Em sua segunda semana de avaliação, o julgamento pelo ponto de
vista feminino e as medições de desempenho do motor THP
Texto e fotos: Fabrício Samahá
Assim, não demoramos a fazer o primeiro empréstimo da 3008 de Um Mês ao Volante a uma colaboradora, a administradora de empresas Giuliana Pucci, que já havia participado da seção com os modelos Citroën C3 e C4 Lounge e Fiat Bravo. Dona de um Hyundai Tucson, a motorista rodou quase 400 quilômetros com a Peugeot, a maior parte em viagem entre o Vale do Paraíba e Bertioga, no litoral sul do estado de São Paulo.
Giuliana considera o estilo do carro moderno, “mas poderia ser um pouco mais robusto, imponente”. As ressalvas desaparecem quando a análise passa ao visual interno: “Acabamento impecável. O carro é todo muito bem construído. Houve preocupação com os detalhes, em formar um espaço interno luxuoso. A posição de dirigir é excelente, e o painel moderno foi um dos itens que mais me chamaram a atenção. O teto de vidro também é um aspecto positivo. Não me incomodei com a largura do console central, mas acredito que possa atrapalhar pessoas mais largas”.
O estilo da 3008 acabou sendo um ponto negativo para a colaboradora,
que disse preferir as linhas mais arrojadas de utilitários como IX35 e Sportage
O espaço interno da 3008 também atendeu às expectativas da colaboradora: “Apesar de não ser tão amplo para os passageiros traseiros, o espaço na frente é muito bom, um ambiente confortável e agradável para uma viagem mais longa ou em família. O carro oferece muitos itens de conveniência como o ar-condicionado automático de duas zonas, porta-objetos numerosos e um profundo compartimento no console central, que possibilita guardar pertences em um local de fácil alcance”. Mesmo o porta-malas de 432 litros, não dos mais espaçosos, foi julgado adequado pela motorista.
“O motor me surpreendeu: responde sem
demora e sem ruídos, excelente para a
serra e ultrapassagens”, elogiou a motorista
Dirigir a Peugeot na subida de serra da Mogi-Bertioga, com boas condições para explorar o comportamento dinâmico e o trem de força, deixou impressões muito positivas em Giuliana: “O motor me surpreendeu, superou as expectativas. Forte, responde sem demora e sem ruídos, bem diferente do Tucson que dirijo no dia a dia. Não perde em nada para um carro esportivo: excelente para ultrapassagens e para subir a Serra do Mar. O câmbio automático também é ótimo, com mudanças de marcha praticamente imperceptíveis”.
A aprovação estende-se à estabilidade: “Gostei bastante da suspensão. Muito bom desempenho em curvas, mesmo nas mais acentuadas. Apesar do tamanho do carro, pude senti-lo ‘grudar’ no chão. A direção endurece mais conforme aumentamos a velocidade, o que traz sensação de estabilidade e controle. Em pisos irregulares o conforto dentro dele continuou o mesmo. Os freios respondem rápido e transmitem segurança”.
O interior foi só elogios: Giuliana aprovou acabamento, espaço e posição de
dirigir; banco traseiro e compartimento de bagagem foram julgados adequados
O consumo registrado na viagem a Bertioga — feita sem moderação no acelerador, ela admite —, ida e volta, e no restante do uso em cidade foi de 10,2 km/l, o que pode ser considerado bom diante das condições. “Pelo tamanho do carro e a potência do motor, achei bastante econômico se comparado com outros do mesmo tipo ou com meu Tucson, que também tem câmbio automático e fica bem atrás em termos de desempenho”, analisa a motorista.
Mesmo tendo gostado muito do conjunto da 3008, quando perguntada se compraria uma pelo preço sugerido — R$ 100 mil —, Giuliana não se interessou. “Não o compraria por dois motivos: 1) por seu valor é possível comprar SUVs que me agradam e impressionam mais em termos de estilo, como o Hyundai IX35 e o Kia Sportage; e 2) o histórico dos automóveis da Peugeot é de grande desvalorização. Eu ficaria com receio de comprar um carro desse preço que, no momento da venda, depreciasse muito mais que a média do mercado. Se o carro oferecesse todos esses itens com um preço mais competitivo, até R$ 80 mil, eu certamente compraria um”, ela conclui.
Desempenho posto à prova
No restante do período a Peugeot foi usada em condições variadas, desde o tráfego urbano até os testes de desempenho. O trecho que inclui as medições e uma viagem rápida — em tempo e em velocidade média — foi o de pior consumo médio até agora, 6,8 km/l, mas é preciso lembrar que o carro passou grande parte dele produzindo plena potência.
A colaboradora destacou o ar-condicionado de duas zonas e os numerosos
porta-objetos; o consumo tem sido moderado nas várias situações
E como a 3008 se saiu nos testes? Muito bem para um carro familiar, sem pretensões esportivas. Acelerar de 0 a 100 km/h em 9,6 segundos e retomar de 60 a 100 em 5,6 s (com reduções de marcha automáticas e a caixa em programa esportivo) são boas marcas, sobretudo se considerados o peso de quase 1,5 tonelada, o câmbio automático e a potência não tão expressiva de 165 cv (veja todos os resultados na página 2). Nas arrancadas havia intensa tendência a patinar as rodas dianteiras, contida pelo controle de tração, e forte esterçamento por torque, mas acreditamos que o comprador típico desse carro não o colocará nessa situação para poder se incomodar. Curioso é que a primeira mudança de marcha é feita a 5.800 rpm ou 200 abaixo do pico de potência (as outras, a adequadas 6.200).
Na citada viagem rápida, por uma rodovia sinuosa que é percurso habitual em nossas avaliações, a minivan revelou estabilidade que transmite confiança. Apesar do claro subesterço — não se esperava outra atitude pelo tipo de carro e pela repartição de peso entre os eixos, com cerca de 60% sobre o dianteiro —, seu comportamento é sadio e nota-se pouca inclinação de carroceria. O controle eletrônico de estabilidade atua na medida certa, sem intervir cedo demais. Sem dúvida, poucos utilitários esporte com as quais a 3008 acaba concorrendo no mercado contornam curvas tão bem quanto ela.
Próxima parte |
Ao acelerar de 0 a 100 em 9,6 segundos a minivan da Peugeot provou ter bom
desempenho, e sua estabilidade em curvas supera grande parte da concorrência
A boa condição de piso da via não impediu perceber um ponto negativo: como em outros carros com a mesma plataforma básica, como Citroën C4 e C4 Pallas, o sistema de direção transmite muita vibração ao volante ao encontrar ondulações durante as curvas. Esse efeito foi atenuado no C4 Lounge por medidas que desconhecemos, mas o trabalho em buchas de suspensão para aumentar o conforto de rodagem pode estar relacionado. De fato, como mencionado no relato anterior, a 3008 merece um reestudo nesse quesito — a suspensão emitiu ruído de pancada seca ao cruzar linhas férreas pelas quais passamos com todos os carros avaliados.
À parte essas restrições, nossa companheira de Um Mês ao Volante tem revelado grandes qualidades e mostra-se um carro bastante prático para uso urbano — apesar da largura importante e do peso —, tanto pelas respostas ágeis do motor quanto pelo comprimento típico de hatch médio, que dispensa encontrar amplas vagas para estacionar. Mas é nos trechos rodoviários que ela encontra sua melhor aplicação, com espaço, conforto e boas reservas de potência. Se for sob um céu estrelado com o forro do teto aberto, melhor ainda.
Atualização anterior |
Último período
6 dias |
639 km |
Distância em cidade | 203 km |
Distância em rodovia | 436 km |
Tempo ao volante | 14h 02min |
Velocidade média | 46 km/h |
Consumo médio (gasolina) | 9,5 km/l |
Melhor marca média | 10,2 km/l |
Pior marca média | 6,8 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Desde o início
13 dias |
1.058 km |
Distância em cidade | 389 km |
Distância em rodovia | 669 km |
Tempo ao volante | 24h 13min |
Velocidade média | 43 km/h |
Consumo médio (gasolina) | 10,0 km/l |
Melhor marca média | 12,0 km/l |
Pior marca média | 6,8 km/l |
Indicações do computador de bordo |
Medições Best Cars
Aceleração | |
0 a 80 km/h | 6,5 s |
0 a 100 km/h | 9,6 s |
0 a 120 km/h | 13,8 s |
0 a 400 m | 16,6 s |
Retomada | |
60 a 100 km/h* | 5,6 s |
60 a 120 km/h* | 9,3 s |
80 a 120 km/h* | 7,0 s |
Consumo | |
Testes ainda não efetuados | |
*Com reduções automáticas; conheça nossos métodos de medição |
Preço
Básico | R$ 99.990 |
Como avaliado | R$ 99.990 |
Preços públicos vigentes em 1/7/14 |
Teste do Leitor
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Material do bloco/cabeçote | alumínio |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 77 x 85,8 mm |
Cilindrada | 1.598 cm³ |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 165 cv a 6.000 rpm |
Torque máximo | 24,5 m.kgf de 1.400 a 4.000 rpm |
Potência específica | 103,3 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático / 6 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 4,04 / 8 km/h |
2ª. | 2,37 / 14 km/h |
3ª. | 1,56 / 21 km/h |
4ª. | 1,16 / 28 km/h |
5ª. | 0,85 / 38 km/h |
6ª. | 0,67 / 48 km/h |
Relação de diferencial | 3,87 |
Regime a 120 km/h | 2.600 rpm (6ª.) |
Regime à velocidade máxima informada | 5.500 rpm (5ª.) |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado (302 mm ø) |
Traseiros | a disco (268 mm ø) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | eletro-hidráulica |
Diâmetro de giro | 10,9 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Estabilizador(es) | dianteiro e traseiro |
Rodas | |
Dimensões | 7,5 x 17 pol |
Pneus | 225/50 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 4,365 m |
Largura | 1,837 m |
Altura | 1,639 m |
Entre-eixos | 2,613 m |
Bitola dianteira | 1,53 m |
Bitola traseira | 1,525 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,296 |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 60 l |
Compartimento de bagagem | 432 l |
Peso em ordem de marcha | 1.480 kg |
Relação peso-potência | 9,0 kg/cv |
Desempenho | |
Velocidade máxima | 202 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 9,5 s |
Garantia | |
Prazo | 3 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2014 |
Pneus | Michelin Primacy HP |
Quilometragem inicial | 3.000 km |
Dados do fabricante; consumo não disponível |
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