Depois de viagem com um colaborador, a novidade passa
por medições de consumo e os inéditos testes de desempenho
Texto: Fabrício Samahá – Fotos do autor e de Vitor Freitas
Atualização de 17/1/14
Assim que entregamos a chave do Nissan Sentra SL — eletrônica, do tipo que se pode manter no bolso para abrir o carro e dar partida ao motor — ao colaborador Vitor Freitas, ouvimos seu plano para o fim de semana: repetir o agradável passeio feito em abril com o Fiat Bravo Sporting entre São José dos Campos, no Vale do Paraíba, e Santo Antônio do Pinhal, na Serra da Mantiqueira, subindo pela rodovia SP-050 e descendo pela SP-123 — todo o trajeto no interior de São Paulo.
Plano feito, plano realizado: no sábado Vitor, colaborador já habitual de Um Mês ao Volante (esta é sua quarta avaliação), colocou a família no Sentra e partiu para a serra em busca de conclusões sobre o sedã nipo-mexicano. Depois de 159 quilômetros, o que ele tem a nos contar?
“Tive uma boa impressão desse Nissan desde o início. Apesar de não ser fã de seu estilo tradicional e da traseira com um para-choque volumoso, um tanto ‘bruto’ para o conjunto do carro, me senti bem em seu interior. As formas agradam, assim como os materiais de acabamento; tudo está bem desenhado e no lugar certo. Acredito que qualquer pessoa sairia dirigindo, operando tudo o que precisasse, sem necessidade de consultar o manual ou deter sua atenção a algum equipamento. Isso vale até para o aparelho de áudio e navegação, com teclas e tela tátil intuitivos e fáceis de operar”, ele descreve.
O Sentra diante de bela vista da Serra da Mantiqueira (esquerda) e junto ao Paço
Municipal de Monteiro Lobato, SP: percurso que convenceria Vitor a ter um
O Sentra agradou ao colaborador, pai de duas crianças, em outros aspectos internos: “Achei ótimo o espaço no banco traseiro, em especial o das pernas. Colocar as cadeiras dos filhos ali foi simples, ao contrário do Citroën C4 Lounge que avaliei em dezembro. O ar-condicionado de duas zonas é prático e refrigera rápido a cabine, mesmo nesse verão rigoroso do interior paulista. Os bancos apoiam bem o corpo e continuaram confortáveis depois de quase quatro horas de viagem com uma só parada. Aprovei também a chave presencial, a iluminação em branco dos instrumentos, o teto solar, os para-sóis com extensão e os comandos no volante, que usam formatos diferentes para fácil identificação pelo tato”.
“Pensando como pai de família com prioridade ao conforto, concluo que esse carro foi muito bem executado para seu objetivo”, define o colaborador
Vitor fez algumas ressalvas, porém: “Senti falta do limitador de velocidade do C4, muito útil em cidades como São José, com radares em profusão e limites baixos demais para aumentar a arrecadação com multas. O controle elétrico do vidro do passageiro deveria ter modo um-toque, como o do motorista, e não deveria ser bloqueado quando se travam os comandos traseiros para levar crianças. Por não ter um-toque, ele também não permite fechar os vidros pelo controle remoto. E falta um porta-luvas refrigerado”.
Quanto à mecânica, o que diz o motorista da vez? “Esse motor de 140 cv está bem dimensionado para o carro, dentro do esperado de um sedã familiar, não um esportivo. Usei o ar-condicionado toda a viagem, pois estava bem mais quente que na avaliação do Bravo, até 36°C pela indicação do painel. Mesmo assim, em nenhum momento faltou resposta ou achei o Sentra ‘manco’, sem força. O câmbio CVT opera muito bem, subindo de giros pouco a pouco à medida em que se pede mais potência para a subida da serra. O botão que tira o overdrive de ação mostrou-se ideal para a descida: o giro vai para 3.500 a 4.000 rpm e o freio-motor fica na medida certa para a faixa de 60 km/h. Com essa função, abro mão do comando manual de marchas sem problema”, ele observa.
Acabamento interno, conforto dos bancos e espaço para pernas atrás: atributos
do Sentra destacados pelo colaborador em sua proposta de sedã familiar
Embora curvas rápidas estivessem de fora da viagem em família, Vitor relata ter sentido segurança ao volante do Sentra: “Dá para perceber que a suspensão foi bem acertada. É um carro macio, confortável em qualquer tipo de piso, mas não mole demais. A direção fica firme na estrada e os freios são muito bons. A meu ver, seria difícil um conjunto melhor para o uso familiar. Claro que alguns preferem um acerto esportivo, mas para esses a categoria tem carros mais apropriados”. Na viagem o consumo médio foi de 8,5 km/l de álcool, considerado adequado.
Ao fim da boa experiência com o carro, fizemos a clássica pergunta — compraria um? — ao colaborador, que respondeu de imediato: “Sim, eu teria um Sentra. Poderia preferir Focus, Civic ou mesmo o C4 Lounge pelo visual, ou talvez os dois primeiros me agradassem mais pela ‘pegada’ esportiva que parecem ter. Mas, ajustando a preferência para o que imagino ser o público-alvo da Nissan, um pai de família com prioridade ao conforto, concluo que esse carro foi muito bem executado para seu objetivo e tem um preço bem atraente pelo conteúdo que oferece”.
Consumo e desempenho aferidos
Em sua última semana com uso de álcool, o Sentra foi submetido aos três testes de consumo em trajeto-padrão de Um Mês ao Volante, o que rendeu a possibilidade de comparação ao C4 Lounge da avaliação anterior. O Nissan obteve 4 km/l no trajeto urbano exigente, 8,2 km/l no urbano leve e 8,7 km/l no rodoviário, sendo que o primeiro e o último fazem uso de ar-condicionado. A primeira marca foi idêntica à do Citroën, a segunda superou o concorrente por expressivo 0,7 km/l e a terceira ficou atrás do C4 por 0,4 km/l. Portanto, comparado ao adversário, o Sentra é mais eficiente na condução com pouco acelerador e baixa velocidade (urbano leve), mas menos econômico quando se requer mais velocidade (rodoviário).
Um detalhe observado na medição em rodovia é que seu câmbio CVT eleva a rotação mais que o necessário. Para manter 120 km/h com o controlador de velocidade acionado na rodovia SP-070 Carvalho Pinto, que tem diversas subidas leves, foi comum ver o conta-giros passar de 2.200 para 3.500 rpm ou mais, efeito semelhante ao de reduzir de sexta para quarta em um câmbio automático de seis marchas. Nossa impressão é de que metade desse aumento daria condições de superar o aclive por meio de maior abertura de acelerador, uma questão de calibração da caixa. O C4 Lounge havia cumprido quase todo o trajeto em sexta, o que tende a reduzir o consumo e explica em parte sua vantagem.
Curvas rápidas não estavam no programa, mas Vitor gostou da calibração da
suspensão do Nissan; aparelho de rádio e navegação agradou pela facilidade de uso
Submetemos o Sentra também a uma novidade em nossas avaliações: medições práticas de aceleração e retomada de velocidade, que serão depois repetidas com gasolina — mesmo que não sejam esperadas diferenças sensíveis nesse Nissan, que tem potência e torque iguais com ambos os combustíveis. Saiba mais sobre os métodos de medição. Com esse serviço adicional, o Best Cars espera tornar Um Mês ao Volante ainda mais útil e informativo.
Os resultados a que chegamos apontam um bom desempenho, ainda que não expoente, como aceleração de 0 a 100 km/h em 11,4 segundos e retomada de 80 a 120 km/h em 8,5 s. Seu comportamento na primeira prova é peculiar do tipo de câmbio: a rotação fica em 2.600 rpm enquanto se acelera com o pé no freio — forma mais rápida de arrancar com câmbios automáticos em geral — e, uma vez iniciada a medição, sobe gradualmente até 6.200-6.500 rpm, atingidos apenas ao redor de 90 km/h, para ali ficar até o fim da prova. Veja a tabela de desempenho na próxima página.
No momento, nosso Sentra está além da divisa paulista. William Freitas, um proprietário de Civic EXR que convidamos em dezembro a avaliar o C4 Lounge, aceitou repetir a análise com o carro do mês e viajou com ele para o Rio de Janeiro, RJ — agora com gasolina, que assume o lugar do álcool no tanque do Nissan daqui em diante. Suas impressões e os primeiros resultados de consumo com o derivado de petróleo serão conhecidos na próxima sexta-feira, 24.
Desempenho, consumo e ficha técnica | Atualização anterior |
Último período
7 dias
590 km
Distância em cidade
259 km
Distância em rodovia
331 km
Tempo ao volante
17h 14min
Velocidade média
34 km/h
Consumo médio (álcool)
6,4 km/l
Melhor marca média
8,5 km/l
Pior marca média
4,0 km/l
Indicações do computador de bordo
Desde o início
14 dias
1.283 km
Distância em cidade
632 km
Distância em rodovia
651 km
Tempo ao volante
41h 8min
Velocidade média
31 km/h
Consumo médio (álcool)
6,4 km/l
Melhor marca média
8,5 km/l
Pior marca média
4,0 km/l
Indicações do computador de bordo
Preço
Como avaliado
R$ 71.990
Preço público vigente em 9/1/14
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