O pequeno Citroën, redesenhado para 2013, passa por 30 dias
de avaliação e revela se os atributos justificam o (alto) preço
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Atualização inicial: 20/11/12
O vigésimo sexto carro avaliado em Um Mês ao Volante é uma das principais novidades da produção nacional em 2012, o Citroën C3 de segunda geração. Lançado em agosto passado, ele corresponde ao modelo francês apresentado em 2009, mas recebeu tratamento específico na parte dianteira e motores diversos dos usados na Europa.
A versão em análise é a de topo, Exclusive, com motor VTi 120 de 1,6 litro e 16 válvulas e caixa de câmbio automática de quatro marchas, opcional. O preço básico de R$ 55.340 (câmbio incluído) abrange equipamentos como bolsas infláveis frontais, freios com sistema antitravamento (ABS) e distribuição eletrônica entre os eixos (EBD), rodas de alumínio de 16 pol, faróis e luz traseira de neblina, luzes diurnas por leds na frente, ar-condicionado automático, rádio/toca-CDs com MP3 e comando-satélite, computador de bordo, controlador e limitador de velocidade, faróis e limpador de para-brisa automáticos, direção com assistência elétrica, banco do motorista regulável em altura, volante ajustável em altura e distância, banco traseiro bipartido 60:40 e interface Bluetooth para telefone celular.
A esse conjunto foram acrescentados pintura metálica na cor Rouge por R$ 1.090, o pacote Techno (revestimento interno parcial em couro, sensores de estacionamento na traseira e alarme com ultrassom) por R$ 2.100 e bolsas infláveis laterais nos bancos dianteiros por R$ 600, em total de R$ 59.130. Faltou apenas o navegador por satélite integrado ao painel com tela de 7 pol por mais R$ 2.400. Com ele, a conta chegaria a R$ 61.530 — bastante caro para um carro pequeno, sem dúvida, apesar do considerável aparato de conforto, conveniência e segurança.
A versão Exclusive com câmbio automático e opcionais supera R$ 59 mil,
mas oferece um conjunto apreciável de itens de conforto e segurança
Embora tenha mantido a identidade do modelo original (leia análise de estilo), o C3 foi todo redesenhado e exibe um desenho moderno e atraente, seja nos traços, seja em detalhes como as luzes diurnas de leds no para-choque dianteiro e as belas rodas. O ambiente interno lembra o das minivans C3 Picasso e Aircross, com as quais compartilha muitos itens do painel e de acabamento. Sem chegar a ser luxuoso, é um carro bem-acabado e que aparenta qualidade.
O motor mostra potência disponível desde baixas rotações e funcionamento suave e silencioso; embora o câmbio tenha apenas quatro marchas, não compromete no uso cotidiano
O motorista acomoda-se bem, com amplas regulagens de banco e volante e posições relativas corretas entre esses itens e os pedais. A sua frente, um painel bem diferente do usado no antigo C3, pois o quadro digital deu lugar a mostradores analógicos de fácil leitura. É fácil o uso dos comandos, mas poderia haver mais espaços para objetos do dia a dia — alguns dos locais não retêm os itens com o movimento do carro.
Deixe o sol entrar
Um destaque do novo Citroën é o para-brisa chamado Zenith, cerca de 35% mais longo que o habitual, estendendo-se sobre os bancos dianteiros. Embora a região superior tenha vidro escurecido, a ideia é aproveitá-lo em horários sem sol intenso, como se faz com um teto solar ou envidraçado — em caso contrário, o desconforto é certo. Quando o sol incomoda, um anteparo interno retoma o tamanho original do para-brisa. O que se perde com o item é que os para-sóis não podem ser articulados para a lateral nem trazem espelho de cortesia, embora um espelho portátil seja fornecido no porta-luvas.
Espaço no banco traseiro continua a não ser o ponto alto do C3, que tem escassa largura e acomodação apenas regular para pernas e cabeças — nada muito diferente da média da categoria. Ponto positivo é haver encosto de cabeça e cinto de três pontos também para o passageiro central. O porta-malas leva 300 litros, boa capacidade para seu porte.
O motor de 1,6 litro, uma evolução do que equipava o antigo C3, oferece bons valores de potência e torque: 122 cv e 16,4 m.kgf com álcool, o combustível em uso na primeira fase da avaliação. Trocas manuais do câmbio automático podem ser feitas pela alavanca seletora (com reduções para trás) ou via comandos fixados à coluna de direção, que não acompanham o giro do volante (o esquerdo reduz).
Espaço não é o forte, mas o C3 tem bom acabamento e um interior agradável;
a caixa automática permite trocas manuais por alavancas junto ao volante
Nossos seis primeiros dias com o pequeno Citroën tiveram um predomínio de uso rodoviário, mas com duas horas de tráfego muito pesado em São Paulo — arrastando-se à média de 15 km/h — que afetaram a média de consumo: até agora foram 7,6 km/l de álcool, apenas razoável para as condições de uso. O motor tem mostrado desempenho bastante bom, com potência disponível desde baixas rotações e funcionamento suave e silencioso. Embora o câmbio tenha apenas quatro marchas, não compromete no uso cotidiano e revela mudanças suaves, salvo por alguns solavancos na troca de primeira para segunda em baixa velocidade.
As suspensões conciliam um rodar confortável e plena sensação de segurança, atributo que já se destacava no antigo C3. Outra “herança bendita” é a direção com assistência elétrica, que passou por evolução e obtém peso ideal em qualquer situação — bem leve em baixa velocidade, algo firme em curvas de alta.
Tudo isso será avaliado em profundidade nos 24 dias de avaliação que temos adiante. Já nesta semana o Exclusive põe outra vez os pneus na estrada para um percurso mais longo, cerca de 500 quilômetros, que trará conclusões sobre sua aptidão para viajar. Na terça-feira você confere o resultado.
Avaliação anterior (Fiat Idea) |
Desde o início
6 dias |
267 km |
Distância em cidade | 72 km |
Distância em estrada | 195 km |
Velocidade média | 41 km/h |
Consumo médio (álcool) | 7,6 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Preço
Sem opcionais | R$ 55.340 |
Como avaliado | R$ 59.130 |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 78,5 x 82 mm |
Cilindrada | 1.587 cm³ |
Taxa de compressão | 12,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas.) | 115 cv a 6.000 rpm |
Potência máxima (álc.) | 122 cv a 5.800 rpm |
Torque máximo (gas.) | 15,5 m.kgf a 4.000 rpm |
Torque máximo (álc.) | 16,4 m.kgf a 4.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático / 4 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 16 pol |
Pneus | 195/55 R 16 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,944 m |
Largura | 1,708 m |
Altura | 1,521 m |
Entre-eixos | 2,46 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 55 l |
Compartimento de bagagem | 300 l |
Peso em ordem de marcha | 1.202 kg |
Dados do fabricante; desempenho e consumo não disponíveis |