O TJet (à esquerda) foi mais rápido nas retomadas e na maioria das acelerações,
além de mais econômico nos trajetos urbanos; no rodoviário, empate técnico
Desempenho e consumo
Como é comum em carros de certa potência com câmbio manual, arrancar rápido com o Bravo requer treino: liberar a embreagem subitamente a 3.000 rpm já provoca grande patinação dos pneus, o que leva o controle de tração (se acionado) a um corte abrupto de potência. Com regime mais baixo (ao redor de 2.000 rpm) e desligando o controle, a patinação diminui e conseguem-se tempos melhores em até 1 segundo. O limite de rotação é de 6.600 rpm. No i30 basta carregar a caixa até o estol de 2.400 rpm e liberar os freios para uma saída limpa. Suas rotações de mudanças automáticas, ao redor de 6.500 rpm, não mudam com o câmbio em posição de trocas manuais.
O desempenho do Bravo foi superior em duas das medições de aceleração (0 a 100 e 0 a 120 km/h), com pequena desvantagem na outra (0 a 400 metros). Mesmo assim, ficou longe do valor anunciado pela fábrica para o 0-100. As retomadas não devem ser comparadas por se tratar de câmbio manual em um e automático no outro; de qualquer forma, escolhendo a marcha mais baixa permitida em cada faixa de velocidade, o TJet retoma mais rápido que o i30 e suas mudanças automáticas, o que revela o maior torque em rotações médias do motor turbo (vale notar que o Hyundai precisa fazer reduções assim que é acelerado; o Fiat já está na marcha que será usada).
Medimos as retomadas em três marchas diferentes, no Bravo, para evidenciar o quanto se ganha de tempo em uma ultrapassagem pelo uso adequado do câmbio. Na de 60 a 120 km/h o tempo em terceira foi 5,7 s mais baixo que em quinta. Ainda seria possível testar a manobra em sexta, mas é preciso convir que seria demais.
Em consumo, a combinação de motor turbo (mais eficiente em uso moderado que um aspirado de mesma potência) e caixa manual permitiu ao Fiat ser mais econômico nas medições em cidade, embora a vantagem se tenha anulado no trajeto rodoviário. Nele, a sexta marcha longa do Hyundai, operando com o conversor de torque do câmbio em bloqueio, favoreceu o consumo e levou a empate técnico.
Medições Best Cars
Bravo |
i30 |
|
Aceleração |
||
0 a 100 km/h | 10,8 s | 11,4 s |
0 a 120 km/h | 14,5 s | 15,5 s |
0 a 400 m | 17,9 s | 17,7 s |
Retomada |
||
60 a 100 km/h (3ª.) | 7,6 s | 8,9 s* |
60 a 100 km/h (4ª.) | 9,1 s | |
60 a 100 km/h (5ª.) | 11,6 s | |
60 a 120 km/h (3ª.) | 10,8 s | 12,8 s* |
60 a 120 km/h (4ª.) | 13,0 s | |
60 a 120 km/h (5ª.) | 16,5 s | |
80 a 120 km/h (4ª.) | 9,6 s | 10,4 s* |
80 a 120 km/h (5ª.) | 12,1 s | |
80 a 120 km/h (6ª.) | 13,7 s | |
Consumo |
||
Trajeto leve em cidade | 12,3 km/l | 11,6 km/l |
Trajeto exigente em cidade | 7,3 km/l | 6,6 km/l |
Trajeto em rodovia | 12,1 km/l | 12,2 km/l |
Autonomia |
||
Trajeto leve em cidade | 642 km | 553 km |
Trajeto exigente em cidade | 381 km | 315 km |
Trajeto em rodovia | 631 km | 582 km |
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Dados dos fabricantes
Bravo |
i30 |
|
Velocidade máxima | 206 km/h | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 8,7 s | ND |
Consumo em cidade | ND | |
Consumo em rodovia | ND | |
ND = não disponível |
O botão Overbooster aumenta a pressão de turbo do Bravo e deixa o volante
mais firme; no i30 há três modos de ajuste para a assistência de direção
Comentário técnico
• Os dois motores são modernos, mas bem diferentes em características. O da Hyundai pertence à série Nu (letra grega, como é padrão nas denominações da marca), lançada em 2011 com versões de 1,8 e 2,0 litros (esta a empregada pelo Elantra), e usa recursos como bloco de alumínio, variação do tempo de abertura das válvulas de admissão e de escapamento e coletor de admissão com geometria variável. O movimento do virabrequim é levado aos comandos de válvulas por uma corrente, como é comum nas indústrias japonesa e sul-coreana.
• O 1,4-litro do Bravo é um dos mais atuais e potentes membros da família Fire, iniciada na década de 1980. Mais simples em construção que o do concorrente, usa bloco de ferro fundido — mais pesado e menos eficaz na dissipação de calor que o de alumínio — e dispensa mecanismos de variação. Uma correia dentada aciona os comandos de válvulas. O comando Overbooster aumenta a pressão de alimentação de 0,9 para 1,3 bar entre 2.000 e 4.000 rpm, o que eleva o torque, mas não a potência máxima. O motor tem versão com o sistema Multiair de admissão (que faz variar o curso das válvulas para controlar a quantidade de mistura ar-combustível), que no Brasil equipa apenas o 500 Abarth.
• A atual geração do i30, assim como ocorreu com os Volkswagens Golf e Jetta em suas versões menos potentes, fez um retrocesso em termos técnicos na suspensão traseira: passou do conceito multibraço, mais sofisticado, para o simples eixo de torção, como o adotado pelo Bravo.
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