O Fusion (topo) é mais ousado, o Accord (centro) conservador e o Altima tem
detalhes criativos, mas os três agradam a quem procura um sedã elegante
Concepção e estilo
O Accord é por larga margem o nome mais longevo do trio: surgiu em 1976 e chegou em 2012 à atual e nona geração. Desde a quinta — que foi a primeira vendida no Brasil, de 1992 em diante — a Honda tem desenvolvido diferentes carrocerias para os vários mercados, sendo que o nacional recebe o modelo destinado aos Estados Unidos, mais conservador que o europeu.
O Altima começou sua carreira em 1992, tendo sempre os EUA como um dos principais mercados. A atual geração também é a quinta e apareceu por lá no mesmo 2012. Por sua vez, o Fusion nasceu em 2005 das mãos da Ford norte-americana, com base na plataforma do Mazda 6 japonês, e em 2012 deu lugar ao atual modelo, que agora substitui também o Mondeo europeu dentro da estratégia global do fabricante. Portanto, embora diversos na origem, os três carros estão hoje em gerações apresentadas no mesmo ano.
O desenho do Fusion é certamente o mais arrojado, seja pela imponente grade inspirada na da Aston Martin, seja pelos vincos marcantes, seja pela queda da traseira que parece mais a de um hatchback — de fato, o Mondeo tem uma versão de cinco portas sem alterar o perfil de teto. Comparado aos dois oponentes e a seu antecessor, chama atenção o pouco uso de adornos cromados, que parecem agradar mais na América que no Velho Mundo.
Espaço é farto nos três modelos, que acomodam bem o motorista; no Fusion
o quadro de instrumentos configurável fica devendo um bom conta-giros
Accord e Altima são bem mais próximos em termos de estilo, por terem sido elaborados com os olhos no comprador norte-americano. São modernos, com vincos bem definidos e o terceiro volume (porta-malas) mais pronunciado; o Nissan ousa mais com os para-lamas dianteiros que sugerem músculos e a forma irregular de faróis e lanternas traseiras, inspirada na do carro esporte 370Z. Cromados estão mais presentes nesses modelos, como na grade dianteira e nas maçanetas.
Em comum entre eles, ar-condicionado
com duas zonas, controlador de velocidade e
câmera traseira para orientar manobras
Cada um a seu modo, os três estão em condições de agradar, podendo-se notar que o Fusion atende a um perfil de público mais jovem, o Accord ao mais maduro e o Altima fica no meio-termo, mas o primeiro realmente sobressai. Os vãos de carroceria são bem estreitos e regulares em todos (poderiam ser menores no Honda). Quanto à aerodinâmica, apenas o Ford e o Nissan têm o coeficiente (Cx) informado, de ótimo 0,27 no primeiro e razoável 0,307 no segundo (carros longos e baixos costumam ter melhor índice; por isso o do Nissan não é expressivo em sua categoria).
Conforto e conveniência
A diferença de estilo das carrocerias não se repete nos interiores, que são até certo ponto semelhantes — atuais e bem desenhados, mas sem ousadias. Os materiais aplicados mostram qualidade nos três, tanto nos plásticos suaves e de ótimo aspecto quanto no couro dos bancos e do volante. Dentro da tendência atual, todas as marcas usam apliques em tom prata ou preto brilhante no acabamento, pois o padrão de madeira não tem muitos adeptos por aqui.
Facilidade de leitura dos mostradores e uso dos grandes comandos é destaque
do Accord, que (como os outros) não trata bem um passageiro central
Banco amplo, pedais e volante bem posicionados e amplas regulagens deixam o motorista confortável nos três modelos. Os ajustes do banco do motorista são elétricos (só o Fusion oferece memórias) e o apoio lombar também pode ser regulado; o volante admite ajuste em altura e distância.
Dos quadros de instrumentos, o do Ford foi o mais criativo com as áreas digitais e configuráveis dos dois lados do velocímetro. Embora possa exibir mais informações — como histórico de consumo, que o Honda fornece na tela central do painel —, o conjunto não é ideal: como exemplo, deve-se escolher entre um conta-giros linear e um circular, ambos pequenos demais, em vez do amplo instrumento analógico dos outros carros. Na iluminação de todos eles predomina o tom branco. Os três têm computador de bordo, em que só o do Altima informa velocidade média e pode exibir várias informações ao mesmo tempo; já os concorrentes operam com duas medições de consumo.
Os sistemas de áudio incluem toca-CDs, MP3, interface Bluetooth para celular e conexão USB, além de comandos no volante. Altima e Fusion têm ainda entrada para cartão de memória (embora ocupada pelos mapas do navegador no primeiro), Honda e Nissan trazem conexão auxiliar e o Ford tem entradas RCA de vídeo. A qualidade de áudio é excelente no Altima com seu sistema Bose, dotado de amplificador no porta-malas e alto-falante central no painel; muito boa no Fusion e inferior no Accord, que é fraco em sons graves. As marcas japonesas não permitem usar o sistema sem a chave na ignição.
Interior sóbrio e bem desenhado no Altima, que também traz ajuste elétrico do
banco do motorista; computador mostra várias informações simultâneas
O Ford tem a praticidade do comando por voz (pode-se pedir a reprodução pelo nome de uma faixa ou artista, entre outros), mas é preciso rever sua tela sensível ao toque: acumula marcas de dedo com facilidade e torna a leitura difícil mesmo sem incidência direta de sol, ao contrário das usadas por outras marcas — talvez seja questão de tratamento da superfície. Os demais também usam telas táteis, mas trazem botões redundantes para várias funções.
Em comum entre eles estão conveniências como ar-condicionado automático com duas zonas de ajuste de temperatura, controlador de velocidade, câmera traseira para orientar manobras (com guias que se movem conforme a posição do volante, mostrando a direção para a qual as rodas vão), acionamento automático dos faróis, para-sóis com espelho e iluminação, alerta específico para qual porta está aberta ou mal fechada, porta-copos, porta-luvas com tranca e apoios de braço centrais à frente e atrás, além de amplo espaço para objetos no console central.
Mas há diferenças em detalhes que afetam o dia a dia. Fusion e Altima têm navegador (em português brasileiro), teto solar com controle elétrico (opcional no primeiro), difusores de ar para o banco traseiro, retrovisor interno fotocrômico e aquecimento para os bancos dianteiros. O controle elétrico de vidros do Fusion e do Accord usa função um-toque para todos (só nos dianteiros no Altima) e o do Ford permite abri-los e fechá-los a distância (apenas abrir no Nissan e fechar no Honda); temporizador equipa os três.
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