Parecia uma reforma parcial, mas o Legacy 1999 vinha com entre-eixos
mais longo e suspensão multibraço; no Japão já oferecia navegador
Essa geração marcou o início de produção em Lafayette, no estado de Indiana, para atender ao mercado norte-americano. Também por lá, em 1999, a 30th Anniversary Edition comemorava 30 anos da Subaru naquele mercado com itens como teto solar e revestimento superior.
Avanços técnicos, mais potência
Em uma evolução gradual, o terceiro Legacy era lançado em junho de 1998 (nos EUA, dois anos mais tarde) com formas ainda ligadas às do anterior, tendo os faróis de superfície complexa e perfil mais alto como diferença mais evidente. Não era uma reforma superficial como parecia: a suspensão traseira passava ao conceito multibraço — vantajosa tanto para o comportamento dinâmico quanto pela menor intrusão no compartimento de bagagem — e a distância entre eixos era ampliada para 2,65 m, mantendo o comprimento. No Japão surgia um sistema de navegação integrado ao painel.
A Outback também mudava no estilo e recebia o motor 2,5 de comando
único e 165 cv; no interior japonês, couro e simulação de madeira
A linha de motores mantinha os de 2,0 litros (comando único, 137 cv, ou duplo, 165 cv) e 2,5 litros (comando único, 165 cv) com quatro cilindros opostos. Embora a mudança de comando no 2,5 parecesse um retrocesso, na prática ele mantinha a potência e ainda ganhava torque. Dessa vez a tração integral era padrão em toda a linha. As versões superiores traziam controle eletrônico de estabilidade. O sedã Outback, sucessor do SUS, esteve disponível entre 2000 e 2003 nos EUA.
A esportividade continuava em alta:
o B4 RSK usava o biturbo sequencial com
280 cv para 0-100 em 5,2 segundos
Na Popular Science, o sedã com motor 2,5 “mostrou-se rápido e manobrável na pista. O comportamento aprimorado ficou aparente no teste. Na cidade o maior torque em baixa rotação é útil. A cabine é atraente e bem desenhada, com bom espaço na traseira, e bolsas infláveis laterais dianteiras estão disponíveis pela primeira vez”. Já a Outback 2,5 agradou à Popular Mechanics: “Ela tem muito apelo. O rodar é de carro familiar médio, sem a aspereza dos SUVs baseados em picapes. Seu comportamento é previsível e seu tamanho exato. Onde ela deixa de brilhar é no ligar e sair: falta ao motor a agilidade a que estamos acostumados. De resto, a Outback é sólida e confortável”.
No Japão, a esportividade continuava em alta no Legacy. A nova versão B4 RSK usava o 2,0-litros biturbo sequencial, com 280 cv se associado a câmbio manual ou 265 com o automático, para acelerar de 0 a 100 km/h em 5,2 segundos com a primeira caixa. O torque atingia 28,3 m.kgf a apenas 2.000 rpm e, com o segundo turbo em ação, alcançava o pico de 32,6 m.kgf a 4.800 rpm. O motor também foi oferecido no Liberty dos australianos. Mais tarde a Subaru aplicava a designação B4 e o visual esportivo aos sedãs de motor aspirado TS-R (de 2,0 litros), RS 25 (2,5 litros) e RS 30 (3,0 litros).
Relâmpago: o motor biturbo de 280 cv do B4 RSK Blitzen vinha em uma
carroceria com o toque da Porsche e com novo câmbio automático
Para competir no topo de seu segmento, ocupado por modelos de seis cilindros em linha e em “V”, o Legacy recebia em 2001 o motor H6 de seis cilindros opostos (como no Porsche 911), 3,0 litros e 212 cv para as versões Outback e 3.0R. O H6 tornava a perua mais interessante, como constatou a Motor Trend: “A entrega de potência é suave e o motor está pronto a acelerar. Ele realmente vem à vida a 3.500 rpm, tornando-se perfeito para ultrapassagens. O controle de estabilidade VDC preserva o comportamento neutro em curvas. Com os pneus buscando aderência, a Outback cola à estrada, pavimentada ou não, com um rodar controlado e confortável. Essa perua é uma competente alternativa a um SUV”.
Um novo esportivo vinha em 2000: o B4 RSK Blitzen, cujo 2,0-litros biturbo de 280 cv alcançava o torque mais alto de 35 m.kgf. A versão incluía frente e traseira redesenhadas pela Porsche Design, tomada de ar no capô e rodas de 17 polegadas com pneus 215/45. O “relâmpago” (blitzen em alemão) dos japoneses podia vir com a nova caixa automática de cinco marchas Sportshift, apta a mudanças manuais sequenciais com comandos no volante, tecnologia também originária da Porsche. A perua recebia o mesmo conjunto um ano mais tarde.
Na opinião da revista neozelandesa Performance Car, o RSK era “o perfeito exemplo de lobo em pele de cordeiro. Ele pode parecer tímido, mas tem o suficiente para demolir nomes mais famosos. É o definitivo estradeiro de alta velocidade. Você sente que há potência abundante à disposição, mesmo com 100 kg a mais que no Impreza WRX. Os amortecedores Bilstein são firmes sem causar desconforto e a tração integral o mantém plantado ao asfalto”.
O sedã Outback também recebia o motor H6 de seis cilindros opostos;
o STI S401 (à direita) chegava a 293 cv no último biturbo do Legacy
Os norte-americanos recebiam em 2001 a Outback L.L. Bean, edição limitada com sistema de áudio McIntosh, toca-CDs para seis discos no painel, duplo teto solar e o dispositivo On Star, originário da General Motors, que prestava assistência (mecânica e em caso de acidente) e serviços de conveniência por meio de uma central de atendimento. Dessa fase derivou a picape de cabine dupla Baja (leia boxe abaixo).
Já a série especial S401 STI do sedã, restrita ao Japão e outros mercados da Ásia-Pacífico, vinha em 2002 com 293 cv e 35 m.kgf no motor biturbo de 2,0 litros — a última versão a aplicá-lo. A Subaru estava por abandonar esse sistema, que criava uma lacuna de torque na transição entre os turbos e não podia ser usado em carros de exportação com volante à esquerda. Trazia ainda câmbio manual de seis marchas, freios Brembo e rodas de 18 pol.
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A picape
A terceira geração da linha Legacy deu origem a uma picape de cabine dupla, a Baja. Tratava-se de uma Outback com caçamba, reinterpretando a ideia da Brat dos anos 70. Uma extensão tubular permitia levar bicicletas, por exemplo, com a tampa traseira aberta, enquanto cargas longas podiam avançar pela cabine pelo rebatimento do banco traseiro. Apenas o motor 2,5-litros foi oferecido, como aspirado de 165 cv e mais tarde com turbo e 210 cv, nesse modelo fabricado nos EUA para os mercados da América do Norte.
Nas telas
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As quatro primeiras gerações do Legacy são presença comum no cinema. Sedãs do primeiro modelo podem ser vistos nos dramas A Hora Mais Escura (Zero Dark Thirty, 2012) e Hurt (2009) e no filme de terror Tentação (Sorceress, 1995). Peruas da mesma série estão no drama Sinédoque, Nova York (Synecdoche, New York, 2008), na comédia Cold Weather (2010), no drama Bungalow (2002), no policial TBS (Nothing to Lose, 2008) e na comédia Boy Town (2006), que usa uma Liberty do mercado australiano.
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Entre os modelos da segunda geração destacam-se o sedã do drama Transcendence: A Revolução (Transcendence, 2014) e as peruas Outback dos dramas Nebraska (2013) e Conte Comigo (You Can Count on Me, 2000) e das comédias Vizinhos (Neighbors, 2014), Pegar e Largar (Catch and Release, 2006), O Prazer de sua Companhia (The Pleasure of Your Company, 2006) e Father of Invention (2010).
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Entre os carros do terceiro modelo a Outback também assume os papéis mais relevantes, como na aventura Crocodilo Dundee em Hollywood (Crocodile Dundee in Los Angeles, 2001), nas comédias A Estranha Vida de Timothy Green (The Odd Life of Timothy Green, 2012), Uma Ladra Sem Limites (Identity Thief, 2013) e Forev (2013) e nos dramas A Salva-Vidas (The Lifeguard, 2013), Ganhar ou Ganhar – A Vida é um Jogo (Win Win, 2011) e O Fantasma de Lucy Keyes (The Legend of Lucy Keyes, 2006).
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Peruas Outback do quarto modelo da série estão no drama Identidade Roubada (Irresistible, 2006) e na comédia Irmãos de Sangue (Leaves of Grass, 2009). Enfim, da quinta geração, vale mencionar o sedã da ação sul-coreana Running Man (2013) e a Outback da comédia O Que Esperar Quando Você Está Esperando (What To Expect When You’re Expecting, 2012).
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