Em meio à intensa concorrência, o utilitário ganha retoques visuais e
nos motores e aposta no preço para manter a competitividade
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
Lançado em 2011 em uma posição confortável no mercado de utilitários esporte compactos — o concorrente mais direto, o Ford Ecosport de primeira geração, estava em fim de linha —, o Renault Duster passou em pouco tempo de calouro para veterano. Hoje, diante do segundo Ecosport e dos novos Honda HR-V, Jeep Renegade e Peugeot 2008, seu envelhecimento está à mostra.
Torná-lo competitivo às novidades do segmento seria tarefa para um projeto realmente novo. O que a Renault apresenta na linha 2016 é uma leve reforma visual, acompanhada de pequenas mudanças internas e nos motores. Com preços reduzidos — e a perspectiva de grandes descontos —, o Duster pode ganhar uma sobrevida digna como opção mais acessível em cada classe da categoria, incluindo a versão com tração integral.
O Duster 2016 tem a oferta limitada a duas versões de acabamento (desaparecem a de entrada e a Tech Road): Expression, que custa R$ 63 mil com motor de 1,6 litro, e Dynamique, que sai por R$ 68 mil com o mesmo motor, R$ 73 mil com o de 2,0 litros (com câmbio manual de seis marchas e tração dianteira), R$ 76 mil com o 2,0 e caixa automática de quatro marchas e R$ 78.490 na opção 4WD, com o 2,0, câmbio manual (também de seis marchas) e tração nas quatro rodas.
Mudanças na frente seguem as do modelo romeno, mas atrás há
lanternas exclusivas com leds; rodas de alumínio vêm no Dynamique
O Expression vem de série com ar-condicionado, volante com regulagem de altura, rodas de 16 pol (de aço), alarme e rádio/CD com MP3, entrada USB e interface Bluetooth. Rodas de alumínio são opcionais. O Dynamique acrescenta o sistema Media Nav (com navegador e tela tátil, mas sem toca-CDs), faróis de neblina, para-choques na cor da carroceria, rodas de alumínio, computador de bordo e sensores de estacionamento na traseira. Como opcionais oferece bancos de couro, câmera traseira de manobras, limitador e controlador de velocidade. Continua ausente o controle eletrônico de estabilidade.
Painel e bancos do Dynamique valorizam o
interior, sem esconder sua concepção
espartana e certas falhas de ergonomia
O Duster nacional recebeu os faróis mais elaborados já em uso pelo similar europeu (fabricado na Romênia pela divisão Dacia de carros de baixo custo), assim como novos para-choques, grade e lanternas traseiras com leds, estas exclusivas do nosso. Por dentro, ao contrário da extensa remodelação promovida no Logan e no Sandero, as novidades são pontuais.
Além de volante redesenhado, iluminação branca dos instrumentos e seção central do painel em preto brilhante, surgem uma luz de sugestão de troca de marcha e, no sistema Media Nav, monitor de condução eficiente, informações de trânsito e conexão para mídias sociais por meio do telefone. A versão 4WD usa o tom marrom no painel e nos bancos. O comando Eco Mode limita a potência do motor e a do ar-condicionado para menor consumo de combustível.
Seção em preto brilhante, revestimento e luz do painel são novos; no
Media Nav vêm câmera, indicações de trânsito e conexão a redes
Na mecânica, o motor de 1,6 litro ganhou maior taxa de compressão, e o de 2,0 litros, alterações na admissão para aumento de torque em baixa rotação e (apenas no 2,0) potência. Este último passou a 143/148 cv e 20,2/20,9 m.kgf, na ordem gasolina/álcool, ante 138/142 cv e 19,7/20,9 m.kgf do anterior, com ligeiro aumento dos regimes de rotação. Contudo, a 2.500 rpm a Renault anuncia ganho de 0,5 m.kgf com gasolina (para 17,9) e 1 m.kgf com álcool (para 18,8). No 1,6-litro a potência mantém-se em 110/115 cv, mas o torque sobe de 15,5 para 15,9 m.kgf com álcool (continua em 15,1 com gasolina) e houve aumento de 0,6 e 1 m.kgf a 2.500 rpm (agora 14,1/14,6 m.kgf).
Ao volante
Dirigimos no lançamento o Duster 2016 na versão Dynamique 2,0 com câmbio manual e tração dianteira. O painel com seção brilhante e os bancos revestidos de couro valorizam o interior, sem esconder sua concepção espartana e certas falhas de ergonomia — tela central baixa demais, ajuste elétrico dos retrovisores abaixo do freio de estacionamento, puxadores mínimos nas portas traseiras. Mas o conforto está dentro do padrão da categoria, com boa posição de dirigir, amplo espaço para os ocupantes e o maior porta-malas da classe, de 475 litros. O navegador mostrou-se bastante eficiente e confiável mesmo na estrada vicinal de terra.
A promessa é de mais potência e torque no motor, mas na prática é difícil sentir esse ganho sem ter uma versão antiga para comparar. Mesmo com a melhora, o 2,0-litros parece algo “preguiçoso” em baixa rotação, sendo recomendado usar bastante o câmbio de seis marchas para manter altos regimes e um bom desempenho. Em rodovia, a 120 km/h, o motor trabalha a 3.000 rpm em sexta de forma silenciosa.
Versão 4×4 mostra valentia, mas a 4×2 de motor 2,0-litros também vai
bem na terra; bancos e painel da primeira adotam o tom marrom
Um veículo que tem poeira no nome deve ter vocação para rodar na terra — e tem mesmo. O Duster mostrou-se à vontade e, sem dó da suspensão, mesmo a versão 4×2 se comportou bem tanto na compressão, nos buracos, como na distensão — chegamos a tirar as rodas do chão e ele aterrissou os quase 1.300 kg com suavidade. Complementamos com um teste da versão 4×4 em uma “pista de tortura” montada no Haras Tuiuti, onde ela passou bem por todos os obstáculos.
Percebe-se o esforço da Renault em dar uma sobrevida ao Duster e tentar abafar os lançamentos da concorrência. Ficou claro que mesmo na versão 4×2 ele é um valente aventureiro, para enfrentar tanto os buracos da vida urbana quanto um leve fora de estrada. Resta saber de que tamanho será seu espaço no mercado, agora que a concorrência é muito mais intensa que na época de seu lançamento.
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Ficha técnica
Motor |
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Posição | transversal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 82,7 x 93 mm |
Cilindrada | 1.998 cm³ |
Taxa de compressão | 11,2:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 143/148 cv a 5.750 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 20,2/20,9 m.kgf a 4.000 rpm |
Transmissão |
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Tipo de câmbio e marchas | manual, 6 ou automático, 4 |
Tração | dianteira |
Freios |
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Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção |
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Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Suspensão |
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Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas |
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Dimensões | 16 pol |
Pneus | 205/60 R 16 |
Dimensões |
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Comprimento | 4,329 n |
Largura | 1,822 m |
Altura | 1,683 m |
Entre-eixos | 2,674 m |
Capacidades e peso |
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Tanque de combustível | 50 l |
Compartimento de bagagem | 475 l |
Peso em ordem de marcha | 1.276 kg (manual), 1.294 kg (aut.) |
Desempenho (gas./álc.) |
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Velocidade máxima | 178/186 km/h (manual), 170/176 km/h (aut.) |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,7/10,4 s (manual), 12,1/11,0 s (aut.) |
Dados do fabricante para versão Dynamique 2,0 de tração dianteira; consumo não disponível |