O Mégane CC usava teto rígido retrátil com área envidraçada; sedã e perua apostavam em linhas elegantes e o interior trazia chave-cartão com acesso presencial
A Renault também lançava um novo cupê conversível, o Mégane CC ou Coupé Cabriolet. Como nos 206 CC e 307 CC da Peugeot, em vez da tradicional capota de lona havia um teto rígido retrátil com área envidraçada, fabricado pela alemã Karmann, que ao ser fechado permitia conforto térmico e acústico e proteção típicos de um cupê. Esse modelo era intermediário na linha em comprimento (4,36 m) e tinha o menor entre-eixos (2,52 m).
No interior do Mégane, que também adotava linhas retas, uma novidade estava na chave em forma de um espesso cartão, usada como controle remoto para destravar as portas e então inserida em uma fenda do painel, para que o motor fosse ligado por botão. Apenas nas versões superiores o cartão era presencial, podendo ser mantido no bolso ou na bolsa durante o uso do carro. Nas demais, representava mais charme que utilidade. Recursos de segurança de série incluíam bolsas infláveis laterais e de cortina, fixação Isofix para cadeira infantil, controle eletrônico de estabilidade e tração e assistência adicional em frenagens de emergência.
Na linha de motores estavam os de 1,4 litro (81 e 98 cv), 1,6 litro (117 cv) e 2,0 litros (136 cv) a gasolina, além dos turbodiesels de 1,5 litro (80 e 100 cv), 1,9 litro (120 e 130 cv) e 2,0 litros (150 cv). Mais tarde era acrescentado um turbo a gasolina de 2,0 litros com 165 cv, apto à velocidade máxima de 220 km/h. A suspensão traseira abandonava o conceito “francês” em favor do consagrado eixo de torção, seguindo o que a Peugeot fizera do 306 para o 307 e a Citroën repetiria do Xsara para o C4.
O RS de 225 cv era o primeiro Mégane da Renault Sport para venda ao público; a edição limitada Trophy (em prata) trazia itens especiais pelo comportamento
A italiana Quattroruote definiu a Grand Tour DCI 1,9 como “bonita e espaçosa, com a vantagem de custar 2.200 Euros a menos que a Scénic. O porta-malas de 522 litros a coloca no topo da categoria. A Mégane mostrou excelente frenagem e aceleração brilhante. mas uma retomada um pouco lenta pelas relações de marcha longas. Por outro lado, o consumo é bom. O conforto ao dirigir é prejudicado por pneus esportivos, que melhoram a estabilidade. É um carro muito silencioso, quase livre de vibrações, garantia de viagens agradáveis”.
O RS Trophy era oferecido pela primeira vez em 2005, como edição limitada, com rodas mais largas e leves, calibração mais esportiva da suspensão e freios especiais
A alemã Auto Bild comparou o hatch 1,6 a Stilo, Focus, Civic, Astra, 307, Corolla e Golf: “A aparência do Mégane II prova muita confiança. O interior é funcional e à prova de erros, mas falta a extravagância da carroceria. O desenho favoreceu menos o porta-malas, de apenas 330 litros e muito estreito. A dotação de segurança, assim como no Fiat e no Peugeot, está entre as melhores na classe e ele é o primeiro compacto com cinco estrelas no teste de colisão do Euro NCap. Apesar do peso (1.295 kg), o motor o deixa ágil”.
O Renault Sport ou RS, em 2004, inaugurava uma linhagem de Méganes desenvolvidos por esse braço esportivo da marca, que desde 1976 trabalhava com modelos de competição. Os hatches de três e cinco portas recebiam motor turbo de 2,0 litros com 225 cv e torque de 30,6 m.kgf, suspensão e controle de estabilidade recalibrados e podiam acelerar de 0 a 100 km/h em 6,5 segundos e alcançar 236 km/h. Para-choques mais largos e rodas de 18 pol com pneus 225/40 conferiam ar esportivo.
A frente de toda a linha era remodelada em 2006, junto a alterações na suspensão dianteira (no raio X, a Grand Tour); a foto interna mostra o belo acabamento disponível no CC
“Este Mégane é extremamente bem-comportado”, observou a mesma Auto Bild. “Tudo é silencioso e confortável. Sem retardo do turbo, o motor gira suave e a 3.000 rpm já fornece torque máximo. Em circuito, mesmo curvas extremas não tiram o carro do equilíbrio. Ele tem leve tendência ao subesterço e é fácil de controlar. A posição de dirigir confortável contribui para a experiência bem-sucedida. O RS é um carro de surpreendente harmonia, que rivais como Seat Leon Cupra (225 cv) e Honda Civic Type-R (200 cv) não podem igualar. O Alfa Romeo 147 GTA (250 cv) e o Audi A3 3,2 (250 cv) podem alcançá-lo, mas custam mais”.
A versão RS Trophy era oferecida pela primeira vez em 2005, como edição limitada de 500 unidades, em alusão ao campeonato monomarca (leia quadro na página anterior). As diferenças estavam nas rodas mais largas e leves, na calibração mais esportiva da suspensão, nos freios especiais e no controle de estabilidade desligável, além de detalhes de acabamento.
A linha Mégane 2006 recebia desenho dianteiro retocado, alterações no interior e suspensão dianteira evoluída. A edição limitada RS 230 F1 Team foi avaliada pela revista inglesa Evo: “Novos amortecedores fazem um carro mais harmonioso, com um chassi mais estável. Aderência prodigiosa dos pneus e empurrão do motor ainda são marcas registradas do carro, mas eles agora são mais desfrutáveis. Ele parece mais justo, refinado e – ousaríamos dizer – alemão. É um hot hatch muito bom e um rival mais sério para o Golf GTI e o Focus ST do que nunca”.
Também renovado, o Mégane RS ganhava edições como a 230 F1 Team (em azul), com suspensão aprimorada, e a R26.R (cinza), mais leve e com escapamento de titânio
Primeiro turbodiesel da Renault Sport, o RS 175 DCI chegava em 2007 com um 2,0-litros de 175 cv e 36,6 m.kgf. A versão R26.R aparecia no ano seguinte com redução de peso em 123 kg, obtida com medidas como capô de plástico e fibra de carbono, janelas de policarbonato na seção posterior e a retirada de banco traseiro, bolsas infláveis (salvo a do motorista), sistema de áudio e isolamentos acústicos. Tinha ainda suspensão mais firme, bancos de competição Sabelt com cintos de seis pontos, escapamento de titânio e estrutura de proteção em capotamento (opcional). Com o motor de 225 cv inalterado, sua produção foi limitada a 450 unidades.
Essa fase do Mégane foi feita até 2009 na Europa (França e Espanha) e 2012 no Brasil (como veremos adiante) e no Irã, por meio da empresa Pars Khodro. Houve produção também na Indonésia e na Turquia.
Próxima parte
A cópia
Um dos Méganes serviu de “inspiração” em 2009 para um modelo chinês da BYD Auto, que já produzia o médio F3 (com jeito do Toyota Corolla anterior) e o pequeno F0 (cópia do Toyota Aygo). O S8 conversível combinava a frente do Mercedes-Benz CLK ao restante da carroceria do Mégane CC. Como no Renault, o teto rígido retrátil tinha seção envidraçada e o motor era de 2,0 litros, mas com 138 cv.