Versão “aventureira” parte de R$ 63.490 com forte conteúdo, oferece até 136 cv e opção de caixa automática
Texto: Felipe Barbalho e Fabrício Samahá – Fotos: divulgação
Depois da experiência com a versão Trail, lançada no ano passado e que ficou restrita ao mercado brasileiro, a Ford investe forte em um Ka com estilo “aventureiro” com o Freestyle. Dessa vez trata-se de projeto mundial já à venda na Índia, apenas como Freestyle, e apresentado no Salão de Genebra aos europeus, que o terão como Ka Active. No Brasil a pré-venda começa hoje (28) com entregas em fim de julho ou início de agosto.
O Ka Freestyle 2019 vem competir diretamente com Chevrolet Onix Activ, Hyundai HB20X e Renault Stepway, ex-Sandero (a Volkswagen deixou de fabricar o Crossfox, que ainda não tem sucessor), além de Chery Tiggo 2 e JAC T40, que são um pouco maiores. Ao lado das alterações em suspensão e visual, ele traz novidades como sistema de áudio Sync 3 com tela sensível ao toque, motor de 1,5 litro e três cilindros e opção de transmissão automática de seis marchas — a primeira vez que um Ka no Brasil dispensa o pedal de embreagem.
A nova versão será vendida em pacote fechado de equipamentos (conheça-os no quadro abaixo) aos preços sugeridos de R$ 63.490 com transmissão manual e R$ 68 mil com a automática. Ela traz vários itens de segurança ausentes do Onix Activ (R$ 63.890 com caixa manual, R$ 69.690 com automática) e do HB20X (R$ 63.100 a versão Style manual, R$ 67.600 a automática e R$ 71.700 a Premium automática), parte deles também não disponível no Stepway (R$ 59.050 o Expression manual, R$ 62.250 o Dynamique manual e R$ 65.700 o mesmo com caixa automatizada). Ainda, as três primeiras revisões têm custo zero.
O Freestyle traz elementos em “C” e apliques prateados nos para-choques; a altura de rodagem aumentou em 17 mm, mas os pneus são para asfalto
A única outra versão do Ka hatch 2019 que permanece é a S com motor de 1,0 litro, que agora custa R$ 45.490 (pouco mais que os R$ 44.780 do modelo 2018) e ganha ajuste de altura do banco do motorista, controle elétrico de vidros dianteiros, computador de bordo, iluminação do porta-luvas e alto-falantes.
Na parte externa do Freestyle, as novidades abrangem para-choques com inserções em “C” nas extremidades e aplique em cor prata na parte inferior, grade com o emblema do oval azul no centro (antes vinha acima, junto ao capô), molduras de plástico preto nos arcos dos para-lamas e soleiras, barras de teto, retrovisores com luzes de direção e rodas de alumínio de 15 pol com desenho próprio. Os pneus são 185/60 R 15 para asfalto, diferentes dos de uso misto que equipavam o extinto Ka Trail. O coeficiente aerodinâmico (Cx) 0,33 é pouco melhor que o do Ka básico (0,34), apesar da maior altura de rodagem, que sempre traz piora.
O interior ganhou a tela destacada de 6,5 pol para o sistema de áudio Sync 3, que inclui comandos por voz e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play, além de imagens da câmera traseira de manobras (inédita no Ka) e duas portas USB de carregamento rápido. Chama atenção o tom marrom do painel de instrumentos. Os bancos com novo padrão de tecido na parte central e couro no restante são confortáveis, assim como a posição ao dirigir. A Ford aplicou também bolsas infláveis laterais dianteiras e de cortina de série, pacote único na categoria.
O painel vem em marrom e recebe tela de 6,5 pol para o sistema de áudio Sync 3 e a inédita câmera traseira; os instrumentos continuam simples
O novo motor de 1,5 litro e três cilindros, que veio para substituir o Sigma de quatro cilindros e mesma cilindrada, será a única opção do Freestyle. Antes fabricado na Índia e importado para o Ecosport desde o ano passado, agora é produzido na fábrica de Taubaté, SP. Comparado ao antecessor, ele acrescenta refinamentos técnicos — como variação de tempo de abertura das 12 válvulas — e boa dose de potência e torque: passou de 105/110 cv para 128/136 cv e de 14,6/14,9 m.kgf para 15,6/16,1 m.kgf, sempre na ordem gasolina/álcool. Expressivos 85% do torque estão disponíveis logo a 1.500 rpm. As curvas que o comparam ao Sigma indicam ganhos importantes abaixo de 2.000 rpm, na região 3.000-3.500 rpm e acima de 5.500 rpm.
Nas curvas e em manobras rápidas, percebe-se a suspensão equilibrada e bem acertada; o controle de estabilidade entra apenas na hora em que se precisa
O Freestyle será oferecido com a inédita transmissão manual de cinco marchas MX65 (mais leve, com dupla sincronização nas três primeiras e marcha à ré sincronizada) ou com a automática 6F15 de seis marchas, produzida pela própria Ford e igual à do Ecosport. Esta permite mudanças manuais apenas por um botão no pomo da alavanca, como na automatizada de dupla embreagem do Fiesta ou do antigo Ecosport, pois não foram previstos comandos no volante.
Embora não informe a velocidade máxima, a Ford menciona os tempos de 10,4 segundos (manual) e 11,2 s (automático) para acelerar de 0 a 100 km/h com álcool. Assim, ele fica próximo ao Stepway (10,1 s o manual) e do HB20X (10,3 s o manual, 11,2 s o automático) e supera o Onix (11,5 e 12,8 s, na ordem). O Freestyle é também um dos mais econômicos da classe e, com caixa manual, consome menos que o 1,5 anterior.
Bancos combinam couro e tecido; atrás, cintos de três pontos e encostos de cabeça para três pessoas; porta-malas de 257 litros é dos menores da categoria
Para a suspensão a Ford aproveitou soluções desenvolvidas para o Trail, mas buscou um acerto voltado ao uso em asfalto, caso dos pneus Pirelli Cinturato P1 (no Trail eram do modelo Scorpion ATR de uso misto, que traz certo prejuízo ao consumo). Comparado ao Ka básico, o Freestyle ficou 17 mm mais alto em relação ao solo, com 188 mm de vão livre, e ganhou bitolas 30 mm mais largas, eixo traseiro 30% mais rígido e estabilizador dianteiro mais espesso (23 mm). Os amortecedores dianteiros recebem batente hidráulico, que evitam a pancada seca no fim de curso de distensão, como na queda das rodas ao transpor uma lombada pouco mais rápido.
O controle eletrônico de estabilidade e tração de série (o Trail não tinha) inclui a função Active Rollover Protection ou proteção ativa contra capotamento. Um sensor de ângulo de deriva estima a rolagem (inclinação) da carroceria, em função da aceleração lateral, o que pode levar a central eletrônica a atuar nos freios em separado ou reduzir a potência do motor. A carroceria ganhou reforços estruturais nas colunas, no teto e dentro das portas e uso de aços especiais, medida que responde ao mau resultado do Ka no teste de impacto lateral do Latin NCap. Houve evolução também no tratamento acústico da carroceria e adoção de para-brisa que isola ruídos.
O motor tem um coxim hidráulico, que filtra sobretudo as vibrações de seu movimento vertical, comum em terrenos irregulares. De acordo com a fábrica, o Freestyle transmite aos ocupantes um impacto 24% menor em lombadas e 33% em piso de paralelepípedos, se comparado ao Ka convencional, ao mesmo tempo em que a carroceria se inclina 5% menos. A assistência elétrica de direção foi recalibrada, tanto para esforço 8% menor em manobras quanto para melhor sensibilidade em curvas.
Motor de três cilindros produz até 136 cv e mais torque em todas as rotações (veja gráficos com álcool); caixa automática opera bem, mas trocas manuais são por botão
Ao volante do Ka Freestyle
O Best Cars esteve no campo de provas da Ford em Tatuí, SP, para avaliar o novo Ka em trechos de asfalto e terra. Na pista o motor revelou-se esperto, trazendo agilidade para atingir 180 km/h indicados no velocímetro sem dificuldade. Pela sensação, deve andar próximo ao HB20X e superar facilmente o Onix. A arrancada não deixa a desejar, pela combinação do bom torque em baixos regimes com o “salto” inicial promovido pela transmissão automática, que agrada pelas trocas de marcha suaves e precisas.
Nas curvas e em manobras rápidas, percebe-se a suspensão equilibrada e bem acertada. Apesar de ser mais alto que o Ka conhecido, ele se comporta muito bem, rola pouco e mostra atitude com pouco subesterço. O controle de estabilidade entra apenas na hora em que se precisa, tornando a tocada divertida. O nível de ruído foi nitidamente reduzido dentro da cabine comparado com o Ka atual: não há dificuldade em conversar mesmo em altas velocidades (140-160 km/h) e o motor transmite pouca vibração, ainda que em altas rotações.
As impressões com o Ka Freestyle foram muito positivas. A Ford demorou a oferecer caixa automática ao modelo, mas o fez associada a um novo e eficiente motor, uma suspensão com grande acerto e outras boas novidades, caso do sistema de áudio. Quem parece destinado a perder terreno é mesmo o Fiesta, mas para o fabricante o importante é manter o comprador em casa — e tirar alguns da concorrência.
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Preços e equipamentos
• Ka Freestyle (manual, R$ 63.490; automático, R$ 68 mil) – Ajuste de altura do banco do motorista e do volante, alarme volumétrico, ar-condicionado, assistência de emergência, assistente de saída em rampa, banco traseiro bipartido, bancos com couro e tecido, bolsas infláveis frontais, laterais dianteiras e de cortina; câmera traseira de manobras, sensor de estacionamento traseiro, computador de bordo, controle elétrico de vidros, travas e retrovisores; controle eletrônico de estabilidade e tração, direção com assistência elétrica, faróis de neblina, fixações Isofix para cadeira infantil, repetidores das luzes de direção nos retrovisores, rodas de alumínio de 15 pol e sistema de áudio com tela de 6,5 pol, compatível com Android Auto e Apple Car Play.
• Garantia: três anos com três primeiras revisões gratuitas.
Ficha técnica
Motor | |
Posição | transversal |
Cilindros | 3 em linha |
Comando de válvulas | duplo no cabeçote |
Válvulas por cilindro | 4, variação de tempo |
Diâmetro e curso | 84 x 90 mm |
Cilindrada | 1.497 cm³ |
Taxa de compressão | 12:1 |
Alimentação | injeção multiponto sequencial |
Potência máxima (gas./álc.) | 128/136 cv a 6.500 rpm |
Torque máximo (gas./álc.) | 15,6/16,1 m.kgf a 4.750 rpm |
Transmissão | |
Tipo de caixa e marchas | manual, 5 ou automática, 6 |
Tração | dianteira |
Freios | |
Dianteiros | a disco ventilado |
Traseiros | a tambor |
Antitravamento (ABS) | sim |
Direção | |
Sistema | pinhão e cremalheira |
Assistência | elétrica |
Suspensão | |
Dianteira | independente, McPherson, mola helicoidal |
Traseira | eixo de torção, mola helicoidal |
Rodas | |
Dimensões | 6 x 15 pol |
Pneus | 185/60 R 15 |
Dimensões | |
Comprimento | 3,954 m |
Largura | 1,695 m |
Altura | 1,57 m |
Entre-eixos | 2,49 m |
Capacidades e peso | |
Tanque de combustível | 52 l |
Compartimento de bagagem | 257 l |
Peso em ordem de marcha | 1.086 kg (man.), 1.135 kg (aut.) |
Desempenho e consumo com caixa manual (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND/10,4 s |
Consumo em cidade | 11,9/8,4 km/l |
Consumo em rodovia | 14,4/9,9 km/l |
Desempenho e consumo com caixa automática (gas./álc.) | |
Velocidade máxima | ND |
Aceleração de 0 a 100 km/h | ND/11,2 s |
Consumo em cidade | 11,1/7,4 km/l |
Consumo em rodovia | 13,2/9,4 km/l |
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro; ND = não disponível |