No início da década de 1950 a Talbot produzia um sedã de grandes proporções, o T26 GS, e também o modelo menor Baby 15. E no Salão de Paris de 1954 apresentava o esportivo T14 LS. Tratava-se de um automóvel disposto a enfrentar modelos como Jaguar XK 120, Aston Martin DB2 e Salmson 2300 S. Com linhas muito bonitas, o T14 media 4,20 metros de comprimento, 1,31 m de altura, 1,64 m de largura e 2,50 m de entreeixos. Comparado a modelos anteriores da linha, era muito compacto.

Sua frente era destacada pela bonita grade cromada hexagonal. Contava com faróis circulares e abaixo deles pequenas luzes de direção. Como opção, podia vir equipado com faróis de longo alcance. Visto de lado, o destaque ficava por conta das linhas muito curvas e das entradas de ar nos pára-lamas dianteiros. O grande capô tinha abertura de trás para frente e o vidro traseiro era envolvente. Sempre vinha com rodas raiadas de cubo rápido e pneus 6,00-16 diagonais.

O T14 LS: formas bem proporcionadas, interior luxuoso e motor de quatro cilindros com 2,5 litros e 120 cv

Por dentro era luxuoso e confortável para duas pessoas. A maioria dos modelos saía de fábrica com direção do lado direito — era moda e mais chique, mesmo em países com circulação por esse lado. O volante tinha quatro raios metálicos e desenho esportivo e o painel era completo e muito bem-acabado. A alavanca de câmbio, posicionada num pequeno console no assoalho, tinha ótima pega.

O motor de quatro cilindros em linha, com cilindrada de 2.491 cm³, tinha comando de válvulas no bloco, cabeçote em liga leve e câmaras de combustão hemisféricas. Alimentado por dois carburadores Zenith-Stromberg, fornecia potência de 120 cv a 5.000 rpm e torque máximo de 20 m.kgf a 2.200 rpm. Com isso, o carro de 1.000 kg fazia de 0 a 100 km/h em 13 segundos e atingia velocidade final de 175 km/h. Era equipado com caixa Pont-a-Mousson de quatro marchas e tração traseira. A suspensão dianteira era independente com braços triangulares e feixe de molas lateral, e a traseira, por eixo rígido com molas semi-elípticas. Usava freios a tambor e mostrava muito boa estabilidade, mas se exigido a fundo o motor tendia ao superaquecimento.

Em 1957, em plena crise financeira da Talbot, o belo T14 recebia um compacto motor com oito cilindros em “V” e 2.476 cm³, também de comando no bloco, de origem da alemã BMW. Com dois carburadores, conseguia 138 cv a 6.000 rpm. Antony Lago visava ao mercado americano, mas somente 11 exemplares foram exportados. Com a nova configuração o carro passou a ser chamado de Lago America. Era um modelo muito caro: custava 10% mais que um Jaguar XK 140.

A adoção de motor V8 da BMW, com a mesma cilindrada e 138 cv, foi marcada pelo nome Lago America, que indicava o objetivo de fazer sucesso nos EUA

No ano seguinte, o dinâmico e audaz Henry Théodore Pigozzi, proprietário da Simca, adquiria a Talbot. Deixou de lado o motor germânico e passou a montar o T14 com o antiquado motor V8 Aquillon, que impulsionava o sedã Chambord. O resultado foi desastroso. Até 1957 foram fabricados apenas 54 exemplares deste belo e raro automóvel. Era o último verdadeiro Talbot — o carro da despedida.

Em 1979 a Chrysler Europa passava a se chamar Talbot-Simca e todos os veículos Chrysler-Simca — ou mesmo os da Matra, como o Murena e o Rancho — passaram a ter como primeiro nome Talbot-Simca. Eram bons automóveis, mas estavam longe de ter a classe dos originais.

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