Extravagância no limite

Discrição não era o forte do Stutz Blackhawk, um cupê de
alto luxo fabricado nos EUA nas décadas de 1970 e 1980

Texto: Francis Castaings - Fotos: divulgação

Modificações em automóveis de série são tão antigas quanto sua história. As personalizações começaram no princípio do século passado. Endinheirados não queriam um modelo comum de produção, mesmo se ele fosse muito luxuoso. Quem tinha dinheiro exigia algo exclusivo. Prova disso foram vários Rolls-Royces com carrocerias especiais nos anos 20 e 30. A tendência avançou décadas e mais décadas até chegar aos dias de hoje, em que vemos carros novos ou antigos altamente modificados... às vezes com extremo mau gosto.

No que se refere a extravagância em termos de estilo, os americanos quase sempre levam a taça de campeões. Já na década de 1930 a indústria mostrava desenhos de carroceria arrojados e de dimensões generosas. O Auburn Speedster de 1935 não era nada discreto. Os automóveis da Cord, da mesma época, seguiam a mesma linha. Nos anos 50 as fábricas disputavam qual modelo teria aletas ("rabos de peixe") maiores, e quase sempre a Cadillac deixava os concorrentes para trás. Havia ainda milionários do petróleo texano que colocavam enormes chifres de boi sobre o capô.

Da grade protuberante ao estepe saliente na traseira, passando pelos escapamentos
laterais, o Blackhawk reunia elementos para chamar atenção e dividir opiniões

Para não sair do ritmo, na década de 1970 um modelo que brilhou em extravagância foi o Stutz Blackhawk. O nome Stutz vinha de uma empresa americana fabricante de carros esporte, fundada em 1912 por Harry Stutz. E Blackhawk foi um modelo esportivo daquela marca, que brilhou nos anos 20 e 30. Já a nova empresa — a Stutz Motor Car of America — pertencia ao banqueiro James O'Donnell, que tinha Virgil Exner como responsável pelo desenho dos carros. Exner havia trabalhado para a Chrysler, onde elaborou avançados modelos de 1955 a 1961 como o Imperial e o 300.

As carrocerias eram montadas na Carrozzeria Saturn, supervisionada pela Ghia, em Cavallermaggiore, perto de Turim, Itália. Depois seguiam para os Estados Unidos. O primeiro protótipo foi apresentado num dos mais luxuosos hotéis de Nova York, o Waldorf Astoria. A maioria dos afortunados que se hospedavam lá, sobretudo nos andares superiores, tinha caixa para comprar o automóvel nada ortodoxo... se gostassem de suas inusitadas formas.

Excentricidade também no interior: vários tons de acabamento, painel farto em instrumentos e volante de madeira, cujos raios podiam vir folheados em ouro!

O Blackhawk era um cupê com frente bem longa e habitáculo espaçoso para duas pessoas na frente, mas nem tanto atrás. Tinha uma enorme coluna central e traseira caída. Nesta o destaque era o local mais elevado para alojar o estepe. A abertura do porta-malas era outra atração, pois a parte que alojava o pneu ficava aparente e a tampa subia. De perfil não passava desapercebido. Exibia calotas ou rodas raiadas com pneus de faixa branca, canos de escapamento laterais cromados, saindo do capô, e estribos nas portas de boas dimensões. Continua

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Data de publicação: 17/4/07

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