Outro colaborador põe as mãos no Sporting, que faz o teste
de consumo urbano e se prepara para trocar de combustível
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Atualização de 19/4/13
Em sua terceira semana em Um Mês ao Volante, o Fiat Bravo Sporting passou às mãos de outro colaborador, que — a exemplo de Vitor Freitas — já havia opinado na avaliação do Citroën C3 Exclusive. Luciano dos Santos, 38 anos, é daqueles motoristas de grande experiência com carros de todos os tipos, de compactos a picapes, passando pelo valente Jeep Willys com que encara trilhas nos fins de semana. Na faixa de mercado do Bravo ele teve, alguns anos atrás, um Peugeot 307 com motor de 1,6 litro.
Luciano não economizou quilômetros em sua avaliação do hatchback: rodou mais de 600, divididos meio a meio entre cidade (tanto na região de Pindamonhangaba, onde mora, quanto em São Paulo) e rodovia. E voltou com boas impressões, mas também com restrições.
Começamos perguntando o que ele achou do estilo do Bravo. “É um carro ainda moderno, apesar dos anos de mercado, e tem um apelo esportivo interessante. Mas os adesivos nas laterais não eram necessários e são de gosto discutível”. Passando ao interior, o colaborador considera o acabamento satisfatório para o preço do carro e a posição de dirigir confortável, com “várias regulagens e um banco envolvente e bem posicionado em relação ao piso e ao volante”. Sobre o painel de instrumentos, sugere: “Ficaria melhor com o conta-giros no centro para um visual mais esportivo”.
Um desenho ainda moderno e com ar esportivo, um interior bem equipado
e de acabamento correto: bons atributos do Bravo na opinião de Luciano
Satisfeito com o espaço interno e de bagagem do Bravo como o hatch médio que é, Luciano elogia os itens de conveniência presentes na versão: “É um carro completo. Gosto do teto solar amplo e com abertura independente do forro para frente e traseira. O ar-condicionado refrigera bem e o sistema de som tem qualidade adequada. Duas restrições: o comando por voz não reconhecia bem as ordens e o controlador de velocidade tem resposta muito lenta para aumentá-la, tendo de insistir no comando por muito tempo”.
“Achei a suspensão bem acertada: o carro fica ‘na mão’ em curvas e em alta velocidade, sem causar desconforto no dia a dia em nossas ruas irregulares”
Dirigindo o Sporting sem conhecer seus dados técnicos, o motorista se decepcionou ao saber que o motor E-Torq de 1,75 litro e 16 válvulas desenvolve 130 cv com gasolina, o combustível que usou. “Ele não parece mais potente que meu antigo Peugeot de 113 cv. Tem um ronco esportivo, interessante, mas não resulta no desempenho que seu visual faz esperar. Demora para ganhar velocidade na estrada e decepciona em uma tocada mais ‘alegre’, a não ser que se reduza marcha o tempo todo. Quem compra um carro com apelo esportivo espera que ele faça jus a essa imagem, e o Bravo não faz”, argumenta.
Luciano aprovou a direção com assistência elétrica em dois níveis, que deixa o volante bastante leve quando acionado o modo City (cidade), assim como elogiou a suspensão: “Achei bem acertada. O carro fica ‘na mão’ em curvas e em alta velocidade, sem causar desconforto no dia a dia em nossas ruas irregulares. Quem o vê de fora, com os pneus de perfil baixo, supõe que seja mais duro do que é de fato”. Gostou ainda do consumo de combustível: “Surpreendeu: já tive carros da Fiat com motor 1.000 que consumiam mais que o Bravo”. Contudo, achou muito ruim o engate da marcha à ré.
A boa posição de dirigir e o relativo conforto ao rodar, apesar da suspensão firme,
também agradaram ao colaborador, mas o engate da marcha à ré foi criticado
E como foi tal consumo? Seu uso compreendeu quatro trechos de medição com médias entre 8,8 e 12,3 km/l de gasolina. O período “gastão” foi restrito à cidade, com ar-condicionado ligado, enquanto o mais comedido se refere a 172 km (sendo 140 em rodovia) de uso noturno, sem ar, seguindo o tráfego a 110-120 km/h. Como prova de que o consumo tem muita relação com o peso do pé direito, outro trajeto com predomínio de rodovia não passou de 9,8 km/l, graças às frequentes incursões ao lado direito da escala do conta-giros — “para experimentar o motor”, segundo o motorista.
O relato do colaborador não poderia terminar sem a resposta à clássica pergunta: compraria um pelo preço sugerido, hoje de R$ 64 mil com opcionais? “Provavelmente não. O custo-benefício do Bravo não convence, pois a categoria oferece opções como Peugeot 308 Feline, Ford Focus Titanium e Citroën C4 Exclusive Sport, todos com motores mais potentes de 2,0 litros, na mesma faixa de preço”.
Cheiro de problemas
Nesta que foi a última semana do Bravo com gasolina, fizemos o teste de consumo em trajeto-padrão de 18 km em cidade, rigorosamente o mesmo usado antes no C3. É um percurso leve, feito em grande parte entre 40 e 50 km/h, sem uso de ar-condicionado, mas com várias paradas em cruzamentos e lombadas. Dirigimos o carro normalmente, sem explorar toda a potência do motor, para simular a mesma forma de uso para diferentes modelos e para os dois combustíveis do mesmo carro.
O resultado foi bom: ajudado pelo câmbio manual, que implica menores perdas que o automático do C3, o Bravo conseguiu 12,3 km/l na indicação do computador de bordo (que tem se mostrado confiável quando confrontada aos cálculos de abastecimento), ante 11,6 km/l do pequeno Citroën. Depois, rodamos até quase esgotar a gasolina — faltavam cerca de 20 km, com o computador tendo deixado havia tempos de indicar a autonomia — e completamos com álcool, que será usado até o fim da avaliação. Embora haja poucos adeptos do produto da cana de açúcar hoje, a informação de consumo voltará a ser importante se o quadro de preços mudar outra vez.
Embora agradável de ouvir, o motor E-Torq não tem convencido a equipe pelo
desempenho; já as marcas de consumo vêm sendo adequadas ao porte do carro
Por falar em combustível, um inconveniente do Bravo já notado antes em pequeno grau se acentuou: odor de combustível dentro do carro, sobretudo ao entrar com os vidros fechados. Havia acontecido após abastecimentos, mas passava logo — até que começou a incomodar mesmo com o tanque baixo. Assim que recebeu álcool, o carro foi tomado pelo forte odor do novo combustível, o que nos levou a pedir uma verificação na concessionária local (Vita), com ciência do fabricante.
Em minutos o consultor técnico trazia o carro e sua resposta: algum abastecimento “até a boca” havia levado combustível ao respiro, bastando esvaziá-lo para o cheiro passar. De fato passou, ao menos por enquanto, mas a explicação não convence. Se o único abastecimento com álcool (que acompanhamos de perto) foi encerrado já na primeira parada automática da bomba, por que surgiu de imediato um forte odor do novo combustível, que perdurou até a ida à assistência? Afinal, se o líquido contido no respiro causasse o cheiro, este seria da gasolina de um abastecimento anterior.
Ficaremos de olhos (e olfato) atentos.
Atualização anterior |
Último período
7 dias |
644 km |
Distância em cidade | 334 km |
Distância em estrada | 310 km |
Consumo médio (gasolina) | 10,2 km/l |
Melhor marca média | 12,3 km/l |
Pior marca média | 8,8 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Desde o início
21 dias |
1.328 km |
Distância em cidade | 622 km |
Distância em estrada | 706 km |
Tempo ao volante | 27h 37min |
Velocidade média | 48 km/h |
Consumo médio (gasolina) | 10,3 km/l |
Melhor marca média | 12,6 km/l |
Pior marca média | 8,3 km/l |
Consumo médio (álcool) | 9,2 km/l |
Melhor marca média | 10,1 km/l |
Pior marca média | 8,1 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Consumo em trajetos-padrão
Trajeto em cidade (gasolina) | 12,3 km/l |
Trajeto em rodovia (gasolina) | 11,0 km/l |
Indicações do computador de bordo; os trajetos ainda serão percorridos com álcool |
Preço
Sem opcionais | R$ 59.310 |
Como avaliado | R$ 63.996 |
Preços públicos vigentes em 4/4/13 |
Teste do Leitor
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 80,5 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.747 cm³ |
Taxa de compressão | 11,2:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas/álc.) | 130/132 cv a 5.250 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 18,4/18,9 m.kgf a 4.500 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual / 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 7 x 17 pol |
Pneus | 215/45 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,336 m |
Largura | 1,792 m |
Altura | 1,488 m |
Entre-eixos | 2,602 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 58 l |
Compartimento de bagagem | 400 l |
Peso em ordem de marcha | 1.372 kg |
Desempenho | |
Velocidade máxima (gas./álc.) | 191/193 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h (gas./álc.) | 10,3/9,9 s |
Dados do fabricante; consumo não disponível |