Chevrolet Corvair
Ralph Nader é um nome que ainda causa arrepios nos dirigentes das marcas de Detroit, EUA. No início dos anos 60 esse advogado escreveu o livro Unsafe at Any Speed, ou inseguro a qualquer velocidade, com duras críticas ao Corvair. O modelo tinha motor traseiro refrigerado a ar, de seis cilindros horizontais opostos (como no Porsche 911) e 2,6 litros, e suspensão traseira independente por semieixos oscilantes. O comportamento dinâmico era diferente do habitual para os motoristas norte-americanos, agravado pelo frequente uso de pressões de enchimento incorretas nos pneus — poucos sabiam que deviam colocar bem mais ar nos traseiros. Nader levou o Corvair ao fim e a indústria local à generalização do conjunto de motor e tração dianteiros.
Chevrolet Tracker (Brasil)
O utilitário esporte importado da Argentina, onde era feito pela Suzuki (não passava de um Grand Vitara com o emblema da gravata), chegou em 2001 com um motor a diesel de baixo desempenho, que exigia 21 segundos para ir de 0 a 100 km/h, além de ser um estranho nas concessionárias da GM. Não emplacou: em 2003 foram vendidas apenas 750 unidades. A importação foi suspensa no ano seguinte e retomada em 2007, dessa vez com motor a gasolina — as vendas melhoraram, mas a empreitada acabou em dois anos.
Apesar do desenho mais moderno e do navegador GPS preso ao para-brisa, o Vectra hatch era praticamente o mesmo carro que o Astra
Chevrolet Vectra hatch (Brasil)
Na Europa ele seguia a evolução do Astra, mantendo seu nome, mas aqui a GM preferiu “promovê-lo” a Vectra, como já fizera com o sedã, e lançá-lo em 2007 como alternativa superior ao Astra. Não funcionou: apesar do desenho mais moderno e do navegador GPS preso ao para-brisa como inovação, era praticamente o mesmo carro que o antecessor, com idênticas plataforma e mecânica, espaço interno similar e… preço cerca de R$ 10 mil mais alto. O mercado rejeitou o engodo e, em 2008, o Vectra ficou pela metade das vendas do Astra, perdendo ainda para Golf, Stilo e Focus. Saiu de produção em 2011, antes mesmo do carro que ele deveria substituir.
Chevrolet SSR
O sucesso de um carro-conceito nos salões nem sempre garante boas vendas a um modelo de produção. A GM animou-se com a recepção à picape nostálgica SSR, de 2000, e a colocou nas ruas em 2003. Com um motor V8 de 300 cv, apenas razoável para sua proposta diante de todo o peso, poucos se convenceram e só 24 mil picapes encontraram compradores em três anos de produção — a GM chegou a ter estoque para 300 dias de vendas.
Chrysler Airflow
Lançado nos EUA em 1934, foi uma inovação em engenharia e o primeiro carro a aplicar na prática teorias de aerodinâmica obtidas em túnel de vento. A cabine era mais avançada e baixa que a dos modelos da época, propiciando grande estabilidade; o para-brisa da versão Imperial foi o primeiro em curva e feito numa só peça em toda a indústria; a construção era monobloco em aço, enquanto a maioria dos carros usava carroceria sobre chassi. O consumidor norte-americano parece não ter concordado em avançar tanto e tão rápido no tempo. Além disso, seu estilo não agradou, em especial pela grade dianteira art deco, substituída em 1935 por uma mais conservadora. As vendas não reagiram e já em 1937 o Airflow saía de linha.
Chrysler TC by Maserati
Um dos incontáveis frutos da plataforma de carros compactos com tração dianteira que a Chrysler usou nos anos 80 (da qual Dodge Aries e Plymouth Reliant foram os pioneiros), o TC era um conversível de luxo com carroceria italiana e motores norte-americanos, embora o V6 fosse de origem Mitsubishi. Vendido na época a US$ 33 mil, era caro demais — sobretudo ao lado de um Chrysler LeBaron de linhas um tanto parecidas — e não convenceu pelo desempenho ou pela confiabilidade. A expectativa era de vender até 10 mil carros por ano, mas só 7.300 ganharam as ruas no total entre 1989 e 1991.
Citroën XM
Desenho ousado, suspensão hidropneumática e uma eletrônica sofisticada pareciam a receita exata para mais um Citroën marcante. O XM vendeu bem por dois anos, começando em 1989, e depois permaneceu discreto no mercado até completar 11. As razões do insucesso passam pela escolha do formato hatchback (de poucos adeptos nessa categoria fora da França), problemas de qualidade e a inaptidão das concessionárias de vários países para saná-los. Depois dele a Citroën ficou bons anos fora do segmento até que nascesse o C6.
DeLorean DMC-12
O sonho de John DeLorean era fabricar seu esportivo, um carro com portas ao estilo “asas de gaivota” e carroceria de aço inoxidável. Lançado em 1981, o DMC-12 ficou famoso no cinema como máquina do tempo da trilogia De Volta para o Futuro, mas não teve êxito comercial, em parte pelo motor V6 de 2,8 litros e desempenho insuficiente. Parceiro no negócio, o governo do Reino Unido mandou fechar a fábrica irlandesa após um só ano de produção.
Dodge 1800 (Brasil)
Interessada em disputar um segmento inferior ao de seus modelos V8, a divisão Dodge da Chrysler buscou no Hillman Avenger inglês a base para desenvolver seu 1800, lançado no Brasil em 1973. Concluído às pressas, mostrou-se um poço de problemas: defeitos na caixa de câmbio, vibrações na direção, alto consumo de combustível, baixa qualidade de produção. A empresa corrigiu parte dos defeitos e trocou seu nome para Polara em 1976, mas as vendas não decolaram. Com a aquisição da Chrysler pela Volkswagen em 1980, o “Dodginho” saiu de produção no ano seguinte.
Fiat Oggi e Prêmio (Brasil)
Vida bem curta teve o primeiro três-volumes da Fiat brasileira, o Oggi, lançado em 1983. Apesar do grande porta-malas, era derivado de um modelo já defasado (o 147), estava longe de agradar aos olhos e mantinha o péssimo câmbio da marca. Saiu de linha já em 1985. Seu sucessor, o Prêmio, era lançado no mesmo ano com estilo mais harmonioso, mas também não emplacou — apesar de ter sido o carro mais vendido na Argentina. O azar da Fiat com pequenos sedãs afetou até o Siena em sua primeira série, de 1997, mas com o tempo — e reestilizações bem feitas — ele se tornou um dos mais vendidos da classe.
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