Fiat Bravo propõe esportividade que não dói no bolso (4)

 

Já na reta final, nosso Sporting passa por mãos femininas,
mede o consumo com álcool e… volta a cheirar combustível

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

Atualização de 26/4/13

A avaliação do Fiat Bravo Sporting em Um Mês ao Volante não seria completa sem a habitual opinião feminina, que representa a visão de parcela cada vez mais expressiva do público que compra automóveis — ou que decide a escolha, mesmo quando é o homem quem fecha o negócio. Para isso, convidamos a administradora de empresas Giuliana Pucci de Souza, que já opinou em dezembro sobre o Citroën C3 Exclusive, para passar alguns dias com o carro.

Embora tenha hoje um Hyundai Tucson, a colaboradora possuiu até o ano passado um Citroën C4 GLX hatch de 1,6 litro, modelo da mesma categoria do Bravo, o que lhe rendeu boa referência sobre o carro avaliado. Giuliana começa sua análise pelo estilo: “Gostei do design do Bravo, que apresenta modernidade tanto por fora quanto no interior. Ao mesmo tempo, achei-o muito parecido com o Punto e até me lembrou um pouco o novo Palio, o que, na minha opinião, fez com que o carro aparentasse ter um estilo muito comum”.

Sobre o ambiente interno, a motorista destaca a posição de dirigir, considerada “confortável para qualquer pessoa”, e o painel de instrumentos “muito bonito, completo e de fácil compreensão”. Gostou também do compartimento refrigerado no console central, dos comandos de voz, do teto solar duplo — “um diferencial que me agradou bastante” —, dos controles de rádio no volante e do controlador de velocidade.

 

 
Giuliana aprovou o Bravo pelo desenho externo e interno, mas fez ressalvas
ao espaço no banco traseiro e aos poucos locais para guardar objetos

 

Mas os elogios ao interior não foram muito além: “O acabamento até passa uma aparência sofisticada, mas algumas falhas me fizeram perceber que deixa a desejar. O carro tem pouco espaço para objetos: há apenas um porta-copos e o console é pequeno, sem lugar para dois telefones. Achei o porta-luvas de difícil utilização: por ser muito profundo, mas baixo, não é possível enxergar nada em seu interior”. Sobre o espaço Interno, Giuliana entende que, “apesar do banco um pouco justo nas laterais, o que é normal para uma versão esportiva, o espaço para o motorista e o passageiro é muito bom. Já o banco traseiro é muito pequeno, tornando desconfortável fazer uma viagem”. Também considerou insatisfatório o compartimento de bagagem.

Tendo dirigido o Bravo em cidade e em rodovia, a colaboradora satisfez-se com o desempenho do motor: “Atende rapidamente aos comandos, com boas acelerações. Achei-o forte e rápido, mas um pouco barulhento, ainda que adequado como versão esportiva”. Menções positivas foram feitas também ao câmbio com “engate curto e rápido, excelente” e à suspensão. “Acredito que seja a maior qualidade do Bravo: o carro é muito estável, senti segurança ao conduzi-lo”, ela destaca. O consumo que obteve, porém, não a convenceu.

 

A colaboradora satisfez-se com o desempenho do motor: “Atende rapidamente aos comandos, com boas acelerações, mas é um pouco barulhento”

 

Giuliana observou mais alguns detalhes: “Gostei muito das luzes que se acendem à noite quando ligamos a seta ou quando viramos o volante. Achei muito útil, todo carro deveria ter. Apesar dos faróis serem regulados dentro do carro, com três posições de altura, na minha opinião eles são pouco eficientes e iluminam muito mal. Também não gostei do botão de abertura do porta-malas, pouco funcional: precisamos levantá-la segurando na lataria por falta de uma alça adequada, como a que existia no meu C4”.

Afinal, a colaboradora compraria um Bravo Sporting pelos R$ 64 mil que ele custa conforme avaliado? “Não. Na minha opinião o custo não compensa o benefício. Há outros carros no mercado com o mesmo valor que apresentam mais vantagens e que me agradam mais”.

 

Com álcool, mais esperto

Esta foi a semana de maior distância percorrida para o Bravo: 851 quilômetros, dos quais 439 em rodovias, tanto na região do Vale do Paraíba (a sede do Best Cars é em Pindamonhangaba, SP) quanto nas rodovias de ligação entre o Vale e a capital paulista. Foi também sua primeira semana completa com uso de álcool, pois logo no início da avaliação, ao esgotar o tanque original vindo da Fiat, abastecemos com gasolina para poder obter médias de consumo com o combustível predominante hoje no Brasil.

 

 
Os engates do câmbio e o controlador de velocidade renderam elogios ao Bravo;
sobre o porta-malas, a motorista reclamou uma alça para erguer a tampa

 

Com álcool o Bravo ganha só um pouco de potência (2 cv) e de torque (0,5 m.kgf), mas a sensação de quem o dirigiu com ambos os combustíveis — este editor e o colaborador Luciano dos Santos — foi de aumento até maior. E faz sentido, pois o produto da cana de açúcar permite ao motor operar com maior avanço de ignição sem sofrer detonação, o que traz respostas mais rápidas em situações comuns no trânsito como acelerar a fundo em rotações baixas e médias. O desempenho máximo do carro, na verdade, não se altera muito, como denotam os tempos de aceleração de 0 a 100 km/h informados pela Fiat: 9,9 segundos com álcool, 10,3 s com gasolina.

Como seria inevitável pelo menor poder calorífico do álcool, o consumo aumentou bastante com a mudança. A média da semana foi de 7,9 km/l, com a melhor marca em 9,1 km /l (obtida em viagem do interior a São Paulo à faixa de 110-120 km/h e com ar-condicionado ligado) e a pior em 4,1 km/l (medida em uma hora de uso urbano pesado na capital, com velocidade média indicada de apenas 13 km/h).

Foram efetuados também os testes de consumo em nossos trajetos-padrão. O urbano indicou 8,6 km/l, lembrando-se que é um uso moderado, sem ar-condicionado, com média de quase 40 km/h e vias sem tráfego. A marca responde por praticamente 70% do rendimento obtido com gasolina no mesmo teste (12,3 km/l), a exata diferença que se costuma atribuir aos motores flexíveis com cada combustível. No trajeto rodoviário, à faixa de 120 km/h com ar acionado, os 38 km apontaram consumo de 8,1 km/l ou 74% do registrado antes com gasolina (11 km/l) em condições iguais.

 

 

Ainda sobre combustível, na semana passada o Bravo foi à concessionária para verificar o forte odor de combustível que vinha sendo sentido no interior. O cheiro sumiu por alguns dias, mas voltou sempre que o tanque foi completado, mesmo cessando o abastecimento na primeira parada automática da bomba. Ficou claro, portanto, que o diagnóstico da autorizada Fiat Vita foi incorreto e que a prescrição do consultor técnico — não superar esse ponto de enchimento — não surtiu efeito. Como o incômodo tem durado pouco, decidimos seguir assim até a devolução do carro ao fabricante para evitar uma interrupção mais longa do teste.

Antes de voltar para casa, porém, o Sporting tem mais um fim de semana com a equipe. Dessa vez segue rumo a Amparo, no interior paulista, nas mãos de Paulo de Araújo — um dos colaboradores mais antigos de Um Mês ao Volante, participante da maioria das 27 avaliações feitas até agora. Na próxima sexta (3), suas impressões.

Atualização anterior

 

Último período

7 dias

851 km

Distância em cidade 412 km
Distância em estrada 439 km
Consumo médio (álcool) 7,9 km/l
     Melhor marca média 9,1 km/l
     Pior marca média 4,1 km/l
Indicações do computador de bordo

 

Desde o início

28 dias

2.178 km

Distância em cidade 1.033 km
Distância em estrada 1.145 km
Tempo ao volante 44h 33min
Velocidade média 49 km/h
Consumo médio (gasolina) 11,4 km/l
     Melhor marca média 12,6 km/l
     Pior marca média 8,3 km/l
Consumo médio (álcool) 8,2 km/l
     Melhor marca média 10,1 km/l
     Pior marca média 4,1 km/l
Indicações do computador de bordo

 

Consumo em trajetos-padrão

Trajeto em cidade (gasolina) 12,3 km/l
Trajeto em rodovia (gasolina) 11,0 km/l
Trajeto em cidade (álcool) 8,6 km/l
Trajeto em rodovia (álcool) 8,1 km/l
Indicações do computador de bordo

 

Preço

Sem opcionais R$ 59.310
Como avaliado R$ 63.996
Preços públicos vigentes em 4/4/13

 

 

Ficha técnica

Motor
Posição transversal
Cilindros 4 em linha
Comando de válvulas no cabeçote
Válvulas por cilindro 4
Diâmetro e curso 80,5 x 85,8 mm
Cilindrada 1.747 cm³
Taxa de compressão 11,2:1
Alimentação injeção multiponto sequencial
Potência máxima (gas/álc.) 130/132 cv a 5.250 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 18,4/18,9 m.kgf a 4.500 rpm
Transmissão
Tipo de câmbio e marchas manual /  5
Tração dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado
Traseiros a disco
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal
Rodas
Dimensões 7 x 17 pol
Pneus 215/45 R 17
Dimensões
Comprimento 4,336 m
Largura 1,792 m
Altura 1,488 m
Entre-eixos 2,602 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 58 l
Compartimento de bagagem 400 l
Peso em ordem de marcha 1.372 kg
Desempenho
Velocidade máxima (gas./álc.) 191/193 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h (gas./álc.) 10,3/9,9 s
Dados do fabricante; consumo não disponível

 

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