Ford Fiesta, Fiat Uno, Chevrolet Onix e outros trouxeram lucros e crescimento quando os fabricantes mais precisavam
Texto: Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Quando a Ford brasileira fechar a unidade de São Bernardo do Campo, SP, não será apenas o fim de uma fábrica: também o da carreira do Fiesta nacional, um dos carros que levantaram a empresa na década de 2000. Como ele, vários automóveis “salvaram a pátria” para seus fabricantes, no Brasil e no exterior, pelo sucesso de vendas ou por trazer lucro onde havia prejuízos. Conheça alguns casos, em ordem pela marca. Em breve teremos outros na segunda parte. Se preferir, assista ao vídeo com o mesmo conteúdo e mais imagens.
BMW 1500
Nos anos 50 a alemã BMW estava em crise: só oferecia carros luxuosos e o Isetta, o minicarro que aqui foi feito pela Romi. Tudo mudou em 1961 com o sedã 1500, parte da linha New Class ou nova classe. Ele tinha o tamanho certo, boa qualidade e um jeito esportivo, que seria acentuado pela versão 2002, mais potente e de duas portas. A linha foi feita até 1977 e sua essência seguiu no Série 3.
Chevrolet Onix e Prisma
A General Motors não estava mal no Brasil há 10 anos, quando os lucros daqui a ajudavam a enfrentar a crise nos Estados Unidos. Mesmo assim, Onix e Prisma estão na lista por levar a Chevrolet à liderança do mercado em 2016. Três anos antes, ela era apenas a terceira.
Chrysler série K
Na crise do petróleo dos anos 70, a Chrysler insistia em carros grandes e beberrões nos Estados Unidos. Os prejuízos eram altos, mas Lee Iacocca, ex-executivo da Ford, trouxe a solução: a plataforma K de carros compactos de tração dianteira, que serviria a vários modelos. Começou com o Dodge Aries (acima) e o Plymouth Reliant, mas deu origem também a minivans como a Dodge Caravan, que criaram o segmento no país. A série K vendeu 3,5 milhões de carros em 15 anos e fez a Chrysler lucrativa outra vez.
Fiat Uno
O primeiro Uno ergueu a Fiat em dois continentes. Na Europa, acompanhado pelo menor Panda, reforçou os caixas depois dos tumultuados anos 70 e da saída dos Estados Unidos. No Brasil ele teve pouca aceitação no início, mas o Mille de 1990 encontrou o sucesso: ficou sozinho por um ano e meio na nova categoria de 1,0 litro, que pagava menos imposto. Robusto e econômico, ele se tornou o Fusca da Fiat e ficou entre nós até 2013.
Ford Fiesta
A Ford saiu em 1995 da Autolatina, sua união com a Volkswagen, com grande perda de mercado. A crise foi longa, mas a forçou a ser criativa. Da nova fábrica em Camaçari, Bahia, saía em 2002 um novo Fiesta (acima) bem adaptado às condições locais, tão bem-sucedido que ficou 12 anos em linha. Um ano depois ele dava origem ao Ecosport, precursor dos SUVs compactos nacionais. Seu sucesso chamou atenção da matriz, que encarregou o Brasil de criar a segunda geração para vendas globais.
Range Rover Evoque
No fim dos anos 2000 a Ford queria vender as marcas de luxo Jaguar, Land Rover e Volvo. As duas primeiras foram para a indiana Tata em 2008 e, dois anos depois, a divisão Range Rover lançava o Evoque. Foi um estouro: o SUV era ousado, atraente e tornava a marca mais acessível. Ele vendeu muito bem e espalhou seu padrão de estilo a toda a linha Land Rover.
Peugeot 205
A Peugeot estava em crise nos anos 80, com pesadas dívidas por absorver a Chrysler europeia. O carro que a salvou foi o 205, em 1983. Além de liderar por bom tempo o mercado francês, o carrinho foi referência em hatch esportivo com a versão GTI. Mais de 5 milhões deles foram vendidos em 15 anos.
Porsche Boxster
A Porsche não sabia mais o que fazer no começo dos anos 90. Com os modelos de motor dianteiro (como o 968 e o 928) envelhecidos, não podia depender só do 911. De 1986 a 1993 as vendas caíram 70% e a empresa estava à beira da falência. Ela então se reestruturou e, inspirada no clássico 550 Spyder, fez o conceito Boxster. Em 1996 ele chegava às ruas para ampliar o mercado da Porsche e salvar a marca.
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