Alterações no motor flexível deixaram-no mais rápido e econômico; novo acabamento de topo custa R$ 98 mil
Texto: Fabrício Samahá e José Geraldo Fonseca – Fotos: divulgação
O Jeep Renegade foi lançado no Brasil em março de 2015 em meio a uma grande renovação da categoria de utilitários esporte compactos, que recebia também o Honda HR-V e o Peugeot 2008. O modelo fabricado pela FCA em Goiana, PE, logo se consolidou na disputa com o HR-V pela liderança do segmento e 85 mil unidades chegaram às ruas desde o lançamento, entre 391 mil no mercado mundial. No entanto, acaba de começar outro ciclo de lançamentos na classe com o Nissan Kicks e, em breve, Hyundai Creta e Renault Captur. É tempo de a Jeep se mexer.
A linha 2017 do Renegade ataca seus pontos mais criticados: desempenho e consumo pouco animadores, resultado da aplicação do motor E-Torq de 1,75 litro a um utilitário de mais de 1,4 tonelada. A Jeep adotou medidas tanto no motor quanto em outros itens para deixá-lo mais ágil e econômico. Outras novidades são a versão Limited, que assume o topo entre as dotadas de motor flexível (não oferece o turbodiesel), e novos conteúdos de série para as demais versões. Veja no quadro como ficou cada uma quanto a preços, equipamentos e opcionais.
As alterações promovidas no E-Torq começam pelo coletor de admissão de geometria variável, já usado na Fiat Toro e responsável pelo rendimento adicional. Ele opera como se fossem dois coletores à disposição: um mais favorável a baixas rotações, usado até 4.000 rpm, e outro ideal para regimes superiores. A potência passou de 130/132 cv a 5.250 rpm para 135/139 cv a 5.750 rpm, e o torque máximo, de 18,6/19,1 m.kgf para 18,7/19,3 m.kgf (mantendo o regime de 3.750 rpm), sempre na ordem gasolina/álcool. Apesar de não haver informação oficial, estima-se maior parcela do valor máximo em médios regimes, como 2.000 a 3.000 rpm, do que antes.
Grade, retrovisores e barras de teto em prata e rodas de 18 pol de série distinguem o Renegade Limited, que traz vários itens antes opcionais no Longitude
Para reduzir o consumo foram aplicadas outras medidas, como parada/partida automática do motor, pneus com menor resistência ao rolamento e lubrificantes de baixo atrito para motor e transmissão. Alternador e bomba de combustível agora atuam de acordo com a necessidade: como exemplo, o primeiro recarrega mais a bateria nas desacelerações e menos ao acelerar a pleno para reduzir o consumo de potência. O sistema de preaquecimento de álcool para partida a frio traz conveniência e outros recursos — monitor de pressão dos pneus e indicador de troca de marchas no quadro de instrumentos — podem contribuir para uma condução mais econômica.
O carro ficou mais ágil, sobretudo nas rotações usuais para o dia a dia urbano: mais do que as acelerações a pleno, a maior rapidez nas retomadas faz diferença
De acordo com o fabricante, a velocidade máxima do Renegade mudou pouco, de 179/181 km/h para 180/182 km/h, mas a aceleração de 0 a 100 km/h mostra ganho mais sensível: de 12,6/11,5 segundos para 11,9/11,1 s, sempre naquela ordem de combustíveis. Com gasolina o consumo rodoviário melhorou de 10,7 para 10,9 km/l, mas o urbano piorou um pouco, de 9,6 para 9,5 km/l. Mesmo quadro ao usar álcool: em cidade a marca caiu de 6,7 para 6,5 km/l; em rodovia, subiu de 7,4 para 7,6 km/l, sempre pelos padrões do Inmetro. A economia de até 10% anunciada pela Jeep pode ser obtida em condições diferentes, como uso urbano com muitas paradas em semáforos ou trânsito congestionado.
Embora não afete o desempenho real, o modo de condução Sport é outra medida da FCA para trazer sensação de agilidade ao motorista do Renegade: acionado pela tecla no painel, o programa deixa mais rápida a curva de resposta do pedal acelerador e, no caso da transmissão automática, eleva a rotação para as mudanças a fim de manter o motor mais “esperto”.
Bancos de couro, chave presencial e tela de 7 pol nos instrumentos compõem a nova versão; teto solar e áudio com tela de 6,5 pol são opcionais
A versão Limited, um nome familiar ao consumidor da marca, traz poucas novidades: é basicamente um Longitude com todos os opcionais antes disponíveis (veja no quadro) e pequenas diferenças visuais como grade dianteira, retrovisores e barras de teto na cor prata, teto em preto e nova pintura das rodas. Uma vantagem dessa definição de conteúdo é que na hora da revenda o carro será reconhecido como versão superior, com expectativa de valor adicional, enquanto o antigo arranjo podia pôr a perder muito do que se pagava pelos itens à parte do Longitude.
As demais versões trazem novos conteúdos de série. A Sport recebeu barras de teto, porta-óculos, banco do passageiro rebatível com porta-objetos sob o assento e — no caso do motor a diesel — sistema de áudio com tela de 5 pol, navegador e câmera traseira de manobras. A Longitude ganhou porta-óculos e, para o diesel, bancos revestidos em couro. À Trailhawk foram acrescentados bancos de couro, bolsas infláveis laterais, de cortina e de joelhos para o motorista, chave presencial, faróis bixenônio e rebatimento elétrico dos retrovisores. Não está mais disponível nela o assistente de estacionamento.
Ainda em termos financeiros, a Jeep lança o programa Mopar Vehicle Protection (MVP) de planos de revisão sob medida. Na compra do carro pode-se comprar um pacote de duas a cinco revisões, para versões a diesel, e de duas a oito para modelos flexíveis e optar por garantia estendida de 12 ou 24 meses, além da cobertura normal de três anos.
Motor ganhou até 7 cv e torque em baixa rotação; tecla aciona programa Sport, que deixa transmissão automática e acelerador mais ágeis
Ao volante do Renegade 2017
Na avaliação em Florianópolis, SC, a impressão ao dirigirmos é que o carro ficou perceptivelmente mais ágil, sobretudo nas rotações usuais para o dia a dia urbano. Mais do que as acelerações a pleno, a maior rapidez nas retomadas faz uma diferença que se nota, pois os regimes de mudanças de marchas também tiveram alterações. Com o modo Sport acionado a melhora no desempenho em carga (abertura de acelerador) parcial se mostrou ainda mais visível, embora não se aplique ao uso a plena potência.
O sistema de parada/partida automática mostrou-se eficiente e funcionou a contento no trânsito, com rápida partida ao liberar o freio e pisar no acelerador. Um botão no console permite sua desativação, recomendada em situações de muito calor como a da avaliação, pois assim não se desliga o ar-condicionado. Mesmo com o sistema ativo, o motor volta a funcionar após um minuto com ar ligado ou três se o aparelho estiver desligado.
A retirada do tanque auxiliar de partida a frio é uma vantagem de conveniência, assim como o monitor de pressão dos pneus, que se baseia em informações dos freios ABS e do controle de estabilidade (um pneu com baixa pressão gira mais rápido à mesma velocidade, o que é detectado pelos sensores desses sistemas e produz o alerta ao motorista). Com isso se economiza em combustível e com a maior durabilidade dos pneus, além de se evitarem situações de insegurança pela falta de pressão.
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