Desafio: como o VW Nivus se sai diante do Nissan Kicks

Motor e desempenho
Os motores diferem em concepção: três cilindros, 1,0 litro de cilindrada, turbocompressor e injeção direta no Nivus, quatro cilindros, 1,6 litro, aspiração natural e injeção indireta no Kicks. A receita da Volkswagen obtém torque muito superior (20,4 m.kgf ante 15,5 m.kgf), mas quase a mesma potência com gasolina (116 cv contra 114 cv), subindo para 128 cv com álcool.

Com pesos parecidos — 67 kg a menos no Kicks —, o Nivus vence facilmente em respostas em baixas e médias rotações. A transmissão com conversor de torque (que o oponente também tem) compensa o retardo de ação do turbo, que é bem notado quando se usa caixa manual com esse motor, como no extinto Golf. O resultado é um carro ágil, alegre, que aparenta ser bem mais potente que o rival. Em rodovia à faixa de 120 km/h, enquanto o Nissan precisa elevar a rotação de 2.000 para até 3.500 rpm em subidas, o Volkswagen segue sussurrando a 2.200 rpm e lhe basta alguma pressão de turbo para manter o ritmo.

Nas provas de aceleração as coisas se equilibram mais: de 0 a 100 km/h em 10,6 segundos no Nivus e 11,2 s no Kicks (lembre-se, motores turbo são favorecidos em certa altitude, caso de nossa pista 600 metros acima do nível do mar). Em retomada o Volkswagen fica mais à frente, como 60 a 120 em 10,3 s contra 12,4 s. Por usar transmissão de variação contínua (CVT), o Nissan seria beneficiado se acelerasse a pleno com rotação constante, como o Honda HR-V ou o Ford Territory, mas a fábrica preferiu a simulação de seis marchas para um som mais agradável do motor. A atuação típica de CVT só acontece sob aceleração moderada.

Ruído agradável, aliás, é algo que falta a ambos. No Nivus, embora as vibrações do três-cilindros em alta rotação mal se notem ao interior, o motor emite um barulho ao acelerar a fundo que não combina com o padrão do carro.

O Nivus vence facilmente em respostas em baixas e médias rotações: é um carro ágil, alegre, que aparenta ser bem mais potente que o Kicks

As duas transmissões bem calibradas oferecem programa esportivo, que mantém rotações mais altas e gera mais freio-motor. A do Volkswagen permite mudanças manuais via alavanca ou comandos no volante, mas continua com força de tração excessiva com o carro parado (atenuada enquanto se usa o pedal de freio porque a caixa passa internamente a ponto-morto). O Kicks tem a posição L (low, baixa), voltada a descidas de serra, mas inadequada para acelerar: a rotação não sobe tanto e o desempenho é prejudicado.

Consumo
Turbo e injeção direta garantem mais economia? Nem sempre. O Kicks consumiu menos nos três percursos de medição, com vantagem mais acentuada em rodovia (13,9 km/l de gasolina), onde o Nivus decepcionou com meros 12,2 km/l. O tanque de combustível pequeno do Kicks limita bastante a autonomia ao usar álcool.

Comportamento dinâmico
A estabilidade do Nivus é um convite a fazer curvas: neutro, muito preciso e controlado, mostra que a maior altura de rodagem pouco o prejudicou em relação ao Polo. Pode-se fazer a traseira sair de leve, o que ajuda na inserção em curvas, e a calibração do controle eletrônico de estabilidade foi acertada para só intervir quando realmente necessário. Embora não tão brilhante, o Kicks também consegue bons resultados.

Comparado ao Polo, o novo Volkswagen nos pareceu transmitir mais as irregularidades rápidas, como em rodovias, além de ser mais firme de suspensão traseira (já os amortecedores dianteiros, fracos em compressão, afundam mais que o desejável em lombadas e chegam facilmente aos batentes). Mesmo assim ele vence por boa margem o Nissan, que absorve mal os pequenos impactos e precisa de uma revisão de buchas e coxins, que a fábrica já teve tempo para fazer. Em movimentos maiores os dois agem de forma acertada e confortável.

Ambos estão bem servidos de freios, com discos na traseira apenas no Nivus, e de direção, embora a do Kicks devesse promover maior realinhamento à posição central após ser esterçada.

Segurança passiva
Os dois carros equivalem-se na proteção dos ocupantes, com bolsas infláveis laterais dianteiras e de cortina, além dos itens hoje obrigatórios, como fixação Isofix para cadeiras infantis, cintos de três pontos e encostos de cabeça para todos.

Custo-benefício
Os carros testados estavam em sua configuração mais completa: o Nivus com o pacote de lançamento Launching Edition, apenas decorativo, e o Kicks com o opcional Tech. Assim equipados, o Nissan custava quase R$ 13 mil (ou 13%) a mais.

O que ele oferece por essa diferença? Apenas algumas conveniências, enquanto o Volkswagen traz várias outras, com destaque para o controlador de distância à frente. O Kicks tem mais espaço e menor consumo; o Nivus, melhor desempenho, painel superior e rodar mais confortável. Diante de sua vantagem expressiva de preço, o lançamento da Volkswagen mostra uma relação custo-benefício superior e sai vitorioso de seu primeiro Desafio.

Mais Avaliações

Nossas notas

  Kicks Nivus
Estilo 3 4
Acabamento e conveniência 4 4
Posto do motorista 4 5
Espaço interno 4 3
Porta-malas 4 4
Motor e desempenho 3 4
Consumo 4 3
Comportamento dinâmico 4 5
Segurança passiva 5 5
Custo-benefício 3 4
Média 3,8 4,1
Posição 2°. 1°.
As notas vão de 1 a 5, sendo 5 a melhor; conheça nossa metodologia

Desempenho e consumo

  Kicks Nivus
Aceleração
0 a 100 km/h 11,2 s 10,6 s
0 a 120 km/h 16,4 s 14,7 s
0 a 400 m 18,0 s 17,5 s
Retomada
60 a 100 km/h* 7,4 s 6,1 s
60 a 120 km/h* 12,4 s 10,3 s
80 a 120 km/h* 9,8 s 7,6 s
Consumo
Trajeto leve em cidade 14,6 km/l 14,0 km/l
Trajeto exigente em cidade 7,8 km/l 7,1 km/l
Trajeto em rodovia 13,9 km/l 12,2 km/l
Testes com gasolina; *com reduções automáticas; melhores resultados em negrito; conheça nossos métodos de medição

Ficha técnica

  Kicks Nivus
Motor
Posição transversal transversal
Cilindros 4 em linha 3 em linha
Comando de válvulas duplo no cabeçote duplo no cabeçote
Válvulas por cilindro 4, variação de tempo 4, variação de tempo
Diâmetro e curso 78 x 83,6 mm 74,5 x 76,4 mm
Cilindrada 1.598 cm³ 999 cm³
Taxa de compressão 10,7:1 10,5:1
Alimentação injeção multiponto sequencial injeção direta, turbo e resfriador de ar
Potência máxima (gas./álc.) 114 cv a 5.600 rpm 116/128 cv a 5.500 rpm
Torque máximo (gas./álc.) 15,5 m.kgf a 4.000 rpm 20,4 m.kgf de 2.000 a 3.500 rpm
Transmissão
Tipo de caixa automática de variação contínua, simulação de 6 marchas automática, 6 marchas
Tração dianteira dianteira
Freios
Dianteiros a disco ventilado a disco ventilado
Traseiros a tambor a disco
Antitravamento (ABS) sim sim
Direção
Sistema pinhão e cremalheira pinhão e cremalheira
Assistência elétrica elétrica
Suspensão
Dianteira independente, McPherson, mola helicoidal independente, McPherson, mola helicoidal
Traseira eixo de torção, mola helicoidal eixo de torção, mola helicoidal
Rodas
Dimensões 17 pol 6,5 x 17 pol
Pneus 205/55 R 17 205/55 R 17
Dimensões
Comprimento 4,295 m 4,266 m
Largura 1,76 m 1,757 m
Altura 1,59 m 1,493 m
Entre-eixos 2,61 m 2,566 m
Capacidades e peso
Tanque de combustível 41 l 52 l
Compartimento de bagagem 432 l 415 l
Peso em ordem de marcha 1.132 kg 1.199 kg
Desempenho e consumo (gas./álc.)
Velocidade máxima 175 km/h ND/189 km/h
Aceleração de 0 a 100 km/h 12,0 s ND/10,0 s
Consumo em cidade 11,4/8,1 km/l 10,7/7,7 km/l
Consumo em rodovia 13,7/9,6 km/l 13,2/9,4 km/l
Dados do fabricante; consumo conforme padrões do Inmetro

Páginas: 1 2

Marcado: