Nacionalizado, rejuvenescido e com mais acessórios, compacto
que vinha do México busca tornar a marca líder entre as japonesas
Texto: Edison Ragassi e Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
O Nissan March foi lançado no Brasil em setembro de 2011, trazido do México, e obteve vendas tímidas — apenas 24.255 unidades ganharam as ruas no ano passado, menos de 10% do que vendeu o Volkswagen Gol. A marca japonesa tinha uma cota para trazer carros praticamente sem Imposto de Importação, o que limitou as vendas do compacto. Agora, em uma segunda fase com produção em Resende, RJ, o March ganha sua oportunidade para decolar.
A nova linha tem seis versões, que trazem mais equipamentos de série, mas custam mais que as anteriores. O maior aumento foi na versão de entrada, a nova Conforto de 1,0 litro (preço sugerido de R$ 33 mil ante R$ 28.490 do antigo básico), que vem com bolsas infláveis frontais, cintos dianteiros com limitadores de carga, cintos traseiros laterais retráteis, freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica da força de frenagem (EBD) e assistência adicional em emergência, rodas de aço de 14 pol com pneus 165/70, ar-condicionado, direção assistida, volante e banco do motorista com regulagem de altura, computador de bordo, conta-giros, para-sóis com espelhos, porta-malas com iluminação, preparação para sistema de áudio e tampa de combustível com abertura interna. Ar e direção passaram a ser itens de série, o que explica a majoração.
Novo visual afeta toda a frente, mas apenas lanternas e para-choque na traseira;
versão S vem com relativo conforto e oferece o motor de 1,0 litro e 74 cv
O S 1,0 (R$ 34.490) acrescenta controles elétricos de vidros, travas e retrovisores; maçanetas internas cromadas, revestimento das portas dianteiras em tecido e telecomando para travar e destravar portas e porta-malas. É tão pouco que deveria ser apenas um pacote de opcionais para o Conforto. A opção pelo SV 1,0 (R$ 37 mil) traz comandos de áudio e telefone no volante, defletor traseiro, faróis de neblina, interface Bluetooth para telefone celular com função de áudio, maçanetas externas na cor da carroceria, rádio/toca-CDs com MP3 e entradas USB e auxiliar e rodas de alumínio de 15 pol com pneus 185/60, além de revestimento superior nos bancos.
O áudio do SL traz o sistema Nissan Connect
para conexão a telefones inteligentes, que
permite usar serviços como Facebook e Google
O S 1,6 (R$ 37.490) e o SV 1,6 (R$ 40 mil) seguem os conteúdos das respectivas versões de 1,0 litro, até mesmo medidas de pneus. O motor mais potente oferece o inédito acabamento SL (R$ 43 mil), que adiciona aos itens do SV acabamento do painel em preto brilhante, alarme, ar-condicionado automático, câmera traseira para manobras, faróis com máscara negra, maçanetas externas cromadas, navegador integrado, rádio com tela sensível ao toque de 5,8 pol, revestimento dos bancos em tecido superior e rodas de 16 pol com pneus 185/55. Não existe mais o SR, de visual esportivo.
Como é normal no segmento, os equipamentos continuam bem atrás dos oferecidos pelo “primo rico” europeu, o Micra, que dispõe de controle de estabilidade e seis bolsas infláveis de série, faróis e limpadores automáticos, teto envidraçado, acesso e partida sem uso de chave, assistente para estacionamento, lanternas traseiras com leds e opção de câmbio de variação contínua (CVT). Outros itens que a Nissan poderia adotar são para-brisa com faixa degradê, função um-toque para todos os comandos de vidros (há só para o do motorista) e luz traseira de neblina. E, na falta do CVT, ao menos um câmbio automático de quatro marchas como oferecido aos mexicanos.
Rodas de alumínio de 15 pol, faróis de neblina e defletor traseiro equipam o March
SV, que pode ter tanto o motor 1,0-litro quanto o 1,6 de 111 cv, agora nacional
Acessórios aplicados em concessionária incluem frisos laterais, tapetes de carpete, ponteira de escapamento cromada, defletor traseiro, alarme, sensores de estacionamento (com mostrador de posição e distância do obstáculo no painel), rádio e navegador. O March tem garantia de três anos e a rede de autorizadas conta hoje com 169 unidades. O leque de concorrentes é dos mais amplos, com modelos como Chevrolet Onix e Agile, Chery Celer, Citroën C3, Fiat Palio, Ford Fiesta (antigo e novo) e em breve o novo Ka, Hyundai HB20, JAC J3, Kia Picanto, Peugeot 207 e 208, Renault Sandero (que logo será remodelado), Toyota Etios e Volkswagen Up, Gol e Fox.
A Nissan aproveitou para aplicar a remodelação visual apresentada em junho do ano passado para o Micra. A frente foi toda redesenhada, até no capô e nos para-lamas, e ganhou aspecto mais moderno e esportivo. Os faróis têm contornos irregulares (continuam com refletor único), a grade e a tomada de ar inferior aumentaram, os faróis de neblina estão mais elaborados e o emblema da marca agora vêm na grade. O March perdeu de vez aquele estilo arredondado, que lembrava um Chevrolet Corsa dos anos 90, e o resultado parece apto a agradar. O coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,33 foi mantido.
Os investimentos foram mínimos no restante da carroceria. Na traseira mudam para-choque, defletor de teto e lanternas, sem alteração no contorno destas para evitar a necessidade de mexer na tampa ou nos para-lamas. As laterais ficaram intocadas — ao menos poderiam ter recebido repetidores de luzes de direção, que fazem mais falta porque as luzes dianteiras ficam em posição inadequada, invisível por quem está ao lado do carro. Outra falha é a montagem da câmera de manobras da versão SL, que parece um improviso pós-venda e não um trabalho de fabricante.
Disponível só com omotor 1,6, o acabamento SL traz rodas de 16 pol e conteúdo
interno superior; note a câmera de ré (mal) aplicada à tampa do porta-malas
Também no interior a reforma foi limitada: o March traz novo volante com comandos de áudio e da interface Bluetooth, com desenho exclusivo do modelo brasileiro, e a seção central do painel adota difusores de ar retangulares, que contrastam com os circulares mantidos nas laterais. Na versão SL o ar-condicionado passa a ser automático, com uma interface digital de aspecto curioso, e o aparelho de áudio (de tamanho maior também no SV) traz tela que mostra imagens do navegador e da câmera traseira.
O áudio dessa versão permite aplicar o sistema Nissan Connect para conexão a telefones inteligentes. O proprietário cadastra-se, registra o carro no sistema e baixa o aplicativo em seu celular com sistema operacional Android ou IOS. Passa então a poder usar no carro aplicativos como Facebook e pesquisa de pontos de interesse por meio do Google. Entre os recursos disponíveis, caso receba pela rede social um convite para evento, o usuário pode clicar na tela e acionar o navegador para chegar ao local. O Connect tem uso gratuito por três anos após a data de compra.
Outras novidades são cintos de segurança dianteiros com limitador de carga, que libera gradualmente a pressão do sistema pretensionador para reduzir o risco de lesões, e melhor isolamento acústico. De resto as maçanetas vêm cromadas, o retrovisor esquerdo ganhou lente convexa para maior campo visual (no carro mexicano era plana, seguindo a legislação dos Estados Unidos) e há novos revestimentos de bancos.
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