Cinco motores, 10 versões de
acabamento: a variedade de opções era um destaque do 405, que mostrava
linhas atuais e muito harmoniosas |
Desde a década de 1950, as fábricas de automóveis concentravam suas
forças em modelos sedãs, a carroceria preferida pelo grande público. Era
o primeiro a ser desenhado e projetado e, a partir dele, vinham depois
variações como perua, cupê e conversível. Nos anos 80, porém, esse tipo
de carroceria já não estava na prioridade da indústria européia. Aquele
carro de estilo convencional, que poderia tanto atender a um jovem casal
quanto uma pequena família, não era mais tão comum na paisagem: dos
compactos aos médios, ganhava cada vez mais espaço o formato hatchback
ou de dois volumes.
Nessa década, na Europa, os automóveis médios — entre 4 e 4,5 metros de
comprimento — de maior sucesso eram, em grande parte, hatches ou
ofereciam essa alternativa. Na França havia o
Citroën BX, o Peugeot 305, o Talbot Solara e o
Renault 18; na Alemanha,
Audi 80,
Ford Sierra,
Opel Ascona e
Volkswagen Passat; na Itália,
Alfa Romeo Alfetta e
Lancia Delta; e do Japão vinham
Datsun Sunny, Honda Accord (ainda
com medidas compactas), Mazda 626,
Mitsubishi Lancer e Toyota Corona.
A francesa Peugeot, que tinha sua principal linha de produção em Sochaux,
cidade quase fronteiriça com a Alemanha, passava por problemas de
administração causados pela compra da Chrysler Europa, que reunia as
marcas francesas Simca e Matra e a Sunbeam, do grupo inglês Rootes,
entre outras. Seus produtos eram muito bons, mas havia lacunas na gama.
Ela começava com o pequeno dois-volumes 104,
passava pelo sedã médio 305 lançado em 1977, contava ainda com o
guerreiro 504 em fim de linha, o
sedã 505 lançado em 1979 e finalizava
com o topo de linha 604, luxuoso e
potente.
A marca resistia à tendência pelo hatch — salvo no segmento de entrada
do 104 — e assim continuaria em seu próximo projeto. Em 1982 os
primeiros esboços de um carro moderno, com boa aerodinâmica, estavam nas
pranchetas. Suas dimensões correspondiam ao segmento M2, a categoria
média superior, que representava 20% das vendas nos 17 países da
comunidade econômica européia e na França quase 55%. Seu comprimento
deveria estar entre o do 305 e o do 505.
O centro técnico de La Garenne, situado na região parisiense, trabalhava
junto do estúdio Pininfarina, em Turim, Itália para desenvolver o novo
Peugeot sob o nome de código D60. Em maio de 1983 já tinha a parte
externa definida. Jacques Calvet, recente no cargo de presidente, e Jean
Boillot, executivo já com mais de 30 anos na empresa, aguardavam
ansiosos pelo modelo com que enfrentariam a crescente concorrência. No
fim de 1986, cerca de 20 carros já rodavam em testes — até Calvet rodava
com um à noite nos arredores de Paris. Profissionais de todos os níveis
davam bons palpites.
Em março de 1987 entrava em produção nas fábricas de Sochaux e Rython,
na Inglaterra, o Peugeot 405. A produção na França seria de 1.000 a
1.500 unidades por dia e, do outro lado do Canal da Mancha, em torno de
200 exemplares diários. Desenvolvido sobre a base do "primo" BX, sua
plataforma estava apta a comportar motores de 80 a 160 cv. E continuava
uma das maiores linhagens da marca, pois nas décadas de 1930 e 1940
foram produzidos os modelos 401 e
402, em 1955 era lançado o
403 e o 404
fora produzido entre 1960 e 1975. Depois de 12 anos de intervalo, a
série 400 era enfim retomada.
Continua
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