Simulação de desempenho
Parece fácil esperar que o Fusca dispare à frente, com o Punto em último lugar, a partir da diferença de potência e torque entre os motores (compare as curvas nos gráficos). No entanto, fatores como aerodinâmica, peso e câmbio afetam o desempenho, o que a simulação do consultor Iran Cartaxo para o Best Cars buscou esclarecer.
Em velocidade máxima deu VW, de fato, mas por uma pequena margem de 5 km/h sobre o Citroën e 10 sobre o Punto, menos do que os 48 cv de diferença sobre o Fiat fariam supor. Prejudica bastante o Fusca a aerodinâmica desfavorável, percebida pela necessidade de até 6 cv a mais que os concorrentes para manter 120 km/h (aqui influem também outros arrastos e perdas, caso dos pneus, os mais largos do grupo). Duvida? Basta ver a que velocidade chega o Jetta TSi, com motor e câmbio iguais e um perfil bem mais amigo do ar: 228,5 km/h!
Assim como o DS3, o Fusca dá máxima em quinta marcha, deixando a sexta como sobremarcha, incapaz de atingir a mesma velocidade. Poderia ser melhor o casamento de rotações do Citroën, pois lhe faltam 750 rpm para chegar à potência máxima; o Punto é o contrário, com uma quinta que supera em 300 rpm o pico de potência. No VW, os 200 cv estão disponíveis de forma plana entre 5.100 e 6.000 rpm, faixa que engloba as 5.800 rpm da velocidade final. A sexta marcha torna bem mais baixo o regime a 120 km/h dois dois modelos importados — sobretudo o francês, que gira quase 1.000 rpm a menos que o nacional.
Acelerar é também com o Fusca, mas o DS3 ficou bem próximo dele, caso da diferença de só meio segundo no 0-100 km/h (o Punto fica 1,3 s atrás do Citroën). Nesse item entra em influência o fator peso, que é um tanto alto seja no TJet, seja no Fusca. Nas retomadas, o torque generoso dos dois importados falou mais alto e o VW foi outra vez o vencedor. Vale notar que o câmbio de escalonamento mais fechado permite usar a segunda no 60-100 km/h apenas no DS3, pois os demais não atingem tal velocidade nessa marcha. Assim, caso possa escolher qualquer marcha, seu motorista obterá o melhor tempo nessa reaceleração.
Com motor maior, peso elevado e aerodinâmica ruim, o Fusca só poderia ser o mais gastador de combustível, mesmo contando com uma tecnologia (a injeção direta, também presente no DS3) que favorece a economia. De fato, em consumo o melhor é o Citroën, que alia tal sistema de injeção a uma menor cilindrada, câmbio com sexta bastante longa e a segunda melhor aerodinâmica do grupo. O Punto fica em segundo nesse aspecto e tem a maior autonomia, graças à capacidade superior do tanque.
DS3 |
Punto |
Fusca |
|
Velocidade máxima | 208,5 km/h | 203,2 km/h | 213,5 km/h |
Regime à vel. máxima/marcha | 5.250 rpm/5ª. | 5.800 rpm/5ª. | 5.800 rpm/5ª. |
Regime a 120 km/h/marcha | 2.500 rpm/6ª. | 3.450 rpm/5ª. | 2.750 rpm/6ª. |
Potência consumida a 120 km/h | 30 cv | 31 cv | 36 cv |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 8,4 s | 9,7 s | 7,9 s |
Aceleração de 0 a 400 m | 16,2 s | 16,7 s | 15,7 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 29,4 s | 30,7 s | 28,4 s |
Retomada de 60 a 100 km/h em 4ª. | 8,1 s | 8,5 s | 6,9 s |
Retomada de 60 a 100 km/h em 3ª. | 6,3 s | 6,3 s | 4,9 s |
Retomada de 60 a 100 km/h em 2ª. | 4,4 s | NA | NA |
Retomada de 80 a 120 km/h em 6ª. | 14,9 s | NA | 12,0 s |
Retomada de 80 a 120 km/h em 5ª. | 11,2 s | 12,2 s | 10,1 s |
Retomada de 80 a 120 km/h em 4ª. | 9,0 s | 9,3 s | 7,4 s |
Retomada de 80 a 120 km/h em 3ª. | 7,1 s | 6,9 s | 5,1 s |
Consumo em ciclo urbano | 8,3 km/l | 7,5 km/l | 6,8 km/l |
Consumo em ciclo rodoviário | 12,0 km/l | 10,7 km/l | 9,7 km/l |
Autonomia em ciclo urbano | 375 km | 407 km | 338 km |
Autonomia em ciclo rodoviário | 542 km | 580 km | 482 km |
Melhores resultados em negrito; NA = não aplicável; conheça o simulador e os ciclos de consumo |
Dados dos fabricantes
DS3 |
Punto |
Fusca |
|
Velocidade máxima | 219 km/h | 203 km/h | 223 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 7,3 s | 8,3 s | 7,5 s |
Consumo em ciclo urbano | ND | ||
Consumo em ciclo rodoviário | ND | ||
ND = não disponível |
Como se previa, o Fusca é o mais rápido em aceleração e retomada e tem a maior
velocidade máxima, mas o DS3 mostrou eficiência e andou bem perto dele em tudo
Comentário técnico
• Os motores diferem em cilindrada, mas têm características em comum, como o duplo comando com quatro válvulas por cilindro e o uso de turbocompressor com resfriador de ar. O do Punto é uma versão aprimorada da família Fire; o do DS3, o conhecido Prince, desenvolvido em cooperação entre a PSA Peugeot Citroën e o grupo BMW, que o usa na linha Mini e no Série 1; e o do Fusca, a unidade EA-888, espécie de parente mais moderno da tradicional linha AP, tendo herdado do AP-2000 o diâmetro dos cilindros e o curso dos pistões.
• Recursos atuais do VW e do Citroën, que favorecem a eficiência e o desempenho, são a injeção direta de combustível e a variação do tempo de abertura das válvulas de admissão. Só no francês o bloco do motor é de alumínio, mais leve e com melhor dissipação de calor que os de ferro fundido. A relação r/l é apenas razoável no DS3 (0,309) e um tanto desfavorável no Punto (0,325); a VW não divulgou a informação solicitada para o cálculo.
• Os três motores são oferecidos no mercado europeu em uma variedade de configurações, o que afeta a potência e o torque. O da Citroën existe em versões de 150 a 211 cv; o da Fiat, de 135 a 180 cv; e o da VW, de 170 a 265 cv (o do novo Audi S3, de 300 cv, pertence a outra família). Portanto, os três carros comparados aqui usam versões intermediárias.
• O seletor DNA aplicado ao Punto TJet 2013 ajusta parâmetros do carro a três formas de dirigir: Dinâmico, Normal e Autonomia (palavras escolhidas, claro, para coincidir com a sigla do ácido desoxirribonucleico, o DNA dos seres vivos). No modo Dinâmico, a proporção entre o curso do pedal do acelerador e a abertura da borboleta é aumentada, para respostas mais rápidas do motor. No quadro de instrumentos surgem a sugestão de troca para marcha superior e a pressão do turbo. O modo Normal usa o mapeamento-padrão de abertura da borboleta e, no programa Autonomia (que não altera tal abertura), o painel sugere a troca de marcha tanto para cima quanto para baixo, além de mostrar um econômetro.
• As plataformas do Punto (uma derivação da usada pelo primeiro Palio, com alguns componentes do Stilo) e do DS3 (a mesma do novo C3 e do Peugeot 208) são simples em termos de suspensão, com eixo traseiro de torção, que poderia dar lugar a algo mais elaborado nessas versões de alto desempenho. Foi o que fez a VW: assim como no Jetta, os Fuscas menos potentes mantêm o eixo de torção, mas o de 200 cv traz na traseira um sistema independente multibraço.
Próxima parte |