categoria, com 4,03 metros de comprimento, 1,69 m de largura, 1,49 m de altura e 2,51 m de entre-eixos, o novo Fiat de projeto 199 aproveitava a lacuna aberta no mercado pelo crescimento do Stilo, e mais tarde do Bravo, em relação a seus antecessores.
A ItalDesign de Giugiaro foi mais uma vez encarregada de desenhá-lo, em parceria com o Centro de Estilo da Fiat, com um resultado primoroso. O Grande Punto recuperava a identidade do modelo original e sobressaía na classe com linhas que não se confundiam às de qualquer concorrente. O destaque era a frente com cantos chanfrados, coberturas alongadas para os faróis (cujos refletores eram únicos por lado e circulares) e grade de perfil baixo. Alguns viam inspiração nos esportivos da Maserati, também do grupo Fiat, o que estava longe de ser um demérito. As laterais tinham linha de cintura elevada e ascendente para trás; as lanternas vinham nas colunas, como nos anteriores.
Mesmo na versão de cinco portas, o desenho era um destaque do novo Fiat; a
dotação de segurança incluía controle de estabilidade e até seis bolsas infláveis
No interior, a terceira geração usava materiais mais refinados e um painel simples, mas que podia vir com grande seção na cor da carroceria ou em outro tom contrastante. As versões eram Active, Dynamic, Emotion e Sport, em ordem ascendente, com carrocerias de três e cinco portas. Uma variação furgão, com dois ou quatro lugares e seção traseira para transporte de carga — o Grande Punto Van —, era acrescentada à linha em 2006. Outra novidade nesse ano era o sistema Blue&Me, que associava a interface Bluetooth para telefone celular a funções como leitura de mensagens SMS e, como opção, navegador.
O Grande Punto baseava-se em uma nova plataforma, a SCCS (Small Common Components Systems, sistemas de componentes compactos comuns), desenvolvida com a General Motors, então associada à Fiat, e aplicada também ao Opel Corsa lançado em 2006. Avanços em segurança eram evidentes: controle eletrônico de estabilidade e tração (de série de 2008 em diante, exceto para a versão de entrada), assistência adicional em frenagens de emergência, retenção dos freios para auxiliar a saída em rampas e até seis bolsas infláveis (frontais, laterais dianteiras e cortinas). Rodas de 15 pol eram de série, com opção por 16 ou 17 pol.
Parte dos motores oferecidos vinha da geração anterior. A linha inicial compreendia o Fire 1,25 com 65 cv e 10,4 m.kgf; o Fire 1,4 com 77 cv e 11,7 m.kgf, ambos com duas válvulas por cilindro; o Multijet 1,25 16V a diesel em duas opções, com 75 cv e 19,4 m.kgf e com 90 cv e 20,4 m.kgf, sendo a mais potente com câmbio manual de seis marchas; e o Multijet 1,9, também com escolha de potência (120 ou 131 cv, ambos com 28,5 m.kgf). No ano seguinte apareciam o Starjet 1,4 a gasolina de 16 válvulas, com 95 cv e 12,7 m.kgf, dotado de variação de tempo das válvulas e também associado à caixa de seis marchas, e a opção de câmbio automatizado monoembreagem Dualogic para o diesel de 90 cv.
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Nas pistas
Puntos de diferentes gerações foram bem-sucedidos em competições, sobretudo de rali. A Fiat desenvolveu variações como o Punto Rally e o Super 2000 Punto Abarth para participar desse tipo de prova, no qual o modelo conquistou títulos expressivos como o Desafio Internacional de Rali em 2006, o Campeonato Europeu de Rali no mesmo ano e o Campeonato Italiano de Rali em 2003 e 2006.
O Punto Rally, lançado em 2000 pouco depois da segunda geração, era vendido já sem itens desnecessários, como banco traseiro e acabamentos, e com os recursos de segurança exigidos nos ralis. Dotado de motor de 1,6 litro (reduzido a partir do 1,75-litro do HGT) preparado para render 215 cv e com peso de 950 kg, ele vinha ainda com câmbio de seis marchas, rodas de 16 ou 17 pol, para-lamas mais largos, embreagem com disco de metal-cerâmica e diferencial autobloqueante.
O Rally era renomeado Abarth Rally em 2004, quando adotava o novo desenho frontal do Punto e ganhava 5 cv. O piloto brasileiro Luís Tedesco chegou a competir com essa versão no Rali Internacional de Curitiba, PR, pelo IRC (Desafio Intercontinental de Rali) em 2009 e 2010.
O mais sofisticado foi o Super 2000, revelado ainda em 2005 com base na terceira geração de rua, mas colocado à venda só dois anos depois. O motor aspirado de 2,0 litros obtinha 270 cv e 22,5 m.kgf, sendo capaz de alcançar 8.500 rpm. A tração vinha nas quatro rodas, com repartição de torque ajustável, e as suspensões dianteira e traseira seguiam o conceito McPherson, uma especificação do regulamento. O câmbio adotado era sequencial de seis marchas; rodas de 15, 16 ou 18 pol eram usadas conforme o tipo de piso predominante nas provas.
Existiu na mesma geração o Punto R3D, com motor turbodiesel de 1,9 litro e 175 cv, câmbio sequencial de seis marchas e tração dianteira.
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