Mais cômoda que as vans utilitárias de preço similar, a novidade
chinesa traz boas ideias, mas esbarra em algumas limitações
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
A JAC acredita estar trazendo ao Brasil uma nova categoria de veículos de transporte de passageiros. A T8, que chega ao preço de R$ 115 mil, surge como alternativa às vans utilitárias e às minivans para levar até sete ocupantes com muito espaço e conforto. São três fileiras de bancos, sendo dois na frente, dois articulados no meio — que podem ser rebatidos como uma cama — e um inteiriço para três pessoas atrás.
A relação entre capacidade e preço pode parecer desfavorável diante de opções como Fiat Ducato Minibus (15 lugares, R$ 101 mil), Mercedes-Benz Sprinter 415 (16 lugares, R$ 116,1 mil) e Renault Master Minibus Executive (16 lugares, R$ 131 mil), todas com motor turbodiesel, mas a proposta da marca chinesa é diferente: um veículo para menos passageiros, mas com bancos mais espaçosos e confortáveis, suspensão de automóvel e motor turbo a gasolina. Uma alternativa com perfil mais próximo seria a minivan Chrysler Town & Country, mais sofisticada, que usa motor V6 de 283 cv e custa bem mais: R$ 170,9 mil na versão Touring.
Com sete lugares, a T8 pode ser dirigida com habilitação B; o motor turbo de
2,0 litros e 175 cv é apenas razoável para o elevado peso de 2.100 kg
Com características que permitem sua condução com habilitação categoria B, a mesma de qualquer carro, a T8 (que se chama M2 ou Refine em outros mercados) vem de série com ar-condicionado com comando independente para os passageiros, bancos dianteiros com aquecimento e ajuste elétrico, rádio com interface Bluetooth para telefone celular, computador de bordo, duas portas corrediças laterais, faróis e luz traseira de neblina, ajuste elétrico de altura dos faróis, sensores de estacionamento traseiros com câmera, controles elétricos de vidros/travas/retrovisores, alarme antifurto, direção assistida, rodas de alumínio de 17 pol com pneus 225/60, freios a disco com antitravamento (ABS) e bolsas infláveis frontais.
A T8 comprova a vocação para transportar com
mais conforto que as vans utilitárias; seu
ar-condicionado manteve o interior climatizado
Com 5,1 metros de comprimento e 1,84 m de largura, a van não é muito maior que um sedã grande como um Ford Fusion — salvo pela altura de 1,97 m, ainda assim menor que a da maioria das vans utilitárias. Atrás dos sete ocupantes ainda resta grande espaço para bagagem, de 1.310 litros até o teto. Se retirado o último banco, aumenta para 3.550 litros; sem os assentos centrais, para 4.800 litros.
O motor a gasolina — ao contrário do padrão na categoria de vans, que é o diesel — é de 2,0 litros com turbocompressor e resfriador de ar. A potência de 175 cv e o torque de 26,5 m.kgf lidam com um peso importante, que começa em 2,1 toneladas e pode chegar perto de três quando carregado (a capacidade de carga não foi informada). A tração é traseira, com eixo rígido, e ambas as suspensões usam molas helicoidais, sendo usuais no tipo de veículo as molas semielípticas atrás.
O interior agrada pela posição de dirigir e a alavanca de câmbio bem à mão;
DVD para os bancos de trás e bancos de couro são os únicos opcionais
Ao volante
Atendendo ao conselho do presidente da empresa, Sérgio Habib, fizemos a maior parte da avaliação em bancos de passageiros. De fato, o veículo comprova a vocação para transportar pessoas e carga com mais conforto que as vans com plataforma de veículos utilitários. O potente ar-condicionado com difusores no teto manteve o interior do veículo climatizado, mesmo em um dos dias mais quentes do rigoroso verão paulista. Os vidros do meio são fixos, mas quem viaja na terceira fileira pode abrir as janelas basculantes. O acabamento transmite boa impressão e o teto solar dá uma sensação maior de espaço interno.
Na condição de motorista, sentimos falta de uma opção com câmbio automático, que traria mais conforto também aos passageiros pela condução mais suave. Em seu lugar vem um manual de seis marchas de operação apenas regular, mas com alavanca bem à mão. Como o motor é um pouco lento nas acelerações e retomadas, é preciso recorrer ao câmbio com frequência para buscar rotação. Em viagem, em sexta marcha a 120 km/h o conta-giros revela moderadas 2.800 rpm. Por ser a gasolina esperava-se um motor silencioso, mas a necessidade de manter giro alto para ganhar potência transfere mais ruídos e vibração para a cabine.
Como já tradicional nos carros chineses, a direção é muito macia em alta velocidade e leva-se algum tempo para se acostumar com sua sensibilidade, enquanto o pedal de freio “esponjoso” requer uma pisada firme para atuar. Já a suspensão, apesar da teórica vantagem sobre as vans utilitárias, mostrou-se dura sobre as irregularidades do piso. Por outro lado a posição de dirigir do motorista é bem confortável e consegue atender às mais variadas estaturas. Com regulagens elétricas, os bancos dianteiros contam também com apoio de braço. O volante tem regulagem de altura, mas não de distância.
Os bancos da segunda fila podem girar em 180 graus para uma “sala de reunião”,
mas os cintos ficam sem posição; há relativo conforto mesmo na terceira fila
Rodamos com seis adultos a bordo, de diversos pesos e medidas, e todos se acomodaram com folga. Como opcionais a JAC oferece bancos com revestimento de couro e sistema de toca-DVDs para os passageiros, com telas colocadas nos encostos de cabeça dos bancos ou no teto. Os bancos intermediários giram em 180 graus, permitindo uma reunião a bordo, mas nessa condição não há como usar os cintos de segurança desses assentos, o que o fabricante prometeu rever.
O grande mercado desse tipo de veículo será mesmo para frotas corporativas, hotéis e empresas de turismo. Apesar das aparentes desvantagens de cobrar o mesmo para transportar metade dos passageiros e rodar com gasolina, a T8 pode se justificar para aplicações nas quais o conforto é mais importante que a economia.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | longitudinal |
Cilindros | 4 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4 |
Diâmetro e curso | 85 x 88 mm |
Cilindrada | 1.997 cm³ |
Taxa de compressão | 8,5:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima | 175 cv a 5.400 rpm |
Torque máximo | 26,5 m.kgf de 2.000 a 4.000 rpm |
Transmissão | |
Tipo de câmbio e marchas | manual, 6 |
Tração | traseira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a disco ventilado |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | hidráulica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, braços sobrepostos, mola helicoidal |
Traseira | eixo rígido, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 17 pol |
Pneus | 225/60 R 17 |
Dimensões | |
Comprimento | 5,10 m |
Largura | 1,84 m |
Altura | 1,97 m |
Entre-eixos | 3,08 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 80 l |
Compartimento de bagagem | 1.310 l (7 lugares), 3.550 l (4 lugares), 4.800 l (2 lugares), até o teto |
Peso em ordem de marcha | 2.100 kg |
Desempenho e consumo | |
Velocidade máxima | 165 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND |
Dados do fabricante; ND = não disponível; consumo não informado |