Mais curvo no C4 Cactus, mais reto no Creta, mais esportivo no HR-V, mais ao fora de estrada no Renegade: cada um tem seu padrão de desenho
Concepção e estilo
HR-V e Renegade são produtos mundiais de seus fabricantes, presentes em mercados variados como Europa e Estados Unidos — o primeiro também no Japão, onde se chama Vezel. O Honda foi apresentado em 2013 e o Jeep um ano depois, chegando ao Brasil no mesmo 2015. O Creta nasceu em 2014 como produto restrito a mercados emergentes, como China, Índia, Rússia e, claro, o nosso, no qual estreou em 2016 — países avançados recebem o Kona no mesmo segmento. O C4 Cactus foi o que mais tempo levou para vir ao Brasil: cinco anos desde o lançamento europeu, em 2013, tendo chegado aqui já remodelado.
Os estilos seguem objetivos diferentes. O Renegade busca se aproximar dos antigos Jeeps e do atual Wrangler, seja nas linhas mais retas, seja em detalhes como os faróis circulares e as lanternas traseiras, cujo “X” remete ao dos galões suplementares de combustível usados pelo Jeep militar. O Creta é também retilíneo, mas sem ar fora de estrada ou inspiração no passado. O HR-V, cheio de quinas e vincos, e o C4 Cactus, suave em suas curvas, parecem hatchbacks sobre grandes pneus. A nosso ver os quatro mostram bons trabalhos de desenho, mas o Honda tende a envelhecer mais rápido e o Hyundai parece ter nascido mais antigo que os outros.
Molduras laterais, maçanetas embutidas e um “X” nas lanternas mostram certa criatividade; o Creta Sport ganhou um defletor traseiro incomum no segmento
O Renegade é o único a ter revelado o coeficiente aerodinâmico (Cx), apenas razoável, 0,36. Pelas formas e o perfil da carroceria, supomos que HR-V e C4 Cactus sejam os mais eficientes nesse quesito. Os vãos entre painéis de carroceria de Honda e Hyundai agradam mais, sendo estreitos e regulares; os do Citroën revelam mais irregularidades.
Conforto e conveniência
Os interiores são equivalentes na qualidade de materiais, com plásticos em geral rígidos, mas de bom aspecto. O Creta Sport usa revestimento de bancos em tecido com couro apenas nas laterais, enquanto os outros três usam couro em geral.
O motorista fica bem acomodado nos quatro, que oferecem regulagem de altura e distância do volante e boa posição relativa entre ele, o banco e os pedais. Não que sejam parecidos: alto, o Renegade deixa os joelhos mais flexionados e tem os pedais acionados quase para baixo — o oposto do Citroën, com posição mais para hatch que para SUV, cabine mais baixa e assoalho alto. O apoio lombar do encosto, bastante pronunciado no HR-V, poderia ser maior nos demais.
Os acabamentos se equivalem, embora o Creta Sport use tecido na parte central dos bancos; o C4 Cactus repete o tema externo de linhas retas e cantos arredondados
O quadro de instrumentos do Jeep é o que traz mais informações, como tensão da bateria e temperaturas de óleo do motor e da transmissão. O quadro digital do Citroën, simples em sua tela monocromática, cumpre bem a função e tem a vantagem do velocímetro digital (também disponível no Jeep e no Hyundai, mas menor). Contudo, tende a refletir os raios solares que incidem sobre a coluna de direção. O Honda é o mais modesto. Os computadores de bordo oferecem duas medições, mas falta a do consumo no Creta — em geral o item mais desejado para se medir em dois trajetos — e o do C4 Cactus mostra a segunda apenas na tela de áudio.
Os quatro estão muito bem quanto a centrais de áudio e conectividade, com grandes telas sensíveis ao toque e integração a celular por Android Auto e Car Play
Com o crescente interesse por centrais de áudio e conectividade, os quatro estão muito bem nesse quesito. Oferecem grandes telas sensíveis ao toque (8,4 polegadas no Jeep, 7 nos demais), tomadas USB (duas no Renegade) e integração a celular por Android Auto e Apple Car Play, novidade no Jeep para 2019. O HR-V traz navegador integrado (nos demais deve ser usado aplicativo de celular) e entrada HDMI para dispositivos de mídia, mas as conexões abaixo do console são pouco práticas, e a qualidade de áudio, a menor do grupo, sobretudo pela distorção de graves. O Creta vem com televisão digital, cuja imagem cessa quando o carro roda, como requer a legislação. Muito bom no C4 Cactus o comando List no volante, que permite navegar por faixas e pastas sem tirar as mãos dali.
A Citroën integrou à central os principais comandos de ventilação e ar-condicionado, boa ideia do ponto de vista estético (menos botões), mas infeliz quanto à operação: é preciso sair da tela de áudio, navegador ou outra para operá-los e, se estiver em marcha à ré, nada se pode fazer pois a câmera bloqueia a tela. Nem o comando de recirculação de ar tem acesso direto, o que pode significar admitir fumaça de um caminhão até acioná-lo (seria essencial um botão para ele, como no Peugeot 3008/5008). Além disso, a exemplo do painel de toque do HR-V, falta confirmação tátil: nada melhor que botões físicos enquanto se dirige. Embora o ar do Renegade seja ajustado por botões, o resultado também aparece na tela, que demora a exibi-lo assim que se liga o motor.
Boa posição ao volante nos quatro, mas com perfis diferentes; no banco traseiro, o espaço do HR-V para pernas e o do Creta em largura e altura agradam mais
Os quatro carros estão equipados com alerta para uso do cinto, ar-condicionado automático, câmera traseira de manobras, controlador de velocidade, controle elétrico de vidros com função um-toque para todos e comando a distância para abrir e fechar, indicador de temperatura externa e volante revestido de couro.
Detalhes exclusivos do C4 Cactus são alerta para saída de faixa da via (sem intervir na direção), chave presencial para acesso e partida (Renegade e Creta só a oferecem em versões superiores), comutador de farol apenas de puxar (mais prático no uso frequente do que o puxa-empurra), limpador de para-brisa automático, monitor de atenção do motorista (compara seu modo de dirigir a um período anterior, alertando se detectar menos atitudes ao volante), monitor de distância à frente com alerta e frenagem automática (para evitar colisão ou reduzir seu efeito) e retrovisor interno fotocrômico.
Próxima parte