É hora de diversão: ajustada para Dynamic, a RS6 ronca forte, acelera
muito e provoca o motorista a procurar o altíssimo limite nas curvas
Já o volante passou de Alcantara para couro, talvez para evitar o mau aspecto que a camurça adquire com o tempo nessa região de atrito com as mãos. Seus ajustes elétricos permitiram à fábrica configurar que se eleve para facilitar a entrada e a saída do motorista. O acabamento demonstra qualidade e execução cuidadosa em todos os itens. Como se espera de um carro com suas dimensões, o espaço no banco traseiro é farto para dois adultos de qualquer estatura, com vão para as pernas dos maiores já vistos.
Ao dar partida, o V8 acorda com um rugido que deixa claro aos presentes a estirpe do que há debaixo do capô — as borboletas das saídas de escapamento ficam abertas por alguns segundos para garantir a demonstração. Com o Drive Select ajustado em Comfort, a RS6 prova-se tão suave e fácil de dirigir quanto qualquer Audi de luxo: a suspensão roda macio (a absorção de impactos é melhor que a esperada pela medida dos pneus), o acelerador não pega ninguém de surpresa, as trocas de marcha são feitas até abaixo de 2.000 rpm e mal se ouve o escapamento. Em qualquer faixa de giros o funcionamento do motor é limpo, isento de vibrações.
Mas você não a compraria para usá-la assim, como uma A6 Avant comum, certo? Altere o seletor para Dynamic e, como um Clark Kent que corre à cabine telefônica e sai dali voando como o Super-Homem, a RS6 se transforma. O acelerador torna-se rápido, a direção ganha peso — até excessivo em baixa velocidade, mas perfeito para andar muito rápido —, os amortecedores agora “copiam” cada oscilação do piso. As mudanças de marcha ocorrem em giros mais altos e, acima de tudo, o som de motor passa a empolgar.
Embora a atuação automática da caixa seja impecável, o grande prazer é
comandar as trocas e ouvir o som rasgado que o escapamento produz
Empolgação chega a ser um termo fraco para o que ele causa até no mais pacato motorista. Em uma “esticada” de marchas, enquanto o baixo relevo do logotipo RS6 do encosto do banco começa a ser impresso nas costas, o V8 emite um ronco encorpado, com direito a um frep!!! a cada mudança de marcha e, com o câmbio em modo manual, um tré-tré-tré-tré ao chegar ao limite de giros. Logo você se vê induzido a comportamentos pouco sociáveis, como chegar a 6.700 rpm em primeira no quarteirão de casa enquanto os vizinhos gostariam de estar dormindo.
Altere o seletor para Dynamic e, como um
Clark Kent que sai da cabine telefônica
como o Super-Homem, a RS6 se transforma
Melhor guardar esse arsenal para usufruir em uma boa rodovia. Se estiver em um dos (cada vez mais raros) trechos de Autobahn sem limite de velocidade em seu país natal, a RS6 pode cruzar a bem mais de 200 km/h sem sobressaltos, com perfeita estabilidade direcional e a sensação de poder passar o dia nesse ritmo sem cansar o motorista. A caixa automática, irrepreensível em seu funcionamento, chega a lembrar a automatizada de dupla embreagem S-Tronic da mesma Audi pelas trocas rapidíssimas.
O modo Dynamic inclui ajuste do diferencial esportivo, que deixa a traseira “alegre” nas saídas de curva. Exagere no entusiasmo com o pé direito e os 285 mm de seção dos PZeros tornam-se pouco para a potência despejada nas rodas de trás — epa, aquela traseira ali é minha! Com o controle eletrônico de estabilidade em modo normal as coisas logo se colocam nos eixos, mas antes de passar ao programa esportivo é bom reservar direitos de uso da faixa ao lado ou do acostamento. Como fica com o controle desativado? Deixamos a tarefa de descobrir para quando tivermos um circuito à disposição, o que não era o caso na avaliação.
São R$ 557.100 para colocar essa Audi na garagem, mas as sensações
ao acelerá-la deixam uma grande vontade de acertar na Mega-Sena
Embora desconfortável para o dia a dia pela suspensão muito firme, o Dynamic é o programa ideal para encarar uma estrada de montanha com “a faca entre os dentes”, com a garantia de alto regime de spm (sorrisos por minuto). Com a devida moderação no pé direito nas saídas, seu comportamento em curva revela atitude praticamente neutra, apesar do maior peso no eixo dianteiro, e deixa a sensação de que jamais se encontrará o limite de aderência dos pneus — até que uma espiada na projeção de velocidade no para-brisa revela estar-se, sem perceber, 40 ou 50 km/h acima do ritmo imaginado.
Felizmente, capacidade de frenagem é o que não falta a essa perua endiabrada. Os imensos discos de cerâmica dissipam velocidade com uma rapidez desconcertante para um carro de duas toneladas, mesmo quando se anda a patamares típicos de Alemanha, como constatamos de forma repetida ao fim de cada prova de aceleração em nossa pista. Se havia receio de algum efeito colateral do uso desses discos, ele se esvaiu: têm fácil modulação (apesar da forte pegada inicial, bem-vinda em um carro tão rápido) e não emitem ruídos a frio ou a quente.
Deixamos para o fim o menos empolgante dos fantásticos números que cercam a Audi RS6 Avant: 557.100 — seu preço em reais, o segundo mais alto da série RS no Brasil, superado apenas pelos R$ 589.360 do RS7 Sportback. Para os privilegiados que puderem bancá-lo, o prazer de acelerá-la vale cada centavo. Para os que não puderem, recomendamos distância: depois que ela se for, superar a saudade não será nada fácil.
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Ficha técnica
Motor | |
Posição | longitudinal |
Cilindros | 8 em V a 90° |
Material do bloco/cabeçotes | alumínio |
Comando de válvulas | duplo nos cabeçotes |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 84,5 x 89 mm |
Cilindrada | 3.993 cm³ |
Taxa de compressão | 9,3:1 |
Alimentação | injeção direta, 2 turbocompressores, resfriador de ar |
Potência máxima | 560 cv de 5.700 a 6.600 rpm |
Torque máximo | 71,4 m.kgf de 1.750 a 5.500 rpm |
Potência específica | 140,2 cv/l |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | automático / 8 |
Relação e velocidade por 1.000 rpm | |
1ª. | 4,71 / 9 km/h |
2ª. | 3,14 / 14 km/h |
3ª. | 2,11 / 20 km/h |
4ª. | 1,67 / 26 km/h |
5ª. | 1,29 / 33 km/h |
6ª. | 1,00 / 43 km/h |
7ª. | 0,84 / 51 km/h |
8ª. | 0,67 / 64 km/h |
Relação de diferencial | 3,08 |
Regime a 120 km/h | 1.850 rpm (8ª.) |
Regime à vel. máxima informada | 5.950 rpm (7ª.) |
Tração | integral permanente |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado de carbono-cerâmica (420 mm ø) |
Traseiros | a disco ventilado (ø ND) |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Diâmetro de giro | 11,9 m |
Suspensão | |
Dianteira | independente, braços sobrepostos, mola pneumática |
Traseira | independente multibraço, mola pneumática |
Estabilizador(es) | dianteiro e traseiro |
Rodas | |
Dimensões | 9,5 x 21 pol |
Pneus | 285/30 R 21 Y |
Dimensões | |
Comprimento | 4,979 m |
Largura | 1,936 m |
Altura | 1,461 m |
Entre-eixos | 2,915 m |
Bitola dianteira | 1,662 m |
Bitola traseira | 1,663 m |
Coeficiente aerodinâmico (Cx) | 0,352 |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 75 l |
Compartimento de bagagem (normal/banco rebatido) | 565 l / 1.680 l |
Peso em ordem de marcha | 1.950 kg |
Relação peso-potência | 3,5 kg/cv |
Garantia | |
Prazo | 2 anos sem limite de quilometragem |
Carro avaliado | |
Ano-modelo | 2014 |
Pneus | Pirelli PZero |
Quilometragem inicial | 19.000 km |
Dados do fabricante; ND = não disponível |