O segundo Mégane ganhava produção nacional e motor 1,6 flexível, mas perdia o hatch; chave-cartão e freio de estacionamento eram itens diferenciados do interior
Segunda geração, nacionalizada
O Mégane sedã do segundo modelo, dessa vez fabricado no Paraná, estreava no Brasil em março de 2006 em meio a uma grande renovação do segmento. Apesar de não trazer a última versão do francês, o estilo agradava e o entre-eixos de 2,68 m estava entre os maiores da categoria. No interior, peculiar era a alavanca de freio de estacionamento em formato de duas manetes de acelerador de avião juntas.
Entre os recursos inéditos estavam cartão magnético com botão para ligar o motor (sem função presencial, porém); bocal de combustível sem tampa, bastando abrir a portinhola; e caixa manual de seis marchas em um sedã nacional, apenas no Dynamique 2,0. Também não havia no modelo anterior limitador de velocidade e rodas de 16 pol. Curiosamente, bancos de couro estavam de fora.
As versões eram Expression e Dynamique, com motor 1,6 16V flexível em combustível (110 cv e 15,2 m.kgf com gasolina, 115 cv e 16 m.kgf com álcool), e a segunda podia receber o 2,0-litros 16V a gasolina (138 cv e 19,2 m.kgf). A transmissão automática de quatro marchas opcional do 2,0 oferecia trocas manuais pela alavanca, novidade em um Renault local. A suspensão traseira abandonava o arranjo independente em favor de eixo de torção.
O desenho elegante era um destaque da perua Grand Tour, lançada com os mesmos motores do sedã; em 2009, ambos ganhavam ar esportivo na série Extreme (à direita)
Na avaliação inicial o Best Cars observou: “A posição do motorista é ótima, com banco muito cômodo. Para os passageiros o interior é muito confortável e espaçoso, inclusive no banco traseiro, e o grande porta-malas de 520 litros conta com dobradiças pantográficas na tampa. O motor 1,6 traz desenvoltura bem adequada. A direção conta com assistência elétrica e peso ideal para todas as situações. O Dynamique 2,0 manual exibe pujança ao andar, com boa potência em baixa rotação, e apresenta comportamento irrepreensível nas variadas situações de tráfego”.
O elegante Coupé Cabriolet ou CC aparecia por aqui em 2008, dois anos após o sedã, mas teria vida curta – o mercado nacional já não recebia bem os conversíveis
Comparamos o 2,0 automático a Chevrolet Vectra 2,4, Ford Focus 2,0, Honda Civic 1,8 e Toyota Corolla 1,8. Ele obteve o segundo lugar atrás do Civic: “Dois estão em claro destaque: o Civic, por sua modernidade em todos os aspectos e uma mecânica feita para o prazer em dirigir, e o Mégane, bastante atual, bonito e agradável ao motorista. Se o Focus perdeu atualidade, ainda tem atributos como o motor e a suspensão, além do preço muito convidativo. O Vectra mostra uma roupa nova sobre uma plataforma antiga e com mecânica ainda mais defasada. O Corolla mantém-se um bom produto, mas está envelhecendo e não eliminou seus velhos problemas”.
A bela perua Grand Tour tornava-se nacional pouco depois, com as mesmas opções de motor e transmissão e igual capacidade de bagagem. O Best Cars colocou-a lado a lado com Peugeot 307 SW e Toyota Fielder, todas com caixa automática: “Os itens de conforto e conveniência que a Fielder acrescenta e o motor flexível não justificam tamanha diferença de preço. Ela é a melhor em acabamento e consumo, mas a pior em posição de dirigir, porta-malas, motor e custo-benefício. A 307 SW lidera em segurança passiva e perde em suspensão, enquanto a Mégane Grand Tour não sobressai para mais ou para menos em nenhum quesito, uma demonstração de equilíbrio. A média final indica empate entre Renault e Peugeot, um pouco à frente da Toyota”, opinamos.
O conversível CC foi importado por pouco tempo em 2008; a linha 2010 ganhava retoques visuais, mas só a Grand Tour seria produzida após o fim do ano
O elegante CC aparecia por aqui em fevereiro de 2008, mas teria vida curta – o mercado nacional já não recebia bem os conversíveis. O teto retrátil tinha área envidraçada, para iluminar o interior mesmo quando fechado, e podia ser aberto em 22 segundos por sistema eletro-hidráulico. Motor de 2,0 litros e caixa automática seguiam os do sedã, mas com bancos de couro e ar-condicionado automático.
A versão de topo Privilège era acrescentada a sedã e Grand Tour em maio de 2008, só com motor 2,0 e caixa automática. Além de detalhes de estilo, vinha com bancos de couro, rádio com disqueteira no painel e comando automático para ar-condicionado, faróis e limpador de para-brisa. Com a edição limitada Extreme, em 2009, os Méganes buscavam um aspecto esportivo. Disponível com ambos os motores, tinha cor preta exclusiva, anexos aerodinâmicos, novo para-choque dianteiro e bancos com costuras vermelhas. A linha 2010 recebia retoques na grade e nas lanternas traseiras, além de substituir o Privilège por um pacote opcional que aplicava seus equipamentos ao Dynamique.
Com o lançamento do Fluence, o sedã tinha a produção encerrada em novembro de 2010. Com preço reduzido e sem o nome Mégane, a Grand Tour Dynamique 1,6 tornou-se o único modelo da linha em produção até 2012, quando a Renault entendeu que o Duster poderia ocupar seu espaço.
As duas gerações do Mégane cumpriram bem seu papel no Brasil. É pena que a Renault tenha abandonado a linha na terceira geração e, sobretudo, que tenha nos deixado sem os esportivos RS e seu empolgante desempenho.
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Ficha técnica
Mégane Coupé 2,0 (1996) | Mégane RS (2003) | Mégane RS (2011) | Mégane RS (2019) | |
Motor | ||||
Posição e cilindros | transversal, 4 em linha | transversal, 4 em linha | transversal, 4 em linha | transversal, 4 em linha |
Comando e válvulas por cilindro | duplo no cabeçote, 4 | duplo no cabeçote, 4 | duplo no cabeçote, 4 | duplo no cabeçote, 4 |
Cilindrada | 1.998 cm³ | 1.998 cm³ | 1.998 cm³ | 1.798 cm³ |
Potência máxima | 150 cv a 6.100 rpm | 225 cv a 5.500 rpm | 265 cv a 5.500 rpm | 280 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo | 17,8 m.kgf a 4.500 rpm | 30,6 m.kgf a 3.000 rpm | 36,7 m.kgf a 3.000 rpm | 39,8 m.kgf a 2.400 rpm |
Alimentação | injeção multiponto sequencial | injeção mult. seq., turbo e resfriador de ar | injeção mult. seq., turbo e resfriador de ar | injeção direta, turbo e resfriador de ar |
Transmissão | ||||
Caixa e marchas | manual, 5 | manual, 6 | manual, 6 | manual, 6 |
Tração | dianteira | dianteira | dianteira | dianteira |
Freios | ||||
Dianteiros | a disco ventilado | a disco ventilado | a disco ventilado | a disco ventilado |
Traseiros | a disco | a disco | a disco | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim | sim | sim | sim |
Suspensão | ||||
Dianteira | independente McPherson | independente McPherson | independente McPherson | independente McPherson |
Traseira | ind., braço arrastado | eixo de torção | eixo de torção | eixo de torção |
Rodas | ||||
Pneus | 195/50 R 16 | 225/40 R 18 | 225/40 R 18 | 235/40 R 18 |
Dimensões | ||||
Comprimento | 3,93 m | 4,23 m | 4,30 m | 4,36 m |
Entre-eixos | 2,47 m | 2,63 m | 2,64 m | 2,67 m |
Peso | 1.095 kg | 1.375 kg | 1.387 kg | 1.512 kg |
Desempenho | ||||
Velocidade máxima | 215 km/h | 236 km/h | 254 km/h | 255 km/h |
Acel. 0 a 100 km/h | 8,6 s | 6,5 s | 6,0 s | 5,8 s |
Dados do fabricante |