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Salada à espanhola

Ao combinar estilos e componentes dos Fiats 126, 127 e 850,
a Seat desenvolveu o 133, seu primeiro projeto próprio

Texto: Fabrício Samahá - Fotos: divulgação

Apesar da semelhança de formas com o 127/147, este "Fiat" espanhol não tinha grade dianteira: o motor estava atrás, como no veterano 850

A Sociedad Española de Automóviles de Turismo, ou Seat, foi fundada em 1950 como parte da estratégia do Instituto Nacional de Industria (INI), um órgão estatal, para incentivar o desenvolvimento industrial da Espanha. Desde o início, sua produção de automóveis baseou-se em uma cooperação com a Fiat, o que pode levar à falsa noção de que o nome da empresa seja também uma adaptação da denominação da marca italiana.

Até que esse acordo fosse rompido, em 1981, a Seat fabricou e vendeu com seu logotipo numerosos modelos da Fiat, caso dos pequenos 600 e 850, dos médios 1400 e 124 e do maior 132. Mas há um caso peculiar em sua história de um modelo desenvolvido pela fusão de duas linhas italianas: o Seat 133, apresentado no Salão de Barcelona em abril de 1974.

Quem o visse logo se lembraria do 127, o Fiat de 1971 que daria origem cinco anos mais tarde ao 147 brasileiro, mas perceberia a ausência de grade no desenho da parte dianteira. A razão é que o 133 não trazia o motor na frente, mas sim na traseira. Sua estrutura e a mecânica eram herdadas do Fiat/Seat 850, que os espanhóis produziram de 1966 a 1974, enquanto a carroceria mesclava elementos de estilo do 127 e do pequeno 126 (também de motor traseiro), ficando no meio-termo entre eles em dimensões.

O 133 media 3,45 metros de comprimento, 1,42 m de largura e 1,33 m de altura, com 2,02 m de distância entre eixos. No 127 essas medidas passavam a 3,64 m, 1,53 m, 1,35 m e 2,22 m, na ordem, enquanto o diminuto 126 apresentava 3,05 m, 1,37 m, 1,30 m e 1,84 m, na mesma ordem. Também em peso o espanhol, com 690 a 710 kg conforme a versão, estava em ponto intermediário entre o levíssimo 126 (580 kg na versão de 600 cm³) e o pouco mais pesado 127 (730 kg com motor de 1.050 cm³).

Além da frente sem grade ou tomada de ar, no que se parecia com o 126, o Seat mostrava linhas simples e contemporâneas. Usava faróis retangulares, que se tornariam uma tendência anos depois, e pára-choques cromados, mais tarde pintados de preto em algumas versões. A área envidraçada era ampla, havia apenas duas portas e só pelas entradas de ar, nas colunas e na tampa traseira, era possível saber onde estava o motor.

A indústria européia vivia nos anos 70 uma fase de transição em termos de disposição mecânica dos carros pequenos e médios. Caminhavam para a substituição ou já haviam deixado o mercado quase todos os modelos com motor e tração atrás, como Volkswagen sedã (nosso Fusca), BMW 700, Hillman Imp; Renault 4CV, Dauphine e Alpine; Simca 900, 1000 e 1100; Skoda 1000 e 1100 MB, entre outros; e os próprios Fiats "Nuova" 500, 600 e 850. A combinação de motor dianteiro transversal e tração à frente, notabilizada pelo Mini inglês, ganhava espaço em cada vez mais fabricantes — até a VW, tão fiel ao motor traseiro, lançava Golf e Polo com a nova disposição. Continua

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Data de publicação: 11/11/08

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