Desafio: Ecosport e HR-V fazem oposição a VW T-Cross

Novo SUV da Volkswagen, em versão Comfortline, enfrenta um competidor renovado e um vencedor de comparativo

Texto e fotos: Fabrício Samahá

 

Mal publicamos o comparativo de quatro utilitários esporte compactos, em fevereiro, e a categoria já conta com um novo e importante competidor: o Volkswagen T-Cross, que vem pôr fim à longa espera por um SUV da marca nesse segmento. Para saber o que ele representa de fato diante dos adversários, o Best Cars colocou a versão Comfortline 200 TSI em Desafio ao Honda HR-V EXL, vencedor daquele confronto. Também está aqui o Ford Ecosport Titanium Plus, que passou por mudanças na linha 2020 e não estava disponível naquela ocasião.

Estilo
É raro um Volkswagen cativar pelo desenho, e com o T-Cross não foi diferente. Suas formas simples agradam e o formato transmite solidez, mas longe de despertar paixões. O HR-V vai por outro caminho, com vincos e arestas que sugerem arrojo e esportividade, só que cansam mais rápido. No Ecosport a eliminação do estepe externo, seguindo a tendência atual, deixou a traseira mais limpa. Embora dentro do contexto e atualizado com a nova frente, ele revela a idade mais avançada e tem as proporções menos atraentes, com menor comprimento e maior altura.

 

Linhas simples no Volkswagen e mais rebuscadas no Honda; o Ford perdeu o estepe na traseira e não esconde a idade, mas os três agradam

 

Acabamento e conveniência
Na versão avaliada o T-Cross convence pelo aspecto interno, com apliques em marrom brilhante que combinam com as seções de mesmo tom no revestimento sintético dos bancos, mas a aparência dos demais plásticos é bem simples — como nas portas do Ecosport, que no restante é superior e se equivale ao HR-V. Os bancos do Titanium vêm em tom marfim, agradável e mais apropriado ao clima quente, embora propenso a manchas.

 

 

As centrais de áudio têm amplas telas (8 polegadas em Ford e Volkswagen, 7 no Honda), navegador integrado e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play. A do Titanium mostra a melhor qualidade de áudio; o T-Cross vem com toca-CDs e entrada para cartão SD. Conveniências restritas ao T-Cross são banco do passageiro dianteiro rebatível, luzes de leitura traseiras (nos outros há apenas luz central), porta-luvas refrigerado e sensores de estacionamento também na frente (só atrás no Ecosport, nenhum no HR-V). O HR-V tem alças de teto, freio de estacionamento elétrico com retenção automática, para-brisa degradê e arranjos exclusivos de bancos, caso do rebatimento do assento traseiro junto ao encosto para se levar um objeto alto no assoalho. A favor do Eco estão alerta para veículo em ponto cego, limitador de velocidade, limpador de para-brisa automático, retrovisor interno fotocrômico e teto solar com controle elétrico.

 

Boa posição para dirigir e instrumentos bem legíveis nos três, mas HR-V tem menos informações no computador; colunas prejudicam mais a visão no Ecosport

 

Ford e Volkswagen trazem ainda alarme volumétrico, alerta de qual porta está aberta (no Honda, só aviso geral), chave presencial para acesso e partida e monitor de pressão nos pneus, com indicação individual no Eco. Todos têm apoio de braço central na frente, ar-condicionado automático, câmera traseira de manobras, controle elétrico de vidros um-toque com comando a distância para abrir e fechar, faróis automáticos, para-sóis com espelho iluminado e partida a frio sem uso de gasolina.

 

O amplo interior é uma grata surpresa no T-Cross, bastante espaçoso para pernas no banco traseiro, mas a maior capacidade de bagagem é do HR-V

 

Posto do motorista
O T-Cross foi bem resolvido em posição de dirigir, com banco amplo (o apoio de coxas é dos melhores) e bem desenhado, assim como volante e pedais, mas os adversários não ficam atrás. Os instrumentos do Ford e do Volkswagen são melhores, com repetidor digital do velocímetro e computador de bordo com mais funções e trajetos de medição (três no T-Cross, dois no Eco). Ao perder na linha 2020 os faróis de xenônio, o Titanium igualou-se aos demais: todos têm duplo refletor, leds para luz diurna e faróis de neblina — nenhum vem com luz traseira de nevoeiro, algo tão frequente nos Volkswagens. Em visibilidade, as colunas dianteiras atrapalham muito no Ecosport e menos nos outros, mas as traseiras são sempre largas.

 

Revestimento em tom claro no Ecosport e seções em marrom no T-Cross; mais espaço atrás no Honda e no Volkswagen; boas centrais de áudio com navegador e integração a celular

 

Espaço interno
O amplo interior é uma grata surpresa no novo Volkswagen: ao manter o longo entre-eixos do Virtus e ganhar em altura útil, ficou bastante espaçoso para pernas no banco traseiro, como o Honda, deixando o Ford em clara desvantagem. Os três são bons em espaço vertical e limitados para três adultos na traseira.

Porta-malas
A maior capacidade de bagagem é do HR-V: 431 litros ante 373 do T-Cross (pode chegar a 420 com o encosto traseiro mais vertical, o que não consideramos) e apenas 356 do Ecosport. Em todos o banco traseiro é bipartido 60:40, mas não o assento do Volkswagen. O Ford não tem mais estepe: seus pneus podem rodar mesmo furados (até 80 km à velocidade de 80 km/h) e, em caso de dano maior, o uso de selante de furos e compressor permite seguir viagem por até 200 km, solução muito conveniente. O estepe do HR-V é temporário (fino) e o T-Cross usa um de 15 pol, diferente dos outros pneus. Incômoda no Ford é a tampa traseira aberta para o lado.

 

Teto solar e reparo de pneus (que podem rodar vazios) no Ecosport; freio de mão elétrico no HR-V; seletor de modos, difusor de ar traseiro e porta-luvas refrigerado no T-Cross; chave presencial no Ford e no VW; faróis e ar-condicionado automáticos nos três

 

Próxima parte

 

 

 

Próxima parte

 

Motor turbo com injeção direta compensa pequena cilindrada no T-Cross: apesar de menos potente, oferece o maior torque e garantiu acelerações mais rápidas

 

Motor e desempenho
O T-Cross nasce apenas com motores turbo com injeção direta. As versões 200 TSI usam o de 1,0 litro e três cilindros, menos potente que os de Ecosport (1,5 litro, três cilindros) e HR-V (1,8 litro, quatro cilindros), mas dono no maior torque no grupo — veja dados na ficha técnica abaixo. Sua vivacidade agrada muito, sendo raro notar algum retardo de ação de turbo, e o nível de ruído é bastante baixo como no Ford — o do Honda se torna ruidoso e algo áspero em alta rotação. O motor Volkswagen produz a típica “oscilação” em altos giros, e o Ford, na faixa média ao acelerar forte.

 

 

O abandono do motor de 2,0 litros pelo Titanium fez cair bastante o desempenho, que ficou claramente para trás dos demais. O T-Cross vence em aceleração e o HR-V em retomada, mas bem próximos entre si. Ford e Volkswagen usam transmissão automática de seis marchas, e o Honda, uma de variação contínua (CVT) que simula sete marchas em operação manual. Todos têm programa esportivo (o Volkswagen oferece também o Eco, mais eficiente) e comandos de mudanças no volante. Nos dois primeiros a força de tração em marcha-lenta (o carro tenta andar enquanto freado) é exagerada, mas o T-Cross passa a ponto-morto nas paradas, o que atenua o incômodo.

 

Caixa automática de seis marchas no Ford e no VW e CVT com sete marchas virtuais no Honda; o T-Cross tem rodar mais confortável e os três são bastante estáveis

 

Consumo
A caixa CVT favorece a economia do HR-V, por boa margem o melhor nos dois trajetos urbanos, com os outros equilibrados. Em rodovia o T-Cross passou à frente e o Ecosport ficou bem para trás. Nas várias subidas do trajeto rodoviário apenas o Volkswagen manteve a rotação do motor estável, o que pode ter ajudado.

 

O abandono do motor de 2,0 litros pelo Titanium fez cair bastante o desempenho; o T-Cross vence em aceleração e o HR-V em retomada, bem próximos entre si

 

Comportamento dinâmico
A estabilidade dos três é muito boa. HR-V e Ecosport parecem bons hatches em traje de SUV, com respostas precisas e pouco movimento em curvas, enquanto o T-Cross é mais “solto” de amortecedores, mas sem grande perda. Em comum nos três, os pneus obtêm grande aderência e há controle eletrônico de estabilidade e tração. O Volkswagen sobressai pelo conforto de rodagem dos melhores da classe, com ótima absorção de asperezas e irregularidades de todo tipo — os rivais são mais firmes, embora não incomodem. Só em algumas lombadas o T-Cross desagrada, pois a frente comprime-se toda e chega aos batentes. No Ford nota-se que o conforto é o mesmo de antes, sem prejuízo pelo novo tipo de pneus. Todos têm direção com peso bem acertado e freios eficazes, com vantagem a Honda e Volkswagen pelos discos na traseira.

 

Vantagem do Ecosport em faróis perdeu-se na linha 2020; porta-malas do HR-V é o maior, embora T-Cross tenha ajuste do encosto traseiro; no Ford a porta abre para o lado

 

Segurança passiva
Os ocupantes estão bem protegidos em todos, com bolsas infláveis laterais dianteiras e de cortina, cintos de três pontos e encostos de cabeça para cinco pessoas e fixação Isofix para cadeira infantil. O Ecosport acrescenta a bolsa de joelhos do motorista.

 

 

Custo-benefício
Embora com menor preço básico, o T-Cross precisa de opcionais para se aproximar dos outros em conteúdo. O avaliado tinha dois pacotes e custava quase R$ 106 mil, mais caro que o Ecosport em R$ 5 mil, mas menos que o HR-V em R$ 6 mil. O Ford tem mais equipamentos, mas perde em espaço interno, estilo e desempenho. O Honda, que sobressai em porta-malas e economia, não justifica seu preço em relação ao conteúdo. Com bom equilíbrio geral, motor bem disposto, amplo espaço e o rodar mais confortável, o novo Volkswagen sai em vantagem nas notas e se destaca em relação custo-benefício.

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