A minivan faz seu primeiro trajeto rodoviário e passa pela
medição de consumo em ciclo-padrão: confira os resultados
Texto e fotos: Roberto Agresti
Atualização de 2/10/12
O colaborador Paulo de Araújo foi acionado para uma rápida viagem de fim de semana ao interior paulista, ao volante da Fiat Idea Adventure de Um Mês ao Volante. Sua missão: acompanhar um dos carros muito especiais avaliados para a edição de aniversário do Best Cars. Pindamonhangaba, seu destino e sede do site, é uma localidade cujo acesso a partir de São Paulo se dá pelas ótimas rodovias Ayrton Senna, Carvalho Pinto e (por poucos quilômetros) Presidente Dutra. O trecho, percorrido em horário de pouco movimento, mostrou ao motorista importantes características da minivan da Fiat.
O colaborador se revela logo de cara um tanto quanto cético sobre as vantagens de se ter uma Idea “pintada para guerra”, com os acessórios típicos das versões Adventure, tais como pneus mistos, maior altura em relação ao solo e proteções plásticas nas laterais e nas caixas de rodas, além do famoso estepe externo. “Consigo entender a razão da ‘moda aventureira’ mas, se estivesse para escolher uma Idea, certamente não seria essa. A pena é que o motor mais potente a Fiat reservou apenas a essa versão, o que acho um erro. Todavia, é compreensível que muitos apreciem a conformação desse tipo de carro, curto, alto e que oferece uma visão mais privilegiada”.
Uma característica negativa foi a sensibilidade a ventos laterais: “Nessas condições é o motorista que deve levar o carro, atento, e não o oposto”
Paulo endossa um ponto positivo da minivan já mencionado por Inês Agresti no relato anterior, a impressão de carro maior do que é, em função da altura: “Ao entrar na Idea há uma imediata sensação de amplitude, causada pelo teto alto. Não é preciso abaixar para entrar no carro, mas sim subir, sem exageros. Imagino que deva agradar bastante motoristas mais altos ou corpulentos, o que não é meu caso. O espaço no banco traseiro é bom, assim como a visibilidade para os passageiros. A posição de dirigir, porém, é um tanto quanto estranha, pois o volante não está bem alinhado com o banco e é regulável só em altura, com amplitude mínima. A falta da regulagem em distância é sentida. O painel, uma herança do Palio antigo, fica um tanto alto e tem o conhecido defeito das saídas de ar muito baixas”.
O desempenho do motor E-Torq de 1,75 litro e 16 válvulas convenceu Paulo de
Araújo, que elogiou as retomadas, mas não gostou da estabilidade direcional
Elogios do motorista são direcionados aos muitos porta-objetos, como o grande compartimento situado sobre o para-brisa, e o sistema de áudio com interface Bluetooth, “uma conveniência que o Honda Civic LXL de teste, bem mais caro, não tinha”, como lembra o motorista. Também agradou ao colaborador o revestimento interno: “Passa uma impressão de razoável capricho. Os bancos de couro bicolor, assim como o volante, não parecem coisa barata. De um modo geral é um interior agradável, apesar dos plásticos rígidos”.
Engatar e esquecer
Sobre aspectos dinâmicos, Paulo comenta seus mais de 400 quilômetros com a Idea, realizados em sua maior parte nas estradas citadas: “Na ida não poupei o acelerador, pois precisava manter o ritmo de viagem de um carro bem mais potente que o Fiat. Isso me fez ver a boa saúde do motor da Idea, que mantém com facilidade velocidades na faixa de 120 km/h, mesmo nas muitas subidas da rodovia. É engatar quinta e esquecer, pois sendo bem elástico não exige mudanças de marcha em breves retomadas. Chega a surpreender nas arrancadas, rápida mesmo”.
O preço da pressa foi o consumo: “Em velocidades mais altas se percebe que a grande área frontal oferece resistência, o que é inerente às características do carro. E isso, claro, prejudica a economia. Mesmo com um ritmo de viagem mais manso na volta, ao cabo desse percurso o veredito foi de excessivos 8,2 km/l de álcool. Creio que, se não houvesse rodado na cidade e pudesse aliviar mais o acelerador na ida, a Idea teria conseguido fazer ao menos 10 km/l”.
Uma característica negativa sentida pelo colaborador foi a sensibilidade a ventos laterais rodando acima de 100 km/h, o que segundo ele exige uma atenção redobrada ao volante: “Nessas condições é o motorista que deve levar o carro, atento, e não o oposto”. Todavia, Paulo elogia o ajuste de suspensões, que lhe pareceu equilibrado. Transmite relativo conforto em pisos irregulares e mantém o carro bem “amarrado”, sem ser mole demais, o que seria algo crítico em um carro com centro de gravidade tão alto.
Espaço e visibilidade para os passageiros são pontos positivos; como falhas, o
motorista menciona as colunas dianteiras e os difusores de ar muito baixos
Freio e câmbio mereceram comentários individualizados: “A impressão ao afundar o pé no freio com vontade é que a traseira se desequilibra. Já do câmbio eu gostei, por conta dos engates justos. Só não aprovo a marcha à ré que exige que se puxe o anel”. Paulo, que viajou só, supõe como ficaria a minivan carregada: “Certamente ela não faria feio, pois sobra potência. Apesar do acesso dificultado pelo estepe, o porta-malas não é ruim. Um problema é a visibilidade ser atrapalhada pelas colunas junto ao para-brisa, um item que envolve segurança e que deveria ter sido projetado com mais cuidado”.
Questionado se compraria a Idea Adventure, Paulo reflete: “Imagino que não, pois o estilo minivan não me atrai, ainda mais nessa versão. Além disso, o preço de quase R$ 60 mil é abusivo para um carro de seu porte e sem maior luxo. No entanto, gostei da disposição do motor de 1,75 litro, bastante esperto, e suponho que outro modelo da marca com ele equipado, como o Punto, seria uma válida alternativa”.
A Idea acaba de passar pelo percurso-padrão de medição de consumo, no qual obteve 10,9 km/l de álcool (será refeito o trajeto quando ela passar a usar gasolina, na segunda fase da avaliação). É um rendimento bem menor que o do VW Gol BlueMotion (14,6 km/l), como esperado, e inferior também ao do Civic LXL (12,1 km/l), os dois outros modelos que já passaram pelo trajeto.
Atualização anterior |
Último período
3 dias |
441 km |
Distância em cidade | 121 km |
Distância em estrada | 320 km |
Tempo ao volante | 9h 01min |
Velocidade média | 48 km/h |
Consumo médio (álcool) | 8,2 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Desde o início
6 dias |
604 km |
Distância em cidade | 284 km |
Distância em estrada | 320 km |
Tempo ao volante | 18h 31min |
Velocidade média | 33 km/h |
Consumo médio (álcool) | 7,6 km/l |
Melhor marca média (álcool) | 8,2 km/l |
Pior marca média (álcool) | 5,8 km/l |
Consumo em percurso-padrão (43,2 km) | |
Álcool | 10,9 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Preço
Sem opcionais | R$ 51.040 |
Como avaliado | R$ 59.691 |
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 80,5 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.747 cm³ |
Taxa de compressão | 11,2:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 130/132 cv a 5.250 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 18,4/18,9 m.kgf a 4.250 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual / 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson |
Traseira | eixo de torção |
Rodas | |
Dimensões | 6 x 15 pol |
Pneus | 205/70 R 15 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,207 m |
Largura | 1,753 m |
Altura | 1,814 m |
Entre-eixos | 2,511 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 48 l |
Compartimento de bagagem | 380 l |
Peso em ordem de marcha | 1.325 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima (gas./álc.) | 178/180 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h (gas./álc.) | 11,6/10,8 s |
Consumo em cidade (gas./álc.) | 11,0/7,4 km/l |
Consumo em rodovia (gas./álc.) | 14,6/9,8 km/l |
Dados do fabricante |