Bem-equipado por R$ 116.400, um dos futuros nacionais
da marca quer conquistar um público mais habituado aos hatches
Texto: Geraldo Tite Simões – Fotos: divulgação
A Audi apresenta aos brasileiros o carro que a recolocará entre os fabricantes locais — ao lado do utilitário esporte Q3, ambos com produção prevista para o próximo ano em São José dos Pinhais, PR. Derivado do A3 hatchback de terceira geração, lançado aqui em junho passado, o A3 Sedan é o primeiro modelo de três volumes dessa linhagem de porte médio-pequeno e inaugura a oferta da Audi em tal segmento.
A versão que começa a ser vendida é importada de Gyor, na Hungria, com motor turbo de 1,8 litro e caixa de câmbio automatizada de dupla embreagem e sete marchas, ao preço sugerido de R$ 116.400. O concorrente mais direto seria o também novo Mercedes-Benz CLA 200, mas seu preço inflado — R$ 150.500, apesar de inferior em potência e equipamentos de série — quase o coloca em outro segmento. Assim, o A3 deve representar opção a sedãs maiores, como BMW 316i (R$ 120 mil), Ford Fusion Titanium (R$ 103,9 mil), VW Passat (R$ 118,1 mil) e o A4 Attraction da própria Audi (R$ 125,7 mil), ou a hatchbacks como BMW 118i (R$ 111 mil), Mercedes-Benz A 200 Urban (R$ 116,5 mil) e Volvo V40 T4 Design (R$ 123 mil).
Sem compartilhar painéis de carroceria com o hatch, o A3 Sedan agrada, mas
poderia ter maior identidade: a semelhança com outros Audis é exagerada
Os equipamentos de série abrangem sete bolsas infláveis (frontais, laterais dianteiras, cortinas laterais e para os joelhos do motorista), suportes Isofix para cadeira infantil no banco traseiro, controle eletrônico de estabilidade e tração, alarme, faróis bixênonio, faróis de neblina, banco do motorista com ajuste elétrico, ar-condicionado automático de duas zonas, revestimento em couro sintético, computador de bordo, rodas de 17 pol com pneus 225/45, faróis e limpador de para-brisa com controle automático, seletor de programas Drive Select, parada/partida automática do motor, retrovisor interno fotocrômico, teto solar panorâmico, interface Bluetooth para telefone celular e rádio/CD/MP3. O sistema de navegação é opcional. Embora haja 12 cores externas, o interior é sempre preto.
É difícil chamá-lo de carro de família, porque a esportividade está evidente; nenhum painel metálico é compartilhado com o hatch
A Audi espera vender 3.500 unidades do modelo este ano e incrementar os números totais de 2013, quando chegou a 6.694 unidades vendidas no Brasil — aumento de 35% em relação a 2012. Para atingir as metas para o mercado brasileiro, a marca pretende aumentar das atuais 27 concessionárias para 60 em 2016, quando o A3 e o Q3 paranaenses já estarão no mercado.
Com 4,45 metros de comprimento, o A3 Sedan é apenas 14 centímetros mais comprido que o A3 Sportback de cinco portas; mede 1 cm a mais em largura e 1 cm a menos em altura, mantendo a distância entre eixos. Comparado a um VW Jetta, o novo Audi tem 19 cm a menos em comprimento, 2 cm a mais em largura, 6 cm a menos em altura e só 2 cm a menos em entre-eixos, o que o deixa com proporções bastante esportivas. A comparação ao Jetta aqui é apenas ilustrativa, pois não se trata de derivados da mesma plataforma — o A3 usa a mais moderna e leve MQB, uma arquitetura modular que também serve ao novo Golf.
Curto, baixo e com grande entre-eixos, ele obtém proporções esportivas;
faróis bixenônio e lanternas têm leds para bom efeito, como habitual na marca
Com efeito, é difícil olhar para esse Audi e chamá-lo de carro de família, porque a esportividade está evidente no desenho dianteiro, na lateral com linha de cintura alta e vincos que passam a ideia de movimento e na traseira, com um sutil defletor incorporado à tampa do porta-malas e dupla saída de escapamento. De acordo com a fábrica, nenhum painel metálico é compartilhado com o hatch. O coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,30 é bom, embora não expoente. Onde o carro poderia ser melhor é na identidade: há semelhança excessiva com os demais modelos da marca, um mal que tem afetado todo o grupo VW.
O interior segue o do A3 hatch, com painel de linhas simples — para alguns, simples demais — e detalhes esportivos como os difusores de ar, o volante e os instrumentos com ponteiros voltados para baixo quando em repouso. No centro do quadro vem o habitual mostrador multifunção, que serve ao computador de bordo e como velocímetro digital, entre outros. Sistemas de áudio, telefonia, navegação e o Drive Select podem ser controlados por teclas e um botão giratório no console central, bem à mão.
Para os não iniciados em Audi, o Drive Select é um seletor de programas de funcionamento que altera, no caso do A3, os parâmetros de resposta do acelerador, atuação da caixa em modo automático e assistência de direção. Estão disponíveis ao toque de um botão os modos Comfort, Dynamic, Efficiency, Auto (que ajusta o carro ao modo de dirigir do momento) e Individual (para seleção independente de cada ajuste, como ao combinar acelerador mais rápido com direção mais leve).
No interior, painel de desenho simples com detalhes esportivos, bom
acabamento e bancos de couro sintético, o do motorista com ajustes elétricos
O acabamento interno é muito bom para o padrão da categoria, mas assusta saber que o conjunto multimídia MMI Plus com navegador — que substitui a tela central de 5,8 pol por uma de 7 pol — acrescenta R$ 9.900. Esse sistema inclui disco rígido de 40 Gb, dois leitores de cartões de memória e, como destaque, um painel sensível ao toque no centro do console que consegue “ler” as letras escritas com a ponta do dedo. Se preferir, pode-se usar o reconhecimento de voz.
Várias regulagens do banco e do volante permitem encontrar a posição ideal de dirigir. Um ponto alto é a ótima densidade da espuma dos bancos: no começo parece um pouco dura, mas depois se percebe que o conforto é primoroso, pois apoia bem o corpo e reduz o cansaço em longos trajetos. O espaço interno permite que quatro adultos se acomodem com conforto. Sim, cabe um terceiro passageiro no banco traseiro, mas esse é um caso no qual três é demais…
O porta-malas tem capacidade de 425 litros, que podem chegar a 880 com o encosto do banco traseiro rebatido. Seria maior se usasse articulações pantográficas na tampa (cada vez mais raras em todos os fabricantes) em vez de braços convencionais, que consomem espaço, embora não amassem a bagagem porque entram em compartimentos revestidos. O estepe fica sob o assoalho.
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