Retoques visuais, mais equipamentos e valores salgados marcam a fase em que o Up quer subir de categoria
Texto: Fabrício Samahá – Avaliação: Sérgio Galvão – Fotos: divulgação
Mais que renovado, promovido. É com essa estratégia que a Volkswagen lança a linha 2018 do Up, primeira alteração de monta no pequeno hatch apresentado há três anos no Brasil. Se até então a marca alemã tinha nele seu modelo de entrada, agora esse papel volta ao Gol — cabe ao Up ser visto como compacto premium, com perdão pela expressão tão desgastada.
E o que mudou no Up 2018 para a nova tarefa? Um pouco por fora, um pouco por dentro, alguns acréscimos de equipamentos e o enxugamento de opções: encerram-se a carroceria de três portas, pela baixa demanda, e as versões High e Cross com motor aspirado (passam a vir sempre com o turbo TSI). Também se vão o Up Track, o Speed Up e o trio Black/Red/White Up, compensados pela estreia do pacote Up Connect (por que não Connect Up?). Veja no quadro abaixo como ficaram preços e conteúdos de cada um.
Entre as alterações visuais, que seguem as implementadas na Europa no ano passado, chamam atenção os para-choques mais volumosos, que deixaram o Up 84 mm mais longo (72 mm na frente e 12 mm atrás). Mudam também detalhes de faróis e lanternas traseiras. Para facilitar a produção, deixa de existir a diferença de para-choque dianteiro entre versões aspiradas e turbo — nestas o componente era 40 mm mais saliente. O TSI agora se distingue por friso duplo cromado e vermelho na grade, para-choque dianteiro com parte central preta e coluna central com logotipo TSI, além da tampa traseira sempre preta.
Mais de 100 cv e alto torque desde baixos regimes em um carro de menos de uma tonelada só poderia dar nisso: o TSI é um “hot hatch” do qual não se quer mais sair
Por dentro o Up recebeu novos volante, acabamento do painel, tecidos e quadro de instrumentos. O conta-giros aumentou, a iluminação adota leds e o mostrador digital passa a incluir informações de áudio e velocidade. Faróis de neblina que acendem um dos lados para acompanhar curvas, faróis e limpador de para-brisa automáticos e indicadores de porta aberta e de tempo de revisão são inéditos no modelo.
Deixa de existir o aparelho opcional Maps & More com navegador, computador de bordo e outras funções, que se aplicava sobre o painel e podia ser facilmente removido (ou furtado). O nome agora refere-se a um aplicativo para celular de sistemas Android e IOS, que permite a conectividade entre o telefone e o sistema de áudio opcional Composition Phone. Este é dotado de tela colorida de 5 pol e entradas auxiliar, SD e USB.
Para-choques aumentaram comprimento em 8 cm e são os mesmos para aspirado e turbo; pacote Connect (fotos) traz ar mais esportivo ao Move Up TSI
A exemplo do sistema Live On do Fiat Mobi, com o aplicativo, a tela do celular passa a ser a tela central de áudio. Podem-se usar programas como o navegador Waze e Spotify para músicas. No navegador do aplicativo os mapas são atualizados pela TomTom, ficam salvos no celular (não dependem de internet para o uso) e contam com informações contínuas de trânsito. Pode-se inserir um destino pela digitação ou por reconhecimento de escrita na tela do celular. O programa Think Blue Trainer analisa a forma de condução para incentivar a economia de combustível. O aplicativo traz ainda computador de bordo, conta-giros e mostrador da temperatura do motor.
Apesar dos acréscimos, a Volkswagen ficou devendo equipamentos como controle elétrico de vidros traseiros, função um-toque para os comandos (ao menos dos dianteiros), ajuste do volante também em distância e cintos dianteiros reguláveis em altura. E bem poderia estender às versões TSI uma opção de transmissão automatizada, pois a atual I-Motion limita-se ao motor aspirado. Afinal, apertar pedal de embreagem não é premium hoje…
A mecânica do Up 2018 nada traz de novo. Permanece o motor de 1,0 litro e três cilindros em duas versões: aspirada, com potência de 75/82 cv e torque de 9,7/10,4 m.kgf, e TSI turbo com injeção direta, 101/105 cv e 16,8 m.kgf (sempre na ordem gasolina/álcool). Mesmo assim, o Move Up TSI está mais econômico pelo padrão Inmetro: foi feita nova homologação com os pneus de 14 pol da versão, mais favoráveis ao consumo que os de 15 pol do High Up. A permissão do Inmetro para a alteração dependeu da participação do Move nas vendas das versões turbo.
Volante, áudio e instrumentos renovados; celular tem suporte e aplicativo para controlar áudio e navegador, o que substitui o antigo Maps & More
Ao volante do Up
Avaliamos o Move Up TSI com pacote Connect em trajeto de 32 km da Vila Olímpia, em São Paulo, SP, ao Kartódromo Aldeia da Serra. Em termos técnicos, ele só poderia ser igual aos anteriores. Agradam ao motorista a sensação de robustez ao rodar, a bem calibrada assistência elétrica de direção, o comando irrepreensível da transmissão manual. A suspensão, contudo, poderia ser mais macia em irregularidades.
O TSI foi mesmo feito para aficionados. Mais de 100 cv e alto torque desde baixos regimes em um carro de menos de uma tonelada só poderia dar nisso: um “hot hatch” do qual não se quer mais sair. A sensação de vivacidade é típica de um bom 1,8-litro, ao mesmo tempo em que o consumo em condução moderada fica próximo ao do Up aspirado. A única ressalva em desempenho, à qual se precisa acostumar, é não deixar a rotação cair a menos de 1.500 rpm: sair de lombadas em terceira marcha, por exemplo, faz o TSI demorar a reagir porque a transmissão é bem longa.
O interior de uma maneira geral ficou mais agradável, com bancos de boa ergonomia. A maior diferença está no painel: os instrumentos estão mais práticos de visualizar, e o indicador das trocas de marchas, mais fácil de entender. O Up, portanto, evoluiu em alguns aspectos e continua muito bom em outros, mas os novos preços parecem salgados demais.
Versões Cross (fotos) e High agora vêm apenas com motor turbo, mas caixa automatizada fica de fora; o High com opcionais passa de R$ 60 mil
O valor de entrada, na prática, é de R$ 43,2 mil para o Take Up com os opcionais ar-condicionado, controle elétrico de vidros e travas e direção assistida, itens que quase ninguém mais aceita deixar de fora de um novo carro. É mais caro que um Hyundai HB20 Comfort (R$ 42,5 mil) com conteúdo semelhante. Na outra ponta da linha, o High Up TSI por R$ 57,1 mil fica próximo a um Ford Fiesta SEL 1,6 (R$ 58,6 mil), maior, mais potente e com equipamentos adicionais. Com as opções de bancos de couro sintético e áudio, chega a R$ 60,7 mil: ao menos nos valores, o Up está realmente premium.
Mais Avaliações
Versões, preços e equipamentos
• Take Up aspirado (R$ 38 mil) – Banco do motorista com regulagem de altura, chave do tipo canivete, fixação Isofix para cadeira infantil, freios antitravamento (ABS) com distribuição eletrônica (EBD), lavador, limpador e desembaçador do vidro traseiro, rodas (de aço) de 14 pol. Ganhou iluminação no porta-malas, relógio digital e suporte para celular com tomada USB para recarga. Opcional: pacote Take Completo (ar-condicionado, controle elétrico de vidros dianteiros e travas, direção com assistência elétrica, volante com ajuste de altura).
• Move Up aspirado (R$ 48.290) e TSI (R$ 52.790) – Como no Take Up, mais os itens do pacote Take Completo, controle de tração (TSI) e sistema de áudio Composition. Ganhou computador de bordo, faróis de neblina, iluminação ambiente no painel (TSI), para-sol com espelho, retrovisores com luzes de direção, rodas de alumínio de 14 pol, sensor de estacionamento traseiro e volante de couro com comandos. Opcionais: áudio Composition Phone (TSI) e transmissão automatizada I-Motion (motor aspirado), com a qual o preço passa a R$ 50.668.
• Up Connect TSI (R$ 56.390) – Pacote opcional para o Move Up TSI com áudio Composition Phone, interior escurecido, rodas de 15 pol com face usinada e teto e retrovisores em preto (o preço mencionado inclui pintura especial, obrigatória nesse pacote).
• Cross Up TSI (R$ 55.600) – Como no Move Up, mais faróis de neblina com luz de curva e rodas de alumínio de 15 pol. Ganhou faróis e limpador de para-brisa automáticos e temporizador de faróis. Opcionais: áudio Composition Phone, revestimento dos bancos em couro sintético.
• High Up TSI (R$ 57.100) – Idem ao Cross Up, com diferenças estéticas. Mesmos opcionais.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 3 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 74,5 x 76,4 mm |
Cilindrada | 999 cm³ |
Taxa de compressão | 10,5:1 |
Alimentação | injeção direta, turbocompressor, resfriador de ar |
Potência máxima (gas./álc.) | 101/105 cv a 5.000 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 16,8 m.kgf a 1.500 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | manual, 5 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 5,5 x 15 pol |
Pneus | 185/60 R 15 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,645 m |
Largura | 1,645 m |
Altura | 1,504 m |
Entre-eixos | 2,421 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 50 l |
Compartimento de bagagem | 285 l |
Peso em ordem de marcha | 951 kg |
Desempenho e consumo (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | 182/184 km/h |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 9,3/9,1 s |
Consumo em cidade | 13,8/9,6 km/l |
Consumo em rodovia | 16,1/11,1 km/l |
Dados do fabricante para versão Move Up Connect TSI; consumo conforme padrões do Inmetro |