Em vez de crescer como a maioria dos carros, o Q45 mantinha o porte na segunda
geração, em 1997, e adotava motor de menor cilindrada, 4,1 em vez de 4,5 litros
De fato, não só os jornalistas optaram pelo LS 400: também o mercado norte-americano deixou clara essa predileção, ao tornar o modelo da Toyota um grande sucesso, enquanto a Infiniti amargava vendas um tanto abaixo da expectativa. Alguns atribuem esse fracasso à campanha publicitária; outros, a características técnicas mais voltadas à esportividade que ao conforto, em desacordo com as exigências de seu público-alvo; outros ainda, a uma estranheza à frente sem grade ou uma decepção pelo acabamento interno sóbrio, sem o requinte apreciado por muitos.
Para a Consumer Guide, “seu comportamento dinâmico é competente e pode-se esperar um rodar próximo a um ‘tapete mágico’, com excelente absorção de impactos”
A Infiniti passou então a trabalhar em uma correção de rota. A grade que alguns tanto queriam vinha no modelo 1994, junto de uma reestilização dos faróis e dos para-choques. Apliques de madeira no interior e couro mais suave no revestimento dos bancos eram outras concessões a gostos tradicionais. As novidades passavam ainda por bolsa inflável frontal para o passageiro, direção com relação mais alta (resposta mais lenta) e suspensão recalibrada com foco no aumento do conforto de rodagem. Para 1996 o Q45 tinha poucas alterações, e não para melhor — o motor V8 perdia a variação de tempo de válvulas e a suspensão ativa deixava de ser oferecida.
A Popular Mechanics aprovou as mudanças na suspensão ao avaliar o sedã em 1995: “O V8 é forte e suave. A suspensão com amortecimento bem controlado faz homenagem aos sérios acertadores de chassi de Munique que elevaram as suspensões da BMW a uma forma de arte. O trem de força e o chassi do Q45 complementam um ao outro de maneira soberba — o carro simplesmente implora para ser dirigido. Quanto mais forte você o dirige, mais ele o recompensa e pede mais. Mas o Infiniti oferece também um elegante e luxuoso interior. É verdade que o banco traseiro não é muito espaçoso e o porta-malas enche com rapidez, mas são falhas menores em um conjunto impressionante”.
O novo Infiniti, baseado no Nissan Cima japonês, deixava de oferecer a suspensão
ativa; no centro e à direita o modelo 2000, com alterações de estilo e mais conteúdos
Menos é mais
O Q45 passava à segunda geração, de código FY33, no modelo 1997. Em vez de um derivado do President, ele agora era similar ao modelo Cima vendido no Japão. Ao contrário do que muitas fábricas vinham fazendo, em um aumento contínuo de dimensões, a Infiniti optou por diminuir a distância entre eixos em 5 cm e deixar comprimento, largura e altura quase inalterados. Havia razoável perda de peso, que caía de 1.832 para 1.760 kg; por outro lado, o porta-malas já criticado pela capacidade de 420 litros ficava ainda menor, com 356 litros.
As linhas discretas consistiam em uma evolução do tema adotado no modelo anterior — com grade dianteira, claro. Os equipamentos de série continuavam um destaque: teto solar, sistema de áudio Bose de 200 watts, rodas de 16 pol, apliques de madeira. O pacote Touring acrescentava defletor traseiro, disqueteira no porta-malas e volante revestido em couro, além de suspensão mais firme. Sob o capô, outra redução: o motor V8 de 4,5 litros dava lugar a um de 4,1 litros com variação de tempo de válvulas e 266 cv. O câmbio automático de quatro marchas permanecia.
Nem todas as alterações foram aprovadas na análise da Consumer Guide: “O Q45 acelerou de 0 a 96 km/h em rápidos 7,2 segundos. A potência em média rotação é ampla, ajudada pelo câmbio automático refinado e macio como veludo, mas o consumo de combustível não é inspirador. Seu comportamento dinâmico é competente, mas nada esportivo. Ao mesmo tempo, pode-se esperar um rodar próximo a um ‘tapete mágico’, com excelente absorção de impactos. Este ‘Q’ é quieto, sem dúvidas. Embora menor por fora que o Q45 anterior, este é mais espaçoso”.
A Motor Trend não demorou a colocá-lo diante do arquirrival LS 400. Entre as impressões, o Q45 revelou um “rodar tão suavizado que está mais para Cadillac DeVille que para BMW Série 7. Mesmo a suspensão ‘esportiva’ do Q45t não é mais firme que a do LS 400, e o carro inclina-se mais nas curvas. E se os entusiastas de sedãs esportivos não aprovarão as mudanças, a combinação pode ser a certa para aumentar suas vendas”. O Lexus também foi mais rápido nas acelerações, produziu menos ruído — embora ambos fossem muito silenciosos — e acabou recomendado como a melhor opção.
Na terceira geração o Q45 voltava a crescer e retomava a cilindrada original; o motor
evoluído fornecia 340 cv, potência das mais altas entre os sedãs de luxo da classe
Novos recursos apareciam no modelo 1999: faróis com lâmpadas de xenônio, cortina contra sol no vidro traseiro com acionamento elétrico e, na versão Q45t (Touring), amortecedores com controle eletrônico e dois programas de funcionamento, para atender às críticas sobre a suspensão macia em excesso. Entre pequenas revisões de aparência, as lanternas traseiras vinham menores, sem complemento na tampa do porta-malas. A linha 2000 recebia encostos de cabeça ativos nos bancos dianteiros, navegador por satélite com tela sensível ao toque no painel e velas de ignição com vida útil de 160 mil quilômetros. A edição especial 10th Anniversary Touring, alusiva à década de produção do modelo, vinha com acabamentos específicos, caso das rodas e do aplique de madeira no volante.
Tecnologia em profusão
Novo milênio, novo Q45: a Infiniti apresentava como modelo 2002 sua terceira geração, de código F50, que adotava maiores largura, altura e entre-eixos (2,87 m, ou 4 cm a mais) e seguia como uma versão do Nissan Cima vendido aos japoneses. Antecipado em 2000 no Salão de Nova York, seu desenho estava mais arredondado, mas ainda tradicional; chamavam atenção os grandes faróis de xenônio com refletores com sete lentes que, segundo o fabricante, garantiam a maior iluminação do mercado mundial na época.
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O especial
A preparadora californiana Stillen, bem conhecida pelos adeptos de Nissans “bravos”, foi a escolhida para elaborar uma versão especial do Infiniti Q45, a Indy, em 1999. A ideia era associar a marca de carros luxuosos ao uso do motor V8 de 4,1 litros — baseado no do próprio Q45 — na categoria de competição IRL, ou Indy Racing League. Com novo coletor de admissão e escapamento mais livre, a potência subia de 266 para 300 cv. O sedã ganhou ainda rodas Momo de 17 pol com pneus 245/45, freios Brembo de maior capacidade e molas especiais para rebaixar a carroceria.
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