1986
O Plano Cruzado e sua inflação zero por decreto levavam a uma explosão de consumo e, no caso dos automóveis, a longas filas de espera. Surgia o ágio, o sobrepreço cobrado por lojas independentes que conseguiam os carros que as concessionárias diziam não ter. Foi um ano de um só lançamento, a perua Fiat Elba, e várias renovações: em agosto o Escort, em setembro a linha Gol, em novembro o Santana. Chegavam o esportivo Uno 1.5R, o Prêmio de quatro portas, o Monza de topo Classic e motor de 2,0 litros para ele. Despediam-se Corcel (a Belina continuava, agora com o prefixo Del Rey), Fusca, Fiat 147, Panorama e Alfa 2300. O Salão do Automóvel contou apenas com carros importados (que ainda não podiam ser vendidos aqui), depois que a indústria nacional decidiu ficar de fora.
1987
Em meio ao jejum de lançamentos, algumas renovações para a linha 1988, como Monza e Opala (na foto a Caravan) na GM e os painéis da linha Gol na VW. O Gol tornava-se líder de vendas, posição que manteria até 2013. Voyage e Parati começavam a ser exportados para os EUA, com o nome Fox e muitas alterações, enquanto Prêmio e Elba seguiam para a Itália rebatizados como Duna. Em julho passava a operar a Autolatina, associação entre Ford e Volkswagen no Brasil e na Argentina.
1988
A injeção eletrônica estreava no Brasil no Salão do Automóvel com o Gol GTI, dotado de motor 2,0-litros. O mesmo propulsor, mas carburado, havia saído no Santana em maio. A Gurgel começava a vender aos acionistas o pequeno BR-800, modelo 100% nacional com motor de dois cilindros, e a Fiat reformulava picape e furgão Fiorino, agora baseados no Uno. O Diplomata vinha com moderna caixa automática de quatro marchas e, depois de 25 anos, a GM redesenhava a Veraneio. Os Pumas estavam de volta como AM3, AM4 (motor VW 1,8) e AMV (Chevrolet 4,1), que só durariam dois anos. Despediam-se Passat, Monza hatch e Opala cupê.
1989
Destaque do ano, o Chevrolet Kadett chegava em abril após cinco anos sem carros inteiramente novos. Vinha com motores 1,8 e 2,0, este no esportivo GS. Em outubro aparecia a perua Ipanema, só 1,8. A Autolatina mostrava seus primeiros resultados: o motor 1,8 da VW aplicado ao Escort e ao Del Rey e o 1,6 da Ford ao Gol. Em novembro surgia o Verona, um Escort sedã com traseira desenhada no Brasil e motores 1,6 e 1,8. A Fiat lançava a Elba de cinco portas, o Voyage voltava a ter versão de quatro portas e a GM oferecia tração 4×4 nas picapes pesadas.
1990
Antes que o governo de Fernando Collor confiscasse as poupanças em março, derrubando o mercado, chegavam dois sedãs com injeção: Santana Executivo e, pouco depois, Monza 500 EF. Em junho vinha o Apollo, um Verona com logotipo VW que só durou dois anos. Em agosto, aproveitando a redução de imposto para carros de até 1.000 cm³, a Fiat lançava o Uno Mille com o motor 1,05 reduzido. Foi também o ano da reabertura das importações com carros luxuosos e populares, caso dos soviéticos Lada. Entre os utilitários, a Ford inovava com o F-1000 Turbo de fábrica e a GM lançava a perua Bonanza. Na linha 1991 vinham nova frente para as famílias Gol e Uno (exceto o Mille) e o Monza. O Opala ganhava retoques de estilo, direção com assistência eletrônica e freios a disco nas quatro rodas.
1991
A Fiat trazia em novembro seu primeiro médio, o Tempra, com quatro portas e motor 2,0-litros. Em abril a VW reformulava o Santana e, quatro meses depois, nascia sua versão para a Ford — o Versailles. A GM inaugurava a injeção monoponto no Monza, logo estendida a Kadett e Ipanema, e incluía versões a álcool, uma primazia mundial. O Escort XR3 1992 ganhava controle eletrônico dos amortecedores, o Kadett GS recebia versão conversível e a Autolatina inseria no Santana e no Versailles o primeiro sistema antitravamento de freios (ABS) do Brasil. Com novos limites de emissões poluentes, a maioria dos carros passava a usar catalisador. Del Rey e Belina saíam de produção.
1992
Resposta nacional aos importados, o Chevrolet Omega chegava em julho com aerodinâmica eficiente, tração traseira com moderna suspensão independente, motor de seis cilindros e 3,0 litros (em opção ao 2,0) e muito conforto. Opala e Caravan despediam-se em abril, deixando saudades. O Uno Mille enfim tinha concorrentes: as versões de 1,0 litro do Gol, Chevette (Junior) e Escort Hobby. A Autolatina rendia mais frutos: nova Quantum e Royale, sua versão para a Ford. O Tempra vinha com duas portas, a Ford reformulava a F-1000 e a GM lançava a D-20 turbodiesel. A Fiat adotava injeção na linha Uno 1,5 e mostrava o Mille Electronic, com opção por cinco portas e ar-condicionado. Na linha 1993 vinha um Escort todo novo e com motor 2,0 a injeção no XR3. O Gurgel Supermíni era um BR-800 mais confortável.
1993
Em março surgiam o Logus, um Escort sedã com estilo próprio e duas portas, feito pela Ford para a VW vender, e o Tempra 16V, primeiro nacional com quatro válvulas por cilindro — e um dos mais velozes. O presidente Itamar Franco pedia à VW o retorno do Fusca, que acontecia em setembro, com poucas evoluções. O acordo do “carro popular” baixava impostos a modelos de 1,0 litro, à Kombi e… ao Chevette 1,6, que já aposentava o Junior. A GM investia em peruas (Suprema, derivada do Omega, e Ipanema com cinco portas e motor 2,0) e lançava o Vectra, com potente versão GSi 16V. O Uno ganhava injeção no esportivo 1.6R, a Ford estreava novo Verona com quatro portas e o Chevette saía de linha.
1994
O Chevrolet Corsa chegava em fevereiro: moderno e com a primeira injeção dos “1.000”, teve forte procura e até 50% de ágio. A Fiat respondia no mês seguinte com o Mille ELX, mais equipado, e a VW mostrava em setembro a segunda geração do Gol, mais espaçosa e com injeção em todos os motores — de 1,0 a 2,0 litros, este no GTI. Os primeiros nacionais com turbo de fábrica eram o Uno 1,4 em fevereiro e o Tempra 2,0 em abril. O VW Pointer era a versão cinco-portas do Logus, o Omega adotava o motor 4,1 do Opala atualizado e o 2,0 passava a 2,2. Picape e furgão Fiorino ganhavam motor 1,0-litro e entre-eixos maior; a Ford oferecia cabine estendida e tração 4×4 à F-1000. A Veraneio desaparecia.
1995
A Chevrolet abria dois segmentos: picapes médias com a S10 em fevereiro e utilitários esporte com o Blazer em novembro, ambas com motor 2,2 a gasolina (a picape logo recebia o 2,5 turbodiesel). A linha Corsa crescia com picape, hatch cinco-portas e o sedã, um sucesso que duraria 20 anos. O Gol ganhava em novembro a picante versão GTI 16V, ao mesmo tempo em que estreava a nova Parati. A Fiat adotava injeção no Mille, o Tipo italiano naturalizava-se brasileiro e a F-1000 vinha com frente arredondada. O Voyage e nosso último conversível, o Escort, saíam de cena.
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