Como se sai ao volante o modelo 2016, que renova o visual e adota câmbios manual e automático de seis marchas
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
O compacto HB20, porta de entrada da marca Hyundai no Brasil, passa pelas primeiras alterações de monta desde seu lançamento há três anos. Mais de 500 mil unidades já foram vendidas desde a inauguração da fábrica em Piracicaba (SP), em setembro de 2012. Ele é hoje o segundo carro mais vendido no Brasil ao se considerar apenas vendas a pessoa física em concessionária, o que fez a marca sul-coreana apostar muitas fichas no mercado brasileiro.
Na linha 2016 o HB20 — por enquanto apenas nas versões hatch normais, ficando o “aventureiro” HB20 X e o sedã HB20 S para uma segunda fase — recebe uma reestilização, novos equipamentos de série (veja no quadro abaixo as versões, seus preços e conteúdos) e, como importante evolução técnica, caixas de câmbio de seis marchas tanto na manual, antes com cinco, quanto na automática, que vinha com apenas quatro.
O estilo ainda atual do pequeno Hyundai traz novos para-choques, faróis (com refletor elipsoidal e luzes diurnas de leds na versão Premium), grade dianteira e lanternas traseiras. O coeficiente aerodinâmico (Cx) de 0,33 não mudou, mas a fábrica aponta menor coeficiente de sustentação, o que indica melhor estabilidade em alta velocidade, sobretudo sob incidência de ventos laterais.
Grade, para-choques, faróis e lanternas foram os pontos modificados do desenho; só o Premium tem refletores elipsoidais nos faróis
No interior foram revistos os padrões de tecido dos bancos e o acabamento de topo passa a vir com bolsas infláveis laterais dianteiras, ar-condicionado automático e recolhimento elétrico dos retrovisores, além da opção de bancos, painéis de porta e pomo da alavanca de câmbio revestidos em couro marrom. Toda a linha vem de série com o sistema Blue Audio, com tela de 3,8 pol e conexão Bluetooth. Como novidade no campo da conectividade, o sistema de entretenimento Blue Media (opcional apenas no Premium) torna-se compatível com aplicativos Car Link (celulares LG e Samsung) e Apple Car Play (no próximo ano) para espelhamento do conteúdo de telefones na tela de sete polegadas.
A sexta marcha busca reduzir consumo sem prejudicar o desempenho, pois se pode manter rotação mais baixa; a 120 km/h o conta-giros acusa 2.800 rpm
Assim, aplicativos como os navegadores Waze, Google Maps, Maplink Apontador e Tom Tom Brazil, as rádios digitais Tune In, Spotify, Deezer, Stitcher e Rdio, aplicações como Onde Parar, Let’s Park, Guia UOL e reprodutores de música e comando de voz podem ser comandados a partir da tela do painel. Com o carro parado todo o conteúdo do celular pode ser usado, incluindo redes sociais e navegador de internet. A conexão é feita por rede sem fios.
Do ponto de vista técnico, os motores de 1,0 litro (com três cilindros e 12 válvulas) e 1,6 litro (com quatro cilindros e 16 válvulas) foram revistos para menor consumo, com novas velas e redução de atritos internos. O 1,6 ganhou sistema de partida a frio com preaquecimento de álcool, que dispensa o uso de gasolina em reservatório auxiliar, melhoria que deveria ser estendida à outra unidade. Não foram alterados potência e torque, que são de 80 cv e 10,2 m.kgf para o de 1,0 litro e de 128 cv e 16,5 m.kgf para o de 1,6 litro, sempre com álcool. Os pneus agora têm menor atrito de rolamento.
Bancos de couro marrom agora são opcionais na versão de topo, que vem de série com tecido cinza; nas outras versões ele é preto
Somadas aos novos câmbios, essas alterações deixaram o consumo até 6,5% menor nas versões 1,6 e 6% mais baixo nas 1,0. Para o 1,6 com câmbio manual a fábrica divulga que a velocidade máxima aumentou (189 km/h) e o tempo de aceleração de 0 a 100 km/h foi mantido (9,3 segundos), enquanto no caso do automático a máxima aumentou 8% (190 km/h) e o 0-100 caiu 4% (11 s). Essa caixa permite comando manual sequencial pela alavanca, subindo marchas para frente. Infelizmente ainda não obtivemos as relações de transmissão, para cálculo do que os novos câmbios representam em termos de regimes de trabalho do motor.
Ao volante
O Best Cars dirigiu versões 1,6 com ambos os câmbios no evento de avaliação da imprensa, por 60 quilômetros em rodovia e serra e algumas voltas na pista Haras Tuiuti, em Tuiuti, SP. Na versão Comfort Plus o interior é bem simples, com revestimento de plástico rígido no painel e bancos de tecido sem maior requinte. Só nas opções Style e Premium o volante ganha ajustes em altura e distância, o que melhora a adaptação do carro ao biótipo do motorista.
Se o objetivo for um carro de acabamento mais refinado, a única opção de HB20 é o Premium, com interior realmente impactante e de bom gosto com o pacote de couro marrom opcional. Como é de se esperar em um hatch compacto, não há muito espaço para passageiros no banco de trás. O compartimento de bagagem tem capacidade dentro do padrão da classe, 300 litros. Mesmo nos carros que usam pneus 185 o estepe é 175, o que o restringe ao uso emergencial.
Também opcional para o Premium, a central multimídia permite espelhamento do celular sem fios para comandar diversos aplicativos
Na versão com câmbio manual a partida só é liberada se o motorista acionar o pedal de embreagem. Primeira engatada, o motor responde suave e silencioso até cerca de 4.000 rpm — então surge um pouco de vibração, sentida no assoalho e no volante, e cresce o ruído do motor. Acima de 100 km/h é perceptível também certo ruído de vento. Talvez um pouco mais de trabalho no isolamento acústico promova um bom efeito nos HB20 futuros. A sexta marcha busca maior eficiência energética para reduzir consumo, sem prejudicar o desempenho, pois se pode manter rotação mais baixa em várias condições de uso. A 120 km/h o conta-giros acusa moderadas 2.800 rpm.
Com o automático, à mesma velocidade, o motor trabalha ainda mais solto a 2.600 rpm. A unidade de 128 cv responde bem ao comando do acelerador e ganha velocidade sem sufocos. No trecho sinuoso optamos pela troca sequencial para curtir um pouco de esportividade, o que permite extrair um bom rendimento. Em modo manual a caixa muda à próxima marcha perto da rotação máxima, a cerca de 6.200 rpm, mas não reduz quando se acelera até o fim do curso — é preciso reduzir as marchas na mão mesmo.
Surpreendente é o comportamento em curva do HB20, que se mostra neutro até quando exageramos na velocidade de entrada, apesar dos pneus de medida algo conservadora, 185/60 R 15 — fica provado mais uma vez que há excesso nesse quesito por vários fabricantes, com efeitos negativos ao consumo e ao custo de reposição. Mesmo quando forçamos o limite no autódromo, o carro respondeu com boa aderência e transmitiu segurança. Faltaram apenas alças de apoio no teto para os passageiros, para evitar a síndrome de “gato em máquina de lavar roupa” quando o motorista resolve ser piloto.
Seis marchas para ambos os câmbios trouxeram mais vivacidade ao HB20, que agradou também pelo comportamento em curvas
Ainda no capítulo do comportamento, notamos que os pneus Goodyear Efficient Grip “cantam” mesmo nas curvas de raio longo, assim que inserimos o carro nela, provável efeito de um composto que privilegia o baixo consumo de combustível. No autódromo com a versão manual, trocando marchas ao velho estilo punta-tacco, sente-se que o motor responde ainda mais vigoroso. Louvável o câmbio com curso pequeno e engates precisos.
As intervenções ao HB20 não foram extensas, mas são bem-vindas. Acima de tudo, o câmbio automático de seis marchas traz uma atualização necessária que ainda não chegou a concorrentes como o Citroën C3 e o Peugeot 208. Associado aos novos conteúdos e ao visual em sintonia com os lançamentos mais recentes da marca, é provável que a Hyundai não tenha dificuldade em chegar ao primeiro milhão de HB20.
Versões, preços e ficha técnica |