Audi Q5 Ambition, utilitário de mil e uma utilidades

 

Conforto, estilo, desempenho e segurança em altas doses:
é o que se pode esperar da nova versão com motor de 272 cv

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

Por R$ 300 mil você poderia comprar alguns carros: uma minivan para viajar com espaço para a família e toda sua bagagem, um sedã de luxo para usar no dia a dia, um jipe ou uma picape com tração nas quatro rodas para aquele passeio em meio à natureza ou uma esticada até o sítio nos fins de semana. Mas também é possível reunir esse dinheiro em um só carro capaz de fazer tudo isso com altas doses de estilo, conforto, desempenho e segurança.

O Audi Q5 é um desses veículos polivalentes, que servem para tudo e não decepcionam em nenhuma aplicação. Lançado na Europa em 2008 e no Brasil um ano depois, o utilitário esporte médio passou por mudanças recentes no visual e na mecânica, que adotou na versão Ambition o conhecido motor V6 de 3,0 litros com compressor — o mesmo do S5 Cabriolet avaliado há um ano — no lugar do V6 aspirado de 3,2 litros e uma caixa de câmbio automática com oito marchas. O Best Cars escolheu essa nova versão, identificada como 3.0 TFSI Quattro (FSI para injeção direta; T para superalimentação, embora não com turbo; e Quattro para a tração integral da marca) para uma avaliação especial em seu décimo sexto aniversário.

 

 
São quase R$ 300 mil quando se adicionam os opcionais, mas o Q5 com novo motor
dotado de compressor consegue reunir grandes atributos para toda condição de uso

 

O preço inicial de R$ 246.700 sobe para R$ 294.600 com a adição do pacote Advanced (controlador da distância à frente, monitor de pontos cegos nas laterais, sistema Drive Select, controle eletrônico de amortecimento e acesso e partida sem uso de chave por R$ 30.000), rádio MMI Plus com navegador (R$ 10.500), sistema de áudio superior da Bang & Olufsen (R$ 5.900) e pintura metálica (R$ 1.500). O carro avaliado ainda trazia o pacote visual S-Line e rodas de 20 pol, não mais disponíveis; há quatro opções de tons para o revestimento interno — preto, cinza, bege e marrom. As outras duas versões, Attraction e Ambiente, têm motor turbo de 2,0 litros e 225 cv. A garantia é de dois anos.

 

O Drive Select oferece três programas de uso básicos: Efficiency, que favorece a economia; Comfort, pelo conforto; e Dynamic, em prol do desempenho

 

Concebido a partir da plataforma do A4 e do A5, com motor longitudinal, o Q5 impressiona bem ao estilo Audi, ou seja, com linhas harmoniosas e modernas, mas sem inovações. A ampla grade com frisos verticais assume destaque na frente, ladeada por faróis que usam refletores elipsoidais e lâmpadas de xenônio para ambos os fachos. Eles trazem molduras para luz diurna com leds, elementos usados também nas lanternas traseiras horizontais. Por serem montadas inteiras na quinta porta, fica a pergunta: o que acontece quando se precisa abrir a tampa à noite com o carro à beira da estrada? Simples: as luzes de direção e de posição passam a ser emitidas pelos repetidores do para-choque, nos quais já vêm as luzes de ré. Abaixo deles estão as duas saídas de escapamento. O coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,33 é muito bom para o tipo de veículo.

O estilo típico da marca está presente também no interior: sem surpresas no visual, mas com alta qualidade em todos os materiais e um esmero nos detalhes que cativa. Que detalhes? Itens como a fina moldura cromada em inúmeros comandos, a precisão com que todos eles são acionados, a tecla que dá acesso às duas entradas para cartões de memória SD do sistema de áudio, as hastes que deixam a ancoragem interna dos cintos de segurança traseiros sempre à mão. Ou ainda a forma inferior das portas, que encobre as soleiras e garante que estas não sujarão a barra da calça ao sair do carro após um trecho com chuva ou lama.

 

 

 
Grade, faróis e lanternas estão entre os itens de estilo renovados para 2013; quando a
tampa traseira motorizada se abre, as luzes passam a se acender no para-choque

 

Motorista e passageiro ao lado desfrutam bancos amplos, com a espuma densa (firme) típica dos carros alemães e regulagem elétrica integral, ou seja, até em inclinação do assento e altura e intensidade do apoio lombar; o do condutor tem duas memórias de posição. A origem germânica está ainda no volante de quatro raios com suporte perfeito para os polegares e no apoio de pé esquerdo bem definido.

 

 

Entre os instrumentos, claros e de fácil leitura com sua iluminação permanente em branco, está o mostrador digital multifunção que serve a mensagens, computador de bordo, repetidor do velocímetro e informações de áudio. Na tela central do painel as funções se multiplicam, comandadas por um conjunto de botões bem à mão no console central: áudio, vídeo por DVD, telefonia pela interface Bluetooth, navegador (baseado em disco rígido e funcional no Brasil, mas com voz em português lusitano), imagens da câmera traseira para manobras (cujas linhas-guia acompanham o movimento do volante) e dos sensores de estacionamento (à frente e atrás), configurações do carro.

Próxima parte

 

Comentário técnico

• Adotado pela primeira vez no sedã A6 em 2009, o motor V6 de 3,0 litros usa ingredientes bem atuais, como bloco e cabeçotes de alumínio, variação contínua do tempo de abertura das válvulas de admissão, injeção diretacompressor mecânico do tipo Roots e dois resfriadores de ar. O acionamento dos comandos de válvulas é por meio de corrente, como tem sido comum nos motores mais recentes do grupo Volkswagen (mesmo o turbo de 2,0 litros passou de correia dentada a corrente há alguns anos). Acima dele, uma barra de amarração liga as torres da suspensão dianteira para aumentar a rigidez da estrutura.

• Mesmo que surpreenda para uma marca associada ao turbo desde os anos 80, o compressor Roots é justificado pela Audi como a melhor solução para esse motor. Bastante compacto, ele fica dentro do “V” de 90 graus entre as bancadas de cilindros. É acionado pelo próprio motor por meio de uma correia poli-V e começa a produzir superalimentação desde a rotação mais baixa. Dois pistões rotativos giram em sentidos opostos em regime que supera 20.000 rpm. Os resfriadores de ar são usados para aumentar a densidade do ar admitido e, assim, ampliar a quantidade de ar “empurrada” para os seis cilindros.

• Esse V6 é um bom exemplo de como motores são calibrados em termos de mapeamento eletrônico e, às vezes, outros elementos como os comandos de válvulas para atender a diferentes aplicações. Compare os valores de potência e torque do 3,0-litros em três modelos com finalidades e características (como peso e aerodinâmica) diversas:

 

Q5 272 cv de 4.780 a 6.500 rpm 40,8 m.kgf de 2.150 a 4.780 rpm
A6 310 cv de 5.500 a 6.500 rpm 44,9 m.kgf de 2.900 a 4.500 rpm
S4 e S5 333 cv de 5.500 a 7.000 rpm 44,9 m.kgf de 2.900 a 5.300 rpm

 

Nada impediria que o Q5 recebesse os 61 cv e 4,1 m.kgf que o separam dos esportivos S4 e S5, mas o motor do utilitário esporte atinge a potência e o torque máximos em regimes mais baixos, como apropriado para um modelo de seu peso e sua proposta. Já do comportado sedã A6 para os ousados S4 e S5, embora os valores máximos sejam obtidos a partir das mesmas rotações, houve o objetivo de mantê-los até regimes mais elevados para atender a uma forma mais vigorosa de direção, esperada de quem escolhe esses Audis.

• A tração integral Quattro do Q5, como a usada em outros Audis de motor longitudinal, recorre a um diferencial central Torsen (marca comercial que significa sensível ao torque, em inglês) para repartir o torque do motor entre os eixos dianteiro e traseiro. A repartição em condições normais de uso é de 40% à frente e 60% à traseira, mas há ampla gama de variação conforme a aderência disponível em cada eixo e a forma de dirigir. Os eixos trazem ainda um bloqueio eletrônico de diferencial, de modo a enviar mais torque para a roda daquele eixo com maior aderência e evitar a patinação dos pneus.

• Modernidade também nas suspensões. A dianteira é a chamada Five-Link, uma evolução do conceito de braços sobrepostos com cinco articulações, que responde de formas diferentes a forças nos sentidos longitudinal (de forma mais complacente) e lateral (mais resistente). Na traseira usa-se um sistema multibraço e ambas são montadas em subchassi para melhor isolamento de vibrações.

• O controlador de distância à frente ou controlador de velocidade ativo usa 27 sensores para monitorar o tráfego adiante e ajustar a velocidade do Q5, usando aceleração e frenagem, podendo ser ativado entre 30 e 200 km/h. Estão disponíveis quatro níveis de distância à frente, enquanto a forma com que o carro reage para acelerar e frear depende da opção escolhida no Drive Select — mais rápida no modo Dynamic, mais suave no Comfort e no Eficciency. O sistema tem um limite máximo de aplicação dos freios bem abaixo da capacidade total de frenagem do carro; por isso, se necessária uma desaceleração mais intensa, o controlador alerta o motorista com sinais visual e auditivo para que assuma a operação. O dispositivo não tem a função de para e anda que alguns desses sistemas oferecem, já que abaixo de 30 km/h deixa de funcionar.

Próxima parte

 

 

 

 
Um interior ao estilo Audi: muito bem-acabado, mas sem ousadia na aparência; com
bancos firmes que acomodam bem, com ajuste longitudinal atrás, e um painel funcional 

 

Pode-se também configurar diversos parâmetros pelo simples uso de um botão no painel, o do Drive Select ou seletor de modo de dirigir. A Audi definiu três programas de uso básicos (Efficiency, que favorece a economia e as baixas emissões; Comfort, pelo conforto; e Dynamic, em prol do desempenho) e incluiu ainda o Auto (automático), que adapta o carro às condições de uso do momento, e o Individual, para ajustes específicos dos vários parâmetros. Os programas afetam a curva de resposta do pedal acelerador, o ponto das trocas automáticas do câmbio, a assistência de direção, o controle dos amortecedores, a operação do ar-condicionado, as retomadas do controlador de velocidade e a ação do controle de distância à frente. Próximo dali, outro botão aciona o assistente de descidas, que dispensa frear para manter baixa velocidade.

 

O turbo é tradição na fábrica de Ingolstadt, mas ela considera o compressor mais adequado para esse motor — e não há como discordar ao dirigi-lo

 

Como se espera por seu preço, o Q5 vem recheado de conveniências. A área de vidros abrange quase todo o teto, sendo a seção dianteira móvel (inclina-se ou corre para trás, por fora), com forro de controle elétrico. Para abrir e fechar a quinta porta basta acionar o comando, sem qualquer esforço ou mesmo sujar as mãos; o acesso ao interior e a partida (por botão) usam chave presencial, que pode ficar no bolso. O freio de estacionamento tem controle elétrico e não precisa ser desativado ao arrancar. Todos os de vidros têm função um-toque e podem ser abertos e fechados a distância; o teto também se fecha, mas ao comando de abertura apenas se ergue. Há comando de voz para funções de áudio, telefone e navegação.

O sistema de áudio, que impressiona pelo peso de som e sua qualidade, usa um alto-falante de subgraves montado na roda do estepe, boa solução para aproveitar um espaço vago; traz conexões para Ipod e cartão SD e 10 GB de espaço em disco rígido para armazenar músicas. Os três espelhos retrovisores são fotocrômicos e os externos se recolhem ao trancar o carro; há um suave foco de luz sobre o console para facilitar ver os comandos, alerta programável para excesso de velocidade e quatro alças de teto; tomadas de 12 volts estão no porta-objetos central, no console para o banco traseiro e no porta-malas.

 

 
O Q5 em detalhes: a tela central serve a navegador, áudio, vídeo e configurações

 

 
É fácil controlá-las pelos botões no console; o banco do motorista tem duas memórias

 

 
Controlador de distância, monitor nos retrovisores e caixa de subgraves no estepe

 

Auxílios à segurança são vários, como o monitor de pontos cegos, que alerta com leds na capa dos retrovisores caso haja veículos nas faixas adjacentes em posição que pode não ser mostrada nos espelhos, prevenindo “fechadas” em mudanças de faixa. Ou o controlador de velocidade e distância até o tráfego adiante, que inclui uma função permanente de alerta (sonoro e visual) para o evento do carro à frente frear e o motorista do Q5 demorar a agir. Ou ainda os faróis adaptativos, que ajustam seu facho às condições de uso — na cidade, por exemplo, a luz é dirigida mais para baixo que em rodovia.

 

 

O banco traseiro é amplo o bastante para três adultos, com destaque para a acomodação das pernas, mas o passageiro central sofre com o encosto duro (por haver apoio de braço, que traz porta-copos retráteis) e o túnel central de transmissão no assoalho. Uma regulagem longitudinal do assento permite privilegiar o conforto dos ocupantes ou a capacidade do compartimento de bagagem (540 litros), que traz uma barra e uma cinta reguláveis para reter objetos. Em suas laterais, alavancas fazem o banco traseiro se rebater para ampliar o espaço a até 1.560 litros. O estepe do tipo temporário deve ser enchido com compressor na hora de usar.

 

Rompendo as tradições, um compressor

O novo motor do Q5 é o mesmo já em uso por diversos automóveis da Audi, um V6 com elementos bastante atuais (saiba mais sobre técnica) que desenvolve a potência de 272 cv entre 4.780 e 6.500 rpm e o torque de 40,8 m.kgf de 2.150 a 4.780 rpm. Apesar da atual tendência ao uso de turbo, que constitui verdadeira tradição na fábrica de Ingolstadt, ela considera a solução do compressor mecânico de tipo Roots a mais adequada para esse motor — e não há como discordar ao dirigi-lo.

 

 
Grande combinação: o motor V6 de 272 cv tem torque o bastante para que a caixa de
oito marchas imponha rotações tão baixas quanto 1.000 rpm em condução moderada

 

Associado a uma eficiente caixa automática de oito marchas, o V6 move os 1.840 kg sem esforço e sem ruídos. A sensação é de haver ainda mais potência e torque do que os números informam, tal a facilidade com que se obtém a aceleração desejada ou se mantém velocidade em rodovia com rotações muito baixas. Com o Drive Select em modo Efficiency, é comum ver-se o conta-giros a 1.200 ou mesmo 1.000 rpm em ritmo constante em avenidas ou estradas de menor velocidade, o que se traduz em índices de consumo bem razoáveis quando o carro é usado com moderação.

Contribui para a economia o sistema automático de parada e partida do motor, que o desliga ao manter o carro freado com o câmbio em D e o religa de imediato ao aliviar o freio (seria interessante que funcionasse também ao usar a posição N ou o freio de estacionamento). A função pode ser desligada por botão no painel e, durante a avaliação, conseguiu manter o interior bem refrigerado durante as paradas.

Claro que existe outro perfil para o Q5, oculto ali no fim de curso do pedal da direita. Aperte-o com vontade e você verá o conta-giros pulando para cima, sentirá as quase duas toneladas movendo-se com vigor e as costas colando ao banco, mais uma vez como se houvesse mais que 272 cv e 40,8 m.kgf disponíveis sob o capô. Ruídos? Ainda assim poucos, sendo preciso abrir parte do vidro e deixar a rotação subir para ouvir o som típico de um motor de alto rendimento. As oito marchas nessas horas servem não para manter a rotação lá embaixo, mas para permitir intervalos muito próximos entre as relações, de modo que o giro caia pouco a cada mudança.

Próxima parte

 

Equipamentos de série e opcionais

Ajuste de altura dos bancos mot./pas. S/S
Ajuste de apoio lombar mot./pas. S/S
Ajuste do volante em altura/distância S/S
Ajuste elétrico dos bancos mot./pas. S/S
Ajuste elétrico dos retrovisores S
Alarme antifurto/controle a distância S/S
Aquecimento S
Ar-condicionado/controle automático/zonas S/S/2
Bancos/volante revestidos em couro S/S
Bolsas infláveis frontais/laterais/cortinas S/S/S
Câmbio automático/automatizado S/ND
Câmera traseira para manobras S
Cintos de três pontos, todos os ocupantes S
Computador de bordo S
Conta-giros S
Controlador/limitador de velocidade S/ND
Controle de tração/estabilidade S/S
Controle elétrico dos vidros diant./tras. S/S
Controles de áudio no volante S
Direção assistida S
Encosto de cabeça, todos os ocupantes S
Faróis com lâmpadas de xenônio S
Faróis de neblina S
Faróis/limpador de para-brisa automático S/S
Freios antitravamento (ABS) S
Interface Bluetooth para telefone celular S
Limpador/lavador do vidro traseiro S
Luz traseira de neblina S
Navegador por GPS S
Rádio com toca-CDs/MP3 S/S
Repetidores laterais das luzes de direção S
Retrovisor interno fotocrômico S
Rodas de alumínio S
Sensores de estacionamento diant./tras. S/S
Teto solar/comando elétrico S/S
Travamento central das portas S
Convenções: S = de série; O = opcional; ND = não disponível; NA = não aplicável

 

Preços

Sem opcionais R$ 246.700
Como avaliado R$ 294.600
Completo R$ 294.600
Preços sugeridos vigentes em 17/10/13
Próxima parte

 

 

 
O sistema Drive Select configura acelerador, câmbio, amortecimento e direção entre os
modos Efficiency, Comfort e Dynamic, além dos programas automático e individual

 

A simulação de desempenho apontou vitalidade, como ao acelerar de 0 a 100 km/h em 8,4 segundos, mesmo com todo seu peso (saiba mais no quadro abaixo). Embora se possa desfrutar todo esse vigor nos modos Efficiency e Comfort do Drive Select, o programa Dynamic é o mais adequado, pois deixa o câmbio mais “esperto” mesmo ao rodar devagar, mantendo marchas mais baixas; reduz a assistência de direção para deixá-la firme em curvas de alta, com diferença bem perceptível na faixa de 100 km/h; e controla bem mais as oscilações da carroceria por meio dos amortecedores.

O câmbio segue os padrões da Audi no que toca ao modo manual, com mudanças por um canal lateral da alavanca (subindo para frente) ou pelos comandos junto ao volante (subindo pelo da direita), mudança automática para cima ao atingir a rotação máxima e reduções só quando se pisa além do batente próximo ao fim de curso do acelerador. Em modo automático, oferece os programas normal (D) e esportivo (S) e tem atuação irrepreensível, com destaque para as trocas rápidas, sem hesitações ou deslizamentos, lembrando a caixa S-Tronic de dupla embreagem da mesma marca. Chega a tornar supérfluo o modo manual, tamanha a precisão com que entende os desejos do motorista — é um daqueles casos em que se “troca de marcha com o pé”.

 

 

 
O Q5 não é um jipe, mas aceita algumas brincadeiras; a tração integral tem repartição
variável e há um modo Off-Road para os freios ABS e o controle de estabilidade

 

Todo o Q5 usa um conjunto mecânico moderno (saiba mais) e bem acertado que se traduz em comportamento sempre apropriado. A calibração da suspensão com controle eletrônico de amortecimento não poderia ser melhor: em modo Comfort o rodar é confortável, sem “flutuar”, e em Dynamic mantém as oscilações bem controladas sem deixar o carro muito duro (exceção para passagem por lombadas, algo que talvez os alemães não tivessem para testar…).

 

O câmbio chega a tornar supérfluo o modo manual, tamanha a precisão com que entende os desejos do motorista: troca-se de marcha “com o pé”

 

Atirado em curvas, o utilitário mostra seu parentesco aos esportivos da marca com a facilidade de controle mesmo em uso muito vigoroso. Os pneus Michelin Latitude Sport em medida 255/45 R 20 W, com desenho bem mais para asfalto que para fora de estrada, garantem elevada aderência e o subesterço no limite parece diminuir com o modo Dynamic acionado. A intervenção do controle eletrônico de estabilidade, bem dosada, surge apenas quando necessário. O baixo perfil dos pneus não chega a incomodar em piso irregular, embora uma medida mais conservadora fosse bem-vinda nessas horas — a básica na Alemanha é 235/65 R 17. O rodar é que poderia ser menos áspero em asfalto de baixa qualidade, tão comum por aqui.

A tração integral, sem qualquer ajuste ao motorista, tem atuação imperceptível quanto à repartição de torque entre os eixos. Mas o controle de estabilidade e tração conta com botão para acionar o modo Off-Road, ou fora de estrada, que reprograma a atuação desses dispositivos e do sistema antitravamento (ABS) dos freios tendo em vista a menor aderência desse tipo de terreno.

 

 
Utilitários esporte são ideais para o deslocamento seguro e com conforto até lugares
de acesso mais difícil, mas esse Audi se sai bem em muitas outras situações de uso

 

Os freios (que usam discos ventilados também na traseira) produzem desaceleração rápida, apesar de todo o peso, e a direção recebe assistência na medida certa conforme o modo escolhido no Drive Select. É um utilitário esporte com amplo vão livre do solo (20 centímetros), mas que transmite plena confiança quando se roda no ritmo das Autobahnen de sua terra natal. Confiança que se estende à dotação de segurança passiva, com bolsas infláveis frontais, laterais de tórax (dianteiras e traseiras) e cortinas, além de cintos de três pontos para todos e fixação em padrão Isofix para cadeiras infantis.

 

 

O que não agrada nesse Audi? Itens de fácil correção como a faixa degradê clara demais e quase inútil do para-brisa, o forro do teto solar que deixa passar muito dos raios solares e do calor do próprio vidro — quando os alemães perceberão que este é um país tropical? — e a falta de difusores de ar para o banco traseiro. Os retrovisores externos são imensos, muito maiores que o necessário diante do uso de lente biconvexa à esquerda, e acabam criando grandes pontos cegos atrás deles para quem gosta de dirigir sentado mais baixo. De resto, o preço justificaria outros recursos como um assistente de estacionamento.

Bons competidores não faltam ao Q5, como o BMW X3 XDrive 28i (2,0 litros, 245 cv, R$ 252 mil), o Volvo XC60 Top R-Design (3,0 litros, 304 cv, R$ 240 mil) e, com menor porte, o Range Rover Evoque Prestige com Tech Pack (2,0 litros, 240 cv, R$ 245 mil). Mas o renovado utilitário esporte da Audi reúne os atributos certos para defender a marca de Ingolstadt em um segmento de carros polivalentes, que servem para tudo e se tornaram sonhos de consumo para muitos.

 

Simulação de desempenho

Embora tenha ficado um pouco longe dos dados fornecidos pelo fabricante (que nos parecem um tanto otimistas quanto a aceleração e consumo), o Q5 impressionou bem na simulação elaborada pelo consultor Iran Cartaxo.

A velocidade máxima é atingida em sexta marcha com o motor dentro da ampla faixa de potência máxima. Em sétima ele não passa de 223 km/h e em oitava de 221, pois a menor rotação implica dificuldade em vencer a resistência do ar. Isso acontece tanto por serem marchas bastante longas (a oitava produz meras 1.850 rpm a 120 km/h) quanto pela aerodinâmica pouco favorável (note o elevado consumo de potência a 120 km/h). A título de curiosidade, para levar essa oitava até o giro máximo o Q5 precisaria superar 420 km/h… Cuide-se, Bugatti Veyron!

As acelerações obtidas na simulação indicam que o grande Audi pode arrancar junto de carros esportivos de certo calibre, enquanto as rápidas retomadas apontam sua grande capacidade de ultrapassagem, favorecida pelo alto torque disponível em uma faixa variada de rotações.

É claro que há um preço a pagar, na forma do alto consumo, pela combinação de peso, aerodinâmica e desempenho do Q5. Mas as marcas obtidas estão dentro do esperado e não devem representar peso ao bolso de quem compra um carro de seu valor. O grande tanque de 75 litros garante que as paradas para abastecimento, ainda que onerosas, ao menos não precisam ser frequentes.

 

Velocidade máxima 224,7 km/h
Regime à velocidade máxima / marcha* 5.200 rpm / 6ª.
Regime a 120 km/h (8ª.) 1.850 rpm
Potência consumida a 120 km/h 42 cv
Aceleração de 0 a 100 km/h 8,4 s
Aceleração de 0 a 400 m 16,1 s
Aceleração de 0 a 1.000 m 29,1 s
Retomada de 60 a 100 km/h em drive 5,0 s
Retomada de 80 a 120 km/h em drive 5,7 s
Consumo em ciclo urbano 4,8 km/l
Consumo em ciclo rodoviário 8,2 km/l
Autonomia em ciclo urbano 322 km
Autonomia em ciclo rodoviário 556 km
Conheça o simulador e os ciclos de consumo

 

Dados do fabricante

Velocidade máxima 234 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 5,9 s
Consumo em ciclo urbano 9,0 km/l
Consumo em ciclo rodoviário 14,5 km/l

 

Ficha técnica

Motor
Posição longitudinal
Cilindros 6 em V a 90º
Material do bloco/cabeçote alumínio
Comando de válvulas duplo nos cabeçotes
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo na admissão
Diâmetro e curso 84,5 x 89 mm
Cilindrada 2.995 cm³
Taxa de compressão 10,3:1
Alimentação injeção direta, compressor, resfriador de ar
Potência máxima 272 cv de 4.780 a 6.500 rpm
Torque máximo 40,8 m.kgf de 2.150 a 4.780 rpm
Potência específica 90,8 cv/l
Transmissão
Tipo de câmbio e marchas automático, 8
Relação e velocidade por 1.000 rpm
1ª. 4,71 / 9 km/h
2ª. 3,14 / 14 km/h
3ª. 2,11 / 21 km/h
4ª. 1,67 / 26 km/h
5ª. 1,28 / 34 km/h
6ª. 1,00 / 43 km/h
7ª. 0,84 / 52 km/h
8ª. 0,67 / 65 km/h
Relação de diferencial 3,20
Tração integral
Freios
Dianteiros a disco ventilado (ø ND)
Traseiros a disco ventilado (ø ND)
Antitravamento (ABS) sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira
Assistência elétrica
Diâmetro de giro 11,6 m
Suspensão
Dianteira independente, braços sobrepostos, mola helicoidal
Traseira independente, multibraço, mola helicoidal
Estabilizador(es) dianteiro e traseiro
Rodas
Dimensões 8 x 19 pol
Pneus 235/55 R 19*
Dimensões
Comprimento 4,629 m
Largura 1,898 m
Altura 1,655 m
Entre-eixos 2,807 m
Bitola dianteira 1,617 m
Bitola traseira 1,614 m
Coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,33
Capacidades e peso
Tanque de combustível 75 l
Compartimento de bagagem (normal/banco rebatido) 540 l / 1.560 l
Peso em ordem de marcha 1.840 kg
Relação peso-potência 6,8 kg/cv
Garantia
Prazo 2 anos sem limite de quilometragem
Carro avaliado
Ano-modelo 2013
Pneus Michelin Latitude Sport
Quilometragem inicial 9.000 km
Dados do fabricante; ND = não disponível; *255/45 R 20 no carro avaliado

 

 

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