Do gosto do consumidor ao piso e os combustíveis, projetos de fora são alterados para obter sucesso no Brasil
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Vender carro no Brasil não é para qualquer um: nosso mercado é peculiar tanto pelo gosto do público quanto pela legislação, o piso e os combustíveis. Com isso, os projetos de fora são alterados e, muitas vezes, as fábricas precisam fazer correções depois do lançamento. Conheça alguns casos. Se preferir, assista à matéria no vídeo a seguir.
Nos anos 60, o Simca Chambord foi criticado pelo fraco motor V8 de 84 cv. Na França ele saiu de linha assim mesmo, mas no Brasil ganhou diversas evoluções para aumentar a potência. A série final Emi-Sul chegou a 140 cv pelo método bruto.
Para fazer seu primeiro carro brasileiro, a GM foi buscar o desenho do Opel Rekord alemão. Já a mecânica do Opala de 1968 saiu bem diferente, com motores de quatro e seis cilindros de origem norte-americana. Isso se repetiria em 1973 no Chevette, que ganhou motor mais potente que o do Opel Kadett.
Nos anos 80, carros de quatro portas eram rejeitados no Brasil. Com isso, algumas versões de duas portas foram desenhadas só para nós, como o Chevrolet Monza hatch de 1982, o Volkswagen Santana de 1984 e o Fiat Tempra de 1992.
O Fiat Uno brasileiro de 1984 parecia o italiano (acima), mas tinha diferenças importantes. Como a suspensão traseira de lá não resistia a nosso piso, foi usada a do 147. Isso impediu manter o estepe no porta-malas. O capô então mudou para tê-lo junto ao motor, o que acabou sendo vantajoso.
Quando o carro a álcool dominava o mercado, nos anos 80, surgiu um problema de autonomia: o tamanho dos tanques era ideal para gasolina, que rende bem mais. Foi preciso aumentá-los em vários carros. O do Ford Escort 1988 cresceu de 48 para 65 litros e o do Chevrolet Opala chegou a 88 litros.
Ao sondar o mercado para o Kadett, que seria lançado aqui em 1989, a GM percebeu a rejeição aos para-choques do modelo alemão da Opel. Os brasileiros pediam um formato mais saliente e robusto, e assim foi feito.
O Tipo chegou em 1993 e agradou, mas não por um detalhe: fazia ruído na suspensão ao passar por lombadas. A Fiat passou a mandar amortecedores com batente hidráulico daqui para a Itália, para uso nos carros que viriam para cá, e tudo se resolveu.
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